Por que prédio incendiado na 25 de março será demolido?

Processo deverá ocorrer aos poucos e não poderá ser feito por meio de implosão

Recursos como regiões compartimentadas, portas corta-fogo, materiais com baixa propagação de chamas e chuveiros tipo sprinkler ajudam a conter incêndios.
Crédito: Youtube

Em julho de 2022, um edifício na Rua Barão de Duprat, na região da Rua 25 de Março, passou por um grave incêndio. O incidente começou em um domingo (10) e só foi extinto na quinta-feira, dia 14. No total, foram mais de 70 horas para conseguir apagá-lo. O fogo iniciou no térreo de um prédio de dez andares e, posteriormente, se espalhou para outros imóveis na região, atingindo também duas lojas e parte do prédio da Paróquia Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora

De acordo com o Instituto Sprinkler Brasil, em 2021, foram contabilizadas 2.301 ocorrências de incêndios estruturais de janeiro a dezembro, noticiadas pela imprensa. A categoria que gerou o maior número de notícias na imprensa foram os estabelecimentos comerciais (lojas, shopping centers e supermercados), com 418 registros, seguida por outros (376). Além disso, o aumento de ocorrências noticiadas pela imprensa foi de 85% em relação ao ano de 2020.

Ainda, dados estatísticos do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo mostram que até junho de 2022, já foram registrados 1.876 incêndios em edificações não sujeitas ao Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) e áreas de risco. Em edificações sujeitas ao RSCI, esse número foi de 1.026.

Contenção de incêndios

Embora este edifício seja antigo, hoje, por outro lado, já há tecnologias que permitem a contenção de incêndios. “É o caso, por exemplo, das regiões compartimentadas, portas corta-fogo, materiais com baixa propagação de chamas e também o combate imediato a princípios de incêndio, tais como os chuveiros tipo sprinkler e distribuição de espuma antichamas”, explica o engenheiro Luis Otavio Rosa, membro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP).

Além disso, segundo Rosa, a engenharia tem tecnologia para construir edifícios que resistam aos tipos de incêndio mais frequentes, aumentando a espessura dos materiais ou incorporando itens com maior resistência ao fogo, que tornam os custos da construção mais elevados. 

Por que fazer a demolição?

Logo após o incêndio, em meados de julho, a Prefeitura de São Paulo fez uma proposta de demolição, que foi aceita pelo Edifício Comércio e Indústria. Ainda, a Prefeitura apontou que há risco de desabamento, apesar de não haver mais probabilidade de ruptura.

De acordo com Rosa, esta é a opção mais viável, uma vez que as altas temperaturas durante o incêndio causaram danos na parte estrutural (vigas, pilares e lajes) feitas de aço e concreto. “Estes danos diminuíram a resistência desses materiais. Assim, para recuperar a resistência suficiente para garantir a estabilidade do edifício seriam necessários reforços estruturais de custo elevado. Neste caso, a demolição foi a opção mais viável para evitar a ruína ou colapso descontrolado do edifício, que poderia causar danos aos imóveis vizinhos e às pessoas próximas”, aponta Rosa.

Além disso, a implosão, neste caso, não é viável. “A demolição deste edifício está sendo feita de cima para baixo, demolindo parede por parede, um andar de cada vez, com acesso externo para evitar sobrecarregar a estrutura já danificada e garantir segurança para os trabalhadores. Quando vários andares da parte superior já tiverem sido demolidos, haverá um alívio da carga sobre a estrutura e então a demolição poderá ser feita com acesso interno, depois de avaliação técnica para garantir a segurança”, conclui Rosa. 

Fonte
Luis Otavio Rosa é engenheiro membro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP).

Contato
secretaria@ibape-sp.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP



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