Como diminuir o impacto de chuvas e tempestades na construção civil
Engenheiro civil David Fratel, do SindusCon-SP, fala sobre medidas preventivas e auxílio da tecnologia
Uma chuva intensa de 10 minutos pode causar transtornos que levam meses para serem corrigidos durante a realização de uma obra. É o que afirma o engenheiro civil David Fratel, diretor-executivo da Kallas Engenharia e coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
“A decisão de adiar ou ajustar o início de obras durante o período de chuvas está enraizada na análise criteriosa desses padrões climáticos, visando assegurar a eficiência, qualidade e segurança das construções, minimizando os riscos associados às condições meteorológicas desfavoráveis, que estão intimamente ligadas à fase da obra e às consequências que o alto volume de chuvas poderá causar”, diz Fratel, que também é coordenador e professor dos cursos de pós-graduação do Instituto Mauá de Tecnologia.
O engenheiro destaca que a análise histórica dos padrões pluviométricos, como a feita pelo Climatempo, revela um período mais acentuado de chuvas entre outubro e março, ao longo de mais de 30 anos de registros, e que, nesses meses, as construtoras adotam precauções para minimizar os impactos. “Por exemplo, evitam-se serviços que envolvam movimentação de terra, escavações profundas ou a construção de fundações, já que essas etapas são mais sensíveis e podem ser comprometidas pelo excesso de água. Além disso, medidas preventivas como a implementação de sistemas provisórios de drenagem, a proteção de áreas de trabalho contra erosões e a utilização de materiais e técnicas construtivas mais resistentes às intempéries são comuns nesse período.”
Já em relação à tecnologia, Fratel conta que ela tem desempenhado um papel fundamental na gestão de riscos e na otimização do desenvolvimento de obras, oferecendo soluções inovadoras que ajudam a lidar com os desafios impostos pelas condições climáticas e a aprimorar o processo construtivo. Além de contribuir para a previsão e o monitoramento climático avançado, com dados em tempo real, existem softwares de simulação e modelagem que conseguem prever os impactos das chuvas e das tempestades nas obras, tornando possível realizar ajustes nos projetos para torná-los mais resilientes.
Ferramentas como a impressão 3D, a pré-fabricação e os métodos construtivos modulares também podem reduzir o tempo de construção e minimizar a exposição aos elementos climáticos, ressaltando a importância da industrialização para o setor. Ainda segundo o profissional, plataformas de gerenciamento online de projetos, inspeções virtuais de canteiros de obras e sistemas de drenagem inteligente, que reduzem o impacto das chuvas nas obras, também são elementos fundamentais para a realização de um projeto. “Essas tecnologias não apenas ajudam a mitigar riscos decorrentes das condições climáticas, mas também abrem caminho para novas abordagens na construção civil, permitindo mais eficiência, precisão e sustentabilidade ao longo de todo o ciclo de vida de uma obra.”
O coordenador do SindusCon-SP destaca, ainda, alguns aspectos nos quais engenheiros e profissionais, de forma geral, precisam ficar mais atentos em caso de previsão de chuva ou tempestade durante a obra – além da adoção das tecnologias disponíveis. São eles: proteção dos trabalhadores (com equipamentos individuais e locais adequados de abrigo), estabilidade do local, estabilidade dos materiais e equipamentos empregados, proteção de materiais, drenagem e escoamento, planejamento flexível (estar preparado para ajustar o cronograma e até suspender atividades temporariamente) e gestão de riscos com antecipação de impactos (identificar áreas vulnerárias e tomar medidas preventivas para minimizar danos).
“A análise constante de riscos é essencial para garantir a segurança, a continuidade e a qualidade da obra diante de condições climáticas desfavoráveis”, enfatiza Fratel. “É fundamental que os engenheiros e profissionais estejam preparados para lidar com essas situações, adotando medidas preventivas e estratégias de contingência para minimizar os impactos negativos nas obras.”
Fonte
David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do SindusCon-SP
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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