Mudanças no Índice Nacional de Custo da Construção já estão em vigor
Veja as alterações e avaliações de representantes da Abrainc e da FGV Ibre
Começou a valer no último dia 17 de julho o novo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que sofreu uma revisão metodológica pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
É a primeira vez desde 2009 que uma atualização da estrutura de ponderação do Índice é feita. A alteração tem como base os orçamentos analíticos disponibilizados pelas principais construtoras do país, com dados referentes a empreendimentos residenciais efetivamente executados entre 2018 e 2022.
Uma das mudanças tem a ver com a coleta de informações sobre o preço da mão de obra, que, em vez de se basear somente em acordos coletivos, agora será feita diretamente pelas empresas prestadoras de serviços.
Outra importante inovação está no fato de que o Índice será apresentado, a partir de então, de acordo com o padrão construtivo, considerando os blocos econômico, médio e alto, com base na segmentação atual do mercado brasileiro. O INCC de cada cidade será calculado a partir da média ponderada dos padrões, e o número final será obtido considerando o peso de cada capital.
De acordo com o relatório oficial divulgado, “a separação dos orçamentos analíticos por padrão construtivo também revelou como materiais e equipamentos podem ter peso distinto entre construções de diferentes padrões e tecnologias, revelando quais itens influenciam construções destinadas a diferentes públicos.”
“Isso vai contribuir para o mercado, com certeza”, avalia Renato Lomonaco, diretor de Assuntos Econômicos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). “O Índice tem mesmo que refletir o máximo possível a realidade, e a gente está muito mais seguro agora. Esperamos que nos próximos anos tenhamos atualizações mais periódicas, talvez a cada 4, 5 anos, porque isso é fundamental. Nosso setor evolui, e o INCC precisa acompanhar”, completou o diretor, durante webinar promovido pela FGV para discutir as mudanças colocadas em prática.
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, falou sobre a necessidade dessa revisão no INCC, após 14 anos sem alterações. “Muitas mudanças ocorreram, tanto no cenário macroeconômico do país quanto setorial, principalmente. Uma mudança muito importante se deu justamente no formato de contratação da mão de obra, de gestão das obras”, explica.
“Por exemplo, as empresas passaram a ter menos mão de obra própria e passaram a contratar mais serviços especializados naquela atividade. Esse é um processo importante, que apresenta uma mudança estrutural e que afeta, sim, portanto, o indicador”, conclui a coordenadora. Segundo o relatório, a participação do setor de Serviços Especializados representava 19% do VA (Valor Adicionado) do setor em 2007 e alcançou 28% em 2019. Da mesma forma, as inovações e melhorias nos processos produtivos são incorporadas às obras e se traduzem em novas cestas de insumos e produtividade.
Criado em 1944, o INCC foi um dos primeiros índices desenvolvidos para monitorar a evolução dos custos da construção no Brasil. Com 79 anos de existência, tornou-se um dos mais importantes indicadores de preços para o segmento da construção, sendo, ainda, um dos componentes levados em conta pelo Índice Geral de Preços (IGP), do FGV Ibre.
Fontes
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre
Renato Lomonaco, diretor de Assuntos Econômicos da Abrainc
Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre)
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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