Seminário internacional discute durabilidade de estruturas de concreto

O coordenador-geral do V Seminário Durar, Prof. Dr. Oswaldo Cascudo, falou sobre os destaques do evento

Aconteceu nos dias 27 e 28 de junho o V Seminário Internacional sobre Desempenho e Durabilidade de Estruturas de Concreto (V Durar), com a participação de especialistas da França, Espanha, África do Sul e Brasil. Os palestrantes se dividiram em três painéis temáticos, para apresentar estudos e conhecimentos sobre os principais agentes causadores de degradação, técnicas de monitoramento e pesquisas relacionadas ao aumento da vida útil das estruturas de concreto.

Realizado no auditório do Sinduscon-GO, em Goiânia, o evento contou com o respaldo da Rilem (União Internacional de Laboratórios e Especialistas em Materiais, Sistemas e Estruturas de Construção) e o apoio institucional do Instituto Brasileiro de Concreto (Ibracon), da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), do Grupo de Estudos em Durabilidade do Concreto Armado (GEDur) da UFG, da Comunidade da Construção Polo Goiano e do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO).

Alguns dos participantes foram a Dra. Alexandra Bertron, professora e pesquisadora da INSA Toulouse França, que abordou os fenômenos de deterioração de estruturas de produção de biogás, detalhando os níveis de agressividade e o desempenho dos materiais cimentícios, e o Prof. Mark Alexander, da University of Cape Town, na África do Sul, que falou sobre indicadores e critérios baseados em desempenho para a durabilidade do concreto sujeito à carbonatação e cloretos.

Já o Prof. Dr. Oswaldo Cascudo, titular da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenador-geral do V Seminário Durar, discorreu sobre o processo de carbonatação do concreto de cobrimento e seu impacto na corrosão da armadura, apresentando o comportamento de 18 concretos com adições minerais frente à carbonatação natural em clima tropical, ao longo de 20 anos. 

O especialista compartilhou com o Massa Cinzenta sua visão sobre o evento, os destaques do seminário e falou um pouco mais sobre o estudo que lidera há mais de duas décadas. 

O V Seminário Durar foi realizado no auditório da Sinduscon de Goiânia Crédito: Luiz Fernando Garibaldi/Divulgação

1) O seminário Durar reúne especialistas brasileiros e internacionais, de diferentes áreas. Qual é a principal importância dessa conexão e troca de experiências para a construção civil, de modo geral?

Oswaldo Cascudo – A troca de experiência com pesquisadores internacionais é muito rica, seja pelas diferentes óticas profissionais, seja porque, no caso em questão, alguns dos convidados são expoentes mundiais em seus temas de trabalho.

A mescla de Professores eméritos e sêniores, como Mark Alexander e Carmen Andrade (ex-presidentes da RILEM) e Gilles Escadeillas, com pesquisadores mais jovens (como Alexandra Bertron e Túlio Honório), trouxe ao evento um equilíbrio muito interessante entre as convicções e fundamentos dos formadores de opinião e a produtividade e o “frescor” de jovens pesquisadores.

O nivelamento de conteúdos técnico-científicos a partir dessa profícua interação internacional aponta caminhos sustentáveis no campo da durabilidade e desempenho de estruturas de concreto, com efetivas contribuições à construção civil brasileira.

2) Cada edição do evento conta com temas relevantes na área. Quais assuntos abordados durante os painéis desta edição você destacaria?

O V Seminário Durar foi realizado no auditório da Sinduscon de Goiânia Crédito: Luiz Fernando Garibaldi/Divulgação

Oswaldo Cascudo – Os temas mais importantes do evento consideraram os seguintes pontos: 1) o projeto e a especificação de concretos voltada à durabilidade, destacando os processos em nanoescala, os indicadores e os critérios de durabilidade; 2) os processos de deterioração pela ação de microorganismos; e 3) os modelos preditivos de vida útil, destacando uma abordagem contemporânea baseada em desempenho.

Além desses macro temas, outros assuntos no campo da durabilidade do concreto foram enfocados, tais como: ensaios não destrutivos aplicados às inspeções estruturais, técnicas de avaliação da corrosão das armaduras e da estrutura interna de concretos, estudos da solução do poro, indicadores gerais de durabilidade, etc.

3) Sobre a sua apresentação no seminário, sobre os modelos comportamentais de concretos com adições minerais após 20 anos de exposição natural, seria possível detalhar alguns dos pontos compartilhados?

Oswaldo Cascudo – Este estudo que tenho a honra de liderar há mais de 20 anos representa uma importante pesquisa no campo da durabilidade de estruturas de concreto, talvez a mais emblemática pesquisa brasileira envolvendo a carbonatação do concreto, por se tratar de uma investigação natural de longo prazo, em que se é possível detalhar os fenômenos naturais incidentes.

Este estudo envolveu uma larga variação de concretos compostos com adições minerais (5 adições e o concreto de referência), sob duas condições extremas de cura (cura úmida e cura ao ar) e três relações água/ligante. Foram produzidos 108 protótipos de viga, que se mantiveram expostos em ambiente externo abrigado por mais de 20 anos. A carbonatação, os modelos preditivos de avanço da frente carbonatada, as caracterizações da solução do poro em camadas carbonatadas e não carbonatadas, entre outros, foram temas-alvo do estudo.

A partir desta pesquisa, subsídios consistentes foram produzidos no campo preditivo de vida útil das estruturas de concreto, com forte contribuição à durabilidade e ao desempenho estrutural.

4) Em sua opinião, há estudos científicos suficientes no Brasil sobre o tema do desempenho e durabilidade de estruturas de concreto? Ou deveria haver mais investimento?

Equipe do Seminário V Durar, que aconteceu nos dias 27 e 28 de junho Crédito: Luiz Fernando Garibaldi/Divulgação

Oswaldo Cascudo – Existem muitos estudos nessa área atualmente no Brasil, mas poderiam existir muito mais. A durabilidade de estruturas de concreto remonta uma vertente socioeconômica e ambiental muito importante. Não existe desenvolvimento sustentável sem a durabilidade das construções, ao mesmo tempo que não se pode permitir a inserção de riscos a usuários.

Por tudo isso, a norma de desempenho de edificações (ABNT NBR 15575) prevê, atualmente, vidas úteis de projeto mínimas de 50 anos, 63 anos ou 75 anos para os sistemas estruturais, considerando, respectivamente, níveis mínimo, intermediário ou superior de desempenho. Portanto, a durabilidade é um aspecto compulsório a ser buscado pela área técnica e pelo setor produtivo, sendo essenciais os investimentos em pesquisa dentro deste escopo.

Fontes
Prof. Dr. Oswaldo Cascudo
Assessoria de imprensa V Seminário Durar

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience



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