Indústria do cimento perto da alforria do coque de petróleo

Setor atua para substituir mais de 50% do combustível fóssil por fontes alternativas e resíduos industriais

Caroço de açaí tem sido utilizado na região norte como combustível alternativo no coprocessamento da indústria de cimento. Crédito: ASCOM SEDEME
Caroço de açaí tem sido utilizado na região norte como combustível alternativo no coprocessamento da indústria de cimento.
Crédito: ASCOM SEDEME

Ao participar de webinar promovido pela Concrete Show, o presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), Paulo Camillo Penna, anunciou que o setor está cada vez mais próximo de se libertar da dependência do coque do petróleo como principal combustível para os fornos das cimenteiras. Segundo Penna, a pandemia de Coronavírus tende a acelerar a “alforria”, através de investimento maior no coprocessamento de combustíveis alternativos e resíduos industriais. 

“O coque é dolarizado e isso encarece o processo industrial. Com maior investimento no coprocessamento, reduzimos o custo e criamos alternativas para enfrentar a crise, como sempre fizemos. Somos um setor irrequieto e inovador e estamos próximos de substituir mais de 50% do coque por resíduos. Esse percentual tende a aumentar, conforme parcerias com as prefeituras permitam que utilizemos também resíduos sólidos urbanos”, destaca o dirigente, frisando que a indústria de cimento no Brasil é a mais sustentável do mundo.

Paulo Camillo Penna cita que a indústria de cimento brasileira alcançou esse estágio de sustentabilidade alicerçada em 4 pilares: adições, combustíveis alternativos, eficiência energética e tecnologia de captura e estocagem de carbono, o que explica os baixos percentuais de emissão de CO2 do setor. “No mundo, a indústria de cimento é uma das que mais emite CO2, responsável por cerca de 7% do total de emissões. Mas no Brasil, o setor emite menos da metade disso, ou seja, um percentual inferior a 3,5%”, explica.  

Para sustentar o compromisso com o coprocessamento de resíduos, a indústria de cimento não para de se reinventar. Ela mapeia cada vez mais os combustíveis alternativos nas várias regiões do país. “Hoje, usamos casca de babaçu e caroço de açaí nas indústrias localizadas na região norte; no sul, palha de arroz; no centro-oeste, cavaco de madeira, e em Minas Gerais, moinha de carvão. Ao agregar esses resíduos na produção de cimento, o que estamos fazendo é gestão de risco”, afirma Camillo Penna. 

Ele compara o movimento constante da indústria de cimento, na busca de soluções que mitiguem os impactos por ela causados, ao que a pós-pandemia de Coronavírus vai impor ao planeta. “A pandemia vai exigir uma nova indústria, um novo país e um novo mundo. Ao se adaptar constantemente às mudanças que a economia e a sociedade impõem, a indústria cimenteira está habilitada aos desafios desse momento”, completa o presidente da ABCP e do SNIC.

Pavimento de concreto e coprocessamento ajudam a reduzir impacto do Custo Brasil  

Indústria de cimento integra o Movimento Brasil Competitivo, cujas propostas foram apresentadas recentemente ao governo federal. Crédito: Marcos Corrêa/PR
Indústria de cimento integra o Movimento Brasil Competitivo, cujas propostas foram apresentadas recentemente ao governo federal.
Crédito: Marcos Corrêa/PR

Com a visão estratégica peculiar do setor, a indústria de cimento se aliou ao estudo coordenado pelo Movimento Brasil Competitivo e pelo Boston Consulting Group, o qual busca avaliar a performance do país em 12 itens que são inerentes à atividade industrial. Entre eles, tributo, mão de obra, infraestrutura, crédito etc. Os números levantados foram comparados à média das nações que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O resultado é que o chamado Custo Brasil drena anualmente 1,5 trilhão de reais – equivalente a 22% do PIB nacional -, o que demonstra o quanto o país perde em competitividade na comparação com o grupo da OCDE – organismo do qual o Brasil pleiteia ser país-membro.

Para melhorar a performance nacional, a indústria de cimento apresentou dois projetos relacionados com a infraestrutura: investimento em pavimento rígido e em coprocessamento. “O custo de uma rodovia em concreto é mais vantajoso que o asfalto em qualquer circunstância. Isso vale também para o pavimento urbano. Quando ao coprocessamento, ele também ataca diretamente o Custo Brasil, já que mitiga impactos ambientais e enfrenta o consumo do coque do petróleo, reduzindo nosso custo de produção”, finaliza Paulo Camillo Penna. 

Assista ao vídeo completo do webinar “Como o setor cimenteiro está se preparando para a retomada pós-crise”

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Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Como o setor cimenteiro está se preparando para a retomada pós-crise”, promovido pela Concrete Show, e que entrevistou Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP e do SNIC

Contato
dcc@abcp.org.br
snic@snic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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