Ponte de 45 km pode unir Escócia e Irlanda do Norte

Obra desafiadora divide a engenharia e a arquitetura britânica, mas primeiro-ministro já encomendou projeto

Arquiteto Alan Dunlop foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte entre Escócia e Irlanda do Norte. Crédito: Alan Dunlop Architects
Arquiteto Alan Dunlop foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte entre Escócia e Irlanda do Norte.
Crédito: Alan Dunlop Architects

O primeiro-ministro Boris Johnson encomendou ao governo britânico o projeto de uma ponte que possa unir Escócia e Irlanda do Norte. Estima-se que o custo da obra varie entre 15 bilhões e 20 bilhões de libras – cerca de 90 bilhões e 120 bilhões de reais. Apesar do alto valor, o principal obstáculo para viabilizar o projeto é o tempestuoso Mar da Irlanda, com águas revoltosas, profundidades que chegam a 300 metros e pontos que se transformaram em verdadeiros campos minados, pela quantidade de bombas não-detonadas dos tempos da Segunda Guerra Mundial. 

Por isso, alguns engenheiros contrários à obra dizem ser mais fácil construir uma “ponte para a Lua” do que uma que ligue Escócia e Irlanda do Norte. Uma das alegações é que os pilares teriam que ficar a mais de 400 metros acima da lâmina d’água, para suportar o impacto das águas sobre as estruturas de concreto. Essa tese considera que a ponte uniria os pontos mais próximos entre os dois países, e que estão 19 quilômetros um do outro. Outros engenheiros avaliam que a melhor rota para a ponte seria entre Larne, na Irlanda do Norte, e Portpatrick, na Escócia, separadas por 45 quilômetros. O trecho é o menos acidentado do Mar da Irlanda.

Os que apoiam o projeto avaliam que a obra deveria seguir o modelo da ponte Öresund, que liga Suécia e Dinamarca e alterna trechos de ponte estaiada e túnel submarino ao longo de 16 quilômetros. Mas o mais ferrenho defensor da ponte – depois de Boris Jonhson – entende que a engenharia e a arquitetura britânica não precisam copiar nenhum projeto.  “Temos o talento da engenharia e da arquitetura e a capacidade de construir esse projeto com nossa própria inspiração”, diz o arquiteto Alan Dunlop, um dos mais respeitados do Reino Unido.

Tecnologia das plataformas marítimas de petróleo seria solução para cruzar o Dique de Beaufort

Dunlop é professor de arquitetura na Robert Gordon University, em Aberdeen, e foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte. O arquiteto também fez uma defesa veemente da obra na Urbanism at Borders Global Conference, realizada em outubro de 2019, em Málaga-Espanha. Alan Dunlop entende que o traçado entre Larne e Portpatrick é o ideal e ataca os que criticam a obra só porque ela foi idealizada pelo primeiro-ministro Boris Jonhson.  “É preciso separar os méritos arquitetônicos, econômicos e de engenharia do ressentimento em relação a Boris Johnson”, diz.

Ainda segundo Alan Dunlop, o maior desafio da estrutura seria vencer o Dique de Beaufort, uma trincheira marítima com 300 metros de profundidade e localizada bem no meio do percurso imaginário da ponte. Para ele, a solução da engenharia está nas plataformas marítimas de petróleo. “A parte acima do dique teria que flutuar, mas seria amarrada ao fundo, como uma plataforma de petróleo”, sugere. “Existem desafios geológicos e ambientais a serem superados, mas que a engenharia e a arquitetura britânicas saberão encontrar a solução”, conclui.

Entrevistado
Governo do Reino Unido (via assessoria de imprensa)
Alan Dunlop Architects (via assessoria de imprensa)

Contato
pressoffice@cabinetoffice.gov.uk
ad@alandunloparchitects.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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