Construção civil amplia uso de PET reciclado em obras
Aprimoramento de tecnologias que utilizam material em sistemas construtivos melhora desempenho termoacústico
O mundo consome 583,5 bilhões de unidades de garrafas PET por ano. Estados Unidos, China, Índia e Brasil lideram a lista. Anualmente, segundo dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET), os brasileiros deixam 1,15 milhão de toneladas de PET nas lixeiras ou jogadas no meio ambiente. Desse volume, apenas 350 mil toneladas são recicladas no país. As indústrias de artefatos plásticos e têxtil estão entre as que mais consomem PET reciclado. A construção civil começa a aumentar essa fatia com o aprimoramento de tecnologias que usam o PET em materiais ou sistemas construtivos.
O produto tem sido testado como elemento termoacústico em paredes de vedação, como sanduíche em paredes estruturais e lajes, além de substituto de areia. Outra utilidade do PET é seu uso como componente para a fabricação de fôrmas para concretagem. O polímero termoplástico também é utilizado como agregado na fabricação de blocos de concreto não-estruturais. Sem contar que o material reciclado do Polietileno Tereftalato (nomenclatura química que dá origem ao termo PET) já é utilizado na fabricação de produtos hidráulicos, como torneiras, tubos e conexões, e de decoração, como carpetes.
Nos Estados Unidos, as garrafas PET estão dando origem a um novo tipo de fôrma para concretar. Elas são conhecidas pela sigla ICF (Insulating concrete forms). Em uma tradução menos literal, podem ser chamadas de fôrmas que isolam o concreto. O material tem sido usado na construção de casas e pequenos edifícios (até 4 pavimentos). Ao contrário das fôrmas tradicionais, as ICFs não são retiradas após a cura do concreto. O material fica encapsulado dentro das estruturas plásticas, o que garante o acabamento e o desempenho termoacústico das paredes.
Construções alternativas movimentam mais de 1,5 bilhão de dólares nos EUA
Em 2018, esses tipos alternativos de sistemas construtivos movimentaram 1,04 bilhão de dólares nos EUA. No ano passado, chegou a 1,56 bilhão e para 2020 é esperado um crescimento de 5,1%. Uma das virtudes das ICFs é que elas já vêm com as ferragens montadas, para dar sustentação às paredes. Dessa forma, cabe ao construtor apenas despejar o concreto nos vãos das fôrmas, esperar o material endurecer e seguir erguendo as paredes, como se estivesse montando um “Lego”. Em artigo na revista Forbes, a pesquisadora do GreenHome Institute, Sheri Koones, explica outra vantagem: “Essas fôrmas minimizam os custos com mão de obra, são rápidas para construir, impermeabilizam as paredes e o núcleo de concreto reforçado com aço protege a casa contra incêndio, furacões e terremotos”, diz.
Autora do livro “Downsize: Living Large In a Small House” (O mínimo necessário para viver bem em uma casa pequena), Sheri Koones pesquisou nos Estados Unidos 33 modelos de unidades residenciais pré-fabricadas com até 70 m2, construídas com sistemas alternativos, e que demonstraram o quanto podem ser confortáveis, práticas, sustentáveis e bonitas. Entre as analisadas, estavam as que utilizam fôrmas de PET reciclado que isolam o concreto. A tecnologia foi considerada a que melhor fornece isolamento térmico e acústico, de acordo com o estudo.
Entrevistado
Reportagem com base em dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET) e das informações trazidas em artigo da pesquisadora Sheri Koone na revista Forbes
Contato
faleconosco@abipet.org.br
info@greenhomeinstitute.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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