Biomassa e construção civil: tudo a ver

Criar edifícios que valorizem a energia limpa pode ser a melhor contribuição da engenharia para o meio ambiente

Criar edifícios que valorizem a energia limpa pode ser a melhor contribuição da engenharia para o meio ambiente

Luis Cortes

Praticamente 25% da matriz energética produzida pelo Brasil atualmente vem da biomassa. “O que não é petróleo, o que não é energia hidroelétrica, é biomassa no Brasil”, explica Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp e um dos autores do livro Biomassa para Energia. A obra trata da conversão energética de biomassa para outras fontes de energia, como a elétrica, por exemplo.

É aí, segundo Cortez, que a engenharia civil pode contribuir, e muito, para difundir a utilização da biomassa como fonte de energia. Ele defende projetos de edificações inteligentes, que valorizem o melhor aproveitamento da energia solar, da reciclagem do lixo e até da água da chuva. “Hoje há um bom número de casas utilizando energia solar, mas não se vê muito isso em prédios. Da mesma forma, a reciclagem ainda é tímida, assim como o reaproveitamento dos recursos hídricos”, relata.

Luís Cortez lembra que o Brasil é o país onde a energia limpa é a mais barata no mundo. “Em alguns casos ela é praticamente de graça. Basta saber usá-la”, afirma. “Nosso livro diagnostica essa conversão energética, que pode se dar através da combustão, gaseificação, virólise, biodigestão, liquefação, enfim, tem uma série de tecnologias”, completa.

A tese de bom uso da biomassa em edificações vai ao encontro ao recente relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), através do Programa de Construções Sustentáveis e Iniciativa Imobiliária (SBCI, em inglês). O documento defende o uso de tecnologias como isolamento térmico, material reciclável, energia solar e utensílios eletrônicos mais eficientes para que as edificações emitam menos CO2 (dióxido de carbono). Ainda segundo o relatório, a construção civil acumula cerca de 30% a 40% do uso global de energia.

Como se autodefine, o SBCI é uma parceria para “deixar verde” o setor de prédios e construções. Uma das principais preocupações do programa é com as edificações antigas, que são grandes consumidores de energia. O estudo revela que na Austrália e na União Européia os governos criaram programas para estimular reformas nestas obras, a fim de torná-las mais econômicas e ecologicamente corretas. Diz o relatório que só a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes pouparia 470 milhões de toneladas de CO2. “Está tudo interligado e parte desta solução está na conversão da biomassa em energia limpa”, define Luís Cortes.



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