Autocicatrização do concreto garante maior durabilidade às estruturas
A engenheira civil Rafaela Eckbardt explica como funciona o processo e quais seus benefícios
A primeira edição da Construsul BC – Feira da Indústria da Construção e Acabamento foi realizada em Balneário Camboriú (SC) de 23 a 26 de abril e reuniu cerca de 150 expositores do setor, além de promover uma série de palestras relevantes sobre os mais diversos assuntos.
Um dos destaques foi a apresentação “Autocicatrização do concreto, o caminho para durabilidade das estruturas”, ministrada pela engenheira civil Rafaela Eckhardt, consultora técnica da Penetron. “Atualmente, a autocicatrização no concreto ocorre através de um aditivo cristalizante incorporado ao concreto fresco, que, em contato com água e com os compostos de hidratação do cimento, reage formando cristais insolúveis nos poros e fissuras do concreto, com aberturas de até 0,5 mm”, explica a especialista, ao Massa Cinzenta.
“Este processo pode ocorrer em até 28 dias em contato permanente com água. Apesar do aditivo ser a forma mais utilizada no mercado, principalmente em situações de obras novas, há também o fornecimento desta tecnologia aplicada de forma tópica por projeção ou pintura sobre o concreto endurecido, ambas com o mesmo desempenho”, complementa.
O chamado concreto autocicatrizante tem a capacidade de “curar” ou reparar suas fissuras sem a intervenção externa, promovendo a selagem e recuperação das propriedades do material e mantendo sua estrutura. “Com base nos ensaios de penetração de cloretos e de carbonatação, em modelos de durabilidade, ou seja, em corpos de prova fissurados (considerando a situação mais crítica presente em obra), é verificada uma vida útil de 110 anos [em vez de 50] para a estrutura de concreto autocicatrizante, justificada pela proteção que o material dá à estrutura, impedindo a entrada de agentes agressivos ao concreto e ao aço”, afirma Rafaela Eckhardt.
Em relação aos custos, a especialista diz que eles são baixos, principalmente se forem considerados o custo/benefício e o ganho de durabilidade – e garante que o mercado já vem utilizando o material em larga escala.
A indicação para o seu uso, segundo ela, seria em situações de concretos hidráulicos, que terão contato com a água. “Sendo assim, se for citar estruturas que deveriam receber o autocicatrizante, teremos alguns exemplos na parte imobiliária: subsolos, piscinas, fundações, contenções, concreto aparente, poços de elevador etc. Já nas áreas de infraestrutura: Estações de Tratamento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), pontes, túneis, portos, silos, estádios, barragens etc.”
Com a tecnologia desenvolvida ao longo dos anos, a engenheira civil afirma que a autocicatrização foi aperfeiçoada, já que foi observado que “não há efetividade em durabilidade quando não se tem essa característica junto com a redução da permeabilidade, pois todo o concreto fissura, e, se esta fissura não for colmatada [preenchida], a penetração de agentes agressivos irá ocorrer por ela”. Rafaela reforça, ainda, que o Brasil, de forma geral, está bem avançado no assunto e que a tecnologia está consolidada. E destaca a realização do 1º Simpósio Brasileiro de Autocicatrização (Sibracic), na UFRGS, em Porto Alegre, em setembro deste ano.
A especialista também diz que não há uma norma técnica brasileira específica sobre autocicatrizante ou cristalizante, e que, por isso, são utilizadas como parâmetros as seguintes normas:
NBR 11768: Aditivos químicos para concreto de cimento Portland, que informa a existência de um aditivo redutor de permeabilidade (RP), porém, não aborda requisitos de desempenho e não fala sobre a característica de autocicatrização.
GB 18445: Materiais cimentícios impermeabilizantes por cristalização capilar, onde aqui já constam informações de desempenho, além de abordar a cristalizante por adição e por pintura.
ACI 212.3: Relatório sobre aditivos químicos para concreto, onde aqui a tecnologia é descrita como aditivo redutor de permeabilidade, havendo a separação entre os cristalizantes, para condições hidrostáticas (PRAH – Permeability-Reducing Admixture: Hydrostatic Conditions), e os hidrofugantes, para condições não hidrostáticas (PRAN – Permeability-Reducing Admixture: Non-Hydrostatic Conditions).
Ainda sobre documentos técnicos, Rafaela Eckhardt informa que o CT 501 (Comitê Ibracon/IBI Estanqueidade de Estruturas de Concreto) está elaborando uma espécie de guia, que, futuramente, deverá ser uma norma, sobre o aditivo redutor de permeabilidade por cristalização capilar integral autocicatrizante, onde serão avaliados os desempenhos quanto à redução da permeabilidade e à autocicatrização de fissuras.
Fontes
Construsul BC – Feira da Indústria da Construção e Acabamento
Rafaela Eckhardt, engenheira civil e consultora técnica da Penetron
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
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