Moradores do Minha Casa Minha Vida buscam upgrade na casa própria
Famílias interessadas em melhorar a qualidade das residências priorizam imóveis na faixa dos 400 mil reais
Pesquisa divulgada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) mostra que as famílias que adquiriram imóveis do programa Minha Casa Minha Vida, entre 2009 e 2016, estão em busca de um upgrade na casa própria. O estudo destaca que elas desejam uma moradia melhor e em bairros mais centrais. Esses mutuários têm o seguinte perfil: pertencem às faixas 2 e 3 do MCMV, são adimplentes, já amortizaram boa parte da dívida contraída com o financiamento, viram seus imóveis valorizarem e buscam usá-los como parte do pagamento da nova residência.
O estudo foi liderado pela ADEMI-PE (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco) e mostra que essa tendência é maior nos estados da região nordeste do país. O levantamento também aponta que algumas famílias até cogitam preservar o imóvel adquirido pelo MCMV e comprar outra unidade através do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Essa modalidade de financiamento permite ao contratante possuir mais de uma residência em seu nome. “Hoje, muitas dessas famílias já têm condições de acessar um imóvel mais caro, migrando do MCMV para o SBPE, desde que tenha uma linha que aceite o imóvel usado para fazer um upgrade”, diz o presidente da ADEMI-PE, Avelar Loureiro Filho.
Antes de ser substituído pelo programa Casa Verde e Amarela, o Minha Casa Minha Vida financiou 2,3 milhões de unidades habitacionais nas faixas 2 e 3 – boa parte com recursos do FGTS. Como o financiamento era subsidiado, e as prestações possuíam valor baixo, isso permitiu que as famílias incluídas no programa se capitalizassem para buscar imóveis melhores. De acordo com o estudo da ADEMI-PE, as unidades das faixas 2 e 3 do MCMV valem hoje entre 190 mil reais e 240 mil reais. Já as famílias interessadas em um upgrade em suas moradias buscam imóveis na faixa de 400 mil reais.
Atualmente, SBPE financia 3 vezes mais imóveis que o FGTS
Outra razão que tem feito as famílias recorrerem a financiamentos bancários através do SBPE está no fato do Casa Verde e Amarela estar em ritmo lento. Lançado em agosto de 2020, o programa tinha como uma das metas colocar unidades de melhor qualidade no mercado. Porém, ele já sofreu cortes no orçamento que chegam a 45%. A razão são os contingenciamentos promovidos pelo governo federal para equilibrar as contas. Assim, a solução para quem quer fazer o upgrade é recorrer ao SBPE.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), desde 2020 o SBPE está financiando 3 vezes mais imóveis que o FGTS. O motivo principal é que os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço passaram a ser o principal financiador do auxílio emergencial – ajuda dada aos vulneráveis desde o começo da pandemia de COVID-19. “Em 2020, o crescimento do financiamento imobiliário atingiu 177 bilhões de reais, puxado basicamente pelo SBPE, que financiou 124 bilhões de reais, enquanto o FGTS financiou 53 bilhões de reais. Já no primeiro semestre de 2021 foram financiados 121,7 bilhões de reais, dos quais 96,1 bilhões de reais via SBPE e 24,6 bilhões através do FGTS”, revela a presidente da Abecip, Cristiane Portella.
Entrevistado
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e ADEMI-PE (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco)
Contatos
ascom@cbic.org.br
imprensa@abecip.org.br
ademi-pe@ademi-pe.com.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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