Investimento em infraestrutura é “vacina” contra a crise
Estudo mostra que cada 1 bilhão de reais injetado em grandes obras gera 1,44 bilhão para a economia do país
Estudo encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (SINICON), e realizado pela LCA Consultores, mostra o efeito multiplicador das obras de infraestrutura no Brasil. O levantamento coordenado pela diretora de regulação econômica e políticas públicas da consultoria, Claudia Viegas, revela que esse tipo de investimento funciona como “vacina” contra a crise. Segundo a economista, cada 1 bilhão de reais injetado em grandes obras gera mais 1,44 bilhão de reais dentro da cadeia produtiva da construção civil e de outros setores.
Claudia Viegas revela que se fossem investidos 28 bilhões de reais em infraestrutura os recursos injetariam outros 40 bilhões no PIB nacional, com capacidade de gerar perto de 1 milhão de empregos diretos e indiretos – precisamente, 943,5 mil vagas, de acordo com o estudo. A pesquisa da LCA Consultores mostra também que o poder de empregabilidade das grandes obras poderia gerar 14 bilhões de reais em salários e 6,4 bilhões de reais em impostos. “Só o investimento em infraestrutura tem capacidade de alavancar o PIB do Brasil. Cabe ao setor público criar condições de investimentos nessa área”, diz a economista.
O estudo traz outra projeção: se o Brasil se transformasse em um canteiro de obras, o PIB cresceria, em média, 7,1% e o país alcançaria o top 5 no ranking de infraestrutura, medido pelo Índice de Competitividade Global. Atualmente, a posição brasileira é a 78. Em alguns subíndices do relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa colocações ainda mais inferiores. Por exemplo, é 116 em qualidade das rodovias, 104 em eficiência marítima, 102 em eficácia da rede elétrica, 86 em desempenho ferroviário e 85 em eficiência do setor aéreo.
Até 2023, governo federal pretende ampliar fatia de investimentos privados na infraestrutura
O levantamento da LCA Consultores considera ainda que a retomada de grandes obras impactaria também na massa salarial do Brasil, já que a construção pesada é a 5ª que melhor remunera no país, entre 31 setores avaliados. Para Claudia Viegas, a guinada no volume de investimento em infraestrutura só será possível se houver uma melhora no ambiente de negócios, que sinalize crescimento sustentável e ganhos de produtividade e competitividade. “Obviamente, no atual momento do país e do mundo, isso só será alcançado se, primeiramente, atingirmos um volume considerável de vacinação em massa da população”, ressalta a economista.
Provocado ao debate, o secretário-executivo do ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, afirma que, até 2023, o governo federal pretende ampliar a fatia de investimentos privados na infraestrutura do país, chegando ao percentual de 76% – 48% em novos projetos e 28% em contratos vigentes. O segundo homem na hierarquia do MInfra admite que, atualmente, o orçamento da pasta é insuficiente para atender as demandas do país. De acordo com Marcelo Sampaio, a saída encontrada pelo ministério é modernizar, digitalizar e transferir os ativos do sistema público para o privado.
Entrevistado
Reportagem com base no estudo “SINICON: Raio-X do setor de infraestrutura brasileiro”, apresentado em live do SINICON e replicado na recente edição da Paving Virtual 2021
Contatos
sinicon@sinicon.org.br
contato@lcaconsultores.com.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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