Brasil precisa de engenheiros que saibam diagnosticar RAA
Reação álcali-agregado é o “câncer do concreto”. No entanto, poucos têm conhecimento para preveni-la
Em 2021, o CT 201 (comitê técnico 201 do Instituto Brasileiro do Concreto [IBRACON]) ganha uma nova denominação. Deixa de se chamar comitê técnico de RAA (reação álcali-agregado) e passa a adotar o nome de comitê técnico de Reações expansivas no concreto, dividindo-se em dois subcomitês: Reação álcali-agregado, que será coordenado pelo geólogo e doutor em engenharia civil, Claudio Sbrighi Neto, e Formação de Etringita Tardia (DEF), coordenado pelo gerente de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o também geólogo Arnaldo Forti Battagin.
O porquê dessa divisão Battagin explica no webinar “Medidas preventivas para evitar manifestações patológicas no concreto pela reação álcali-agregado (RAA)”, promovido pela ABCP. “Existe no Brasil uma equipe muito pequena de pesquisadores e especialistas em diagnosticar RAA e DEF. A ideia do comitê do IBRACON é ampliar o número de profissionais, e também ajudar a capacitar laboratórios no país”, revela. A preocupação em expandir esse conhecimento é diretamente proporcional aos danos que a RAA costuma causar às estruturas de concreto quando não é prevenida ou diagnosticada ainda no início.
No jargão do meio técnico, a reação álcali-agregado é também chamada de “câncer do concreto”. Pior: em recente pesquisa, descobriu-se que no Brasil 60% das obras que têm algum tipo de estrutura de concreto não realizam ensaios de prevenção. Da mesma forma, cerca de 60% dos engenheiros civis que estão no mercado desconhecem a patologia. Por esse motivo, em 2018 foi publicada norma técnica específica sobre RAA: a ABNT NBR 15577 (Agregados – Reatividade álcali-agregado) que conta com 7 partes. No mesmo ano, o IBRACON publicou o Guia de prevenção de reação álcali-agregado.
Patologia age indiscriminadamente: de elementos não-estruturais a obras de grande porte
Para Arnaldo Forti Battagin, um dos autores do guia, o mais importante agora é alertar sobre os riscos da RAA e como preveni-la. A patologia, como mostra o gerente de tecnologia da ABCP, age indiscriminadamente no concreto. Pode ser desde a RAA do tipo A, que atinge elementos não-estruturais e tem consequências insignificantes, como pode ser a do tipo D, que tem grande potencial de destruição quando se manifesta em obras de grande porte, como pontes, viadutos, estádios, hidrelétricas, estruturas nucleares e barragens. “O diagnóstico sobre RAA precisa sempre analisar o tipo de estrutura, as condições ambientais e as dimensões estruturais”, ensina.
Descoberta em 1940, na Califórnia-EUA, a reação álcali-agregado provoca uma série de efeitos deletérios nas estruturas de concreto: fissuração, desplacamento, perda de estanqueidade, perda de aderência da argamassa, movimentação ou abertura de junta, entre outras. Por isso, Arnaldo Forti Battagin reforça a importância de se fazer a análise de risco da obra. “Quem faz isso? O proprietário do empreendimento é o responsável por requisitá-la, seja para o engenheiro-projetista, para o engenheiro responsável pela obra ou para um engenheiro contratado especificamente para fazer essa análise”, completa. Daí, a necessidade de se formar profissionais especializados no diagnóstico da RAA.
Assista à íntegra da palestra do gerente de tecnologia da ABCP, Arnaldo Forti Battagin
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Medidas preventivas para evitar manifestações patológicas no concreto pela reação álcali-agregado (RAA)”, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Contato
cursos@abcp.org.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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