Produtividade da construção esbarra em gargalos históricos

Congresso sobre tecnologia e inovação, realizado em Maringá-PR, expõe problemas a serem transpostos pelo setor

Engenheiro civil Luiz Henrique Ceotto, em palestra no Conecti CBIC 2019: construção civil negligencia o tempo no Brasil e entrega produtos envelhecidos. Crédito: CBIC
Engenheiro civil Luiz Henrique Ceotto, em palestra no Conecti CBIC 2019: construção civil negligencia o tempo no Brasil e entrega produtos envelhecidos.
Crédito: CBIC

Com ampla experiência na engenharia civil e na execução de projetos, Luiz Henrique Ceotto foi o palestrante escolhido para fechar os debates que marcaram o Conecti CBIC 2019 (Congresso Nacional de Engenharia, Construção, Tecnologia e Inovação), que aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro, na cidade de Maringá-PR. Ceotto fez uma abordagem sobre os gargalos que impedem a construção civil brasileira de alcançar níveis de produtividade semelhantes aos de países mais desenvolvidos. Ele também fez questão de ressaltar que se tratam de barreiras históricas. “Há 50 anos a construção civil brasileira discute sua baixa produtividade”, lembra.

Professor-titular da Universidade Federal do São Carlos (UFSCar) e professor-visitante da Universidade de São Paulo (USP), Ceotto cita que entre os gargalos que prejudicam a produtividade da construção civil alguns são de ordem governamental. Como os tributos, por exemplo, que atrapalham o uso de processos industrializados nos canteiros de obras. “No Brasil, um processo construtivo industrializado paga de 18% a 20% a mais de tributos”, diz. O engenheiro reforça ainda que o formato de financiamento no país também contribui para que obras atrasem. “O cliente não se prepara para a compra de um imóvel. Com isso, as empresas dão prazo. Prazo para iniciar a obra e prazo ao longo da construção, a fim de dar tempo do comprador se preparar para pagar a unidade. Isso desestimula a visão industrial do setor”, completa.

Não existem parâmetros para medir a produtividade da construção civil brasileira

Luiz Henrique Ceotto ressalta que o setor também se acostumou a não adotar parâmetros de produtividade. “Existe uma negligência com o tempo, que é um dos únicos recursos que não se recuperam. É comum um projeto demorar de 5 anos a 10 anos para ser aprovado. Além disso, um negócio imobiliário no Brasil dura, em média, de 5 anos a 8 anos para a conclusão da obra. Isso resulta em aumento de custo e risco, sem contar que o produto é entregue envelhecido. O resultado de tudo isso é o afastamento do investidor”, destaca. O engenheiro civil complementa alertando para a falta de dados sobre a produtividade da construção civil brasileira, lembrando que há raros estudos sobre o tema.

Ceotto cita que a pesquisa mais recente sobre o assunto foi realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre 2002 e 2006. Os levantamentos apontaram que a produtividade brasileira no setor era 1/3 da norte-americana e que o prazo para a construção de um empreendimento era duas vezes e meia maior. “Estamos em um ciclo vicioso, onde prazos longos na realização do negócio refletem na redução da rentabilidade e no aumento de custos e riscos”, afirma. Para finalizar, o engenheiro frisa que para mudar o atual cenário deve ser feito um trabalho conjunto. “Temos que falar com o governo, com o setor financeiro, apontar caminhos e ter visão de soluções de curto, médio e longo prazo. Estamos cometendo falha de gestão estratégica no setor da construção civil há mais de 50 anos”, conclui. 

Veja a palestra do engenheiro civil Luiz Henrique Ceotto, no Conecti CBIC 2019

Entrevistado
Reportagem com base na palestra concedida dentro do painel “A Inovação e o Futuro da Construção”, proferida pelo engenheiro civil Luiz Henrique Ceotto, no Conecti CBIC 2019

Contato: comunica@cbic.org.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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