Casamento e divórcio movimentam mercado imobiliário
Uniões e separações levam ao setor de aquisição e locação de imóveis um mercado de 1,5 milhão de pessoas
Os dados mais recentes do IBGE mostram que o Brasil superou a taxa de 1 milhão de casamentos por ano (1,178 milhão) e que, anualmente, ocorrem quase 400 mil divórcios (390 mil) no país. Segundo Marcelo Luís Gonçalves, sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, as uniões e as separações são como “injeção na veia” para o mercado imobiliário. “As pessoas que casam precisam morar e as que se divorciam também. Anualmente, há pelos menos 1,5 milhão de pessoas buscando novas moradias”, avalia.
Casamentos e divórcios, cita o analista, respondem por 45% da movimentação do mercado imobiliário – 30% representados pelos que se casam e 15% pelos que voltam a morar sozinhos ou se unem a outra pessoa. Segundo Marcelo Luís Gonçalves, trata-se de uma fatia muito grande para ser ignorada por construtoras, incorporadoras e imobiliárias. “Esse é um segmento que independe do momento econômico do país é responsável por um volume significativo de compra, venda e locação do mercado”, diz.
De acordo com as Estatísticas do Registro Civil do IBGE, o tempo de duração de um casamento formal caiu de 17 anos para 14 anos, em média. O mesmo levantamento mostra que as uniões registradas em cartório diminuíram 2,3% e os divórcios aumentaram 8,3%. Este é o segundo ano consecutivo com aumento do número de divórcios e diminuição de casamentos, aponta a gerente de pesquisa do IBGE, Klívia Oliveira. “A proporção atual está em três casamentos para cada divórcio”, completa.
Estatística impacta no mercado de unidades para uma só pessoa
Para Marcelo Luís Gonçalves, essa estatística tem impactado também no mercado de unidades projetadas para uma só pessoa. “De 2018 para cá houve um crescimento de 15% no volume de vendas de apartamentos compactos”, informa o analista. Os dados coincidem com o do índice FipeZap, que desde 2012 registra crescimento nas transações de imóveis com até um dormitório. Segundo o FipeZap, as vendas desse modelo de unidade aumentaram 35% em 6 anos, enquanto as locações cresceram 33%.
A ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) qualifica que o mercado dos compactos engloba unidades que vão de 10 m2 a 40 m2. Nos grandes centros urbanos, essa modalidade de apartamento atrai os seguintes tipos de consumidores: recém-casados que optaram por não ter filhos, divorciados, solteiros, estudantes e trabalhadores de outras cidades. Também é o segmento mais procurado por investidores, por causa da rapidez na locação.
Para o arquiteto Bruno Raquena, autor do livro “Habitar Híbrido: Subjetividades e Arquitetura do Lar na Era Digital”, não é apenas o mercado imobiliário que busca se adaptar a essa transformação familiar, mas também os profissionais diretamente ligados à construção civil, como projetistas, engenheiros e arquitetos. “A onda dos compactos vem ao encontro de uma alteração de comportamento. Hoje, as pessoas trocam de casa com mais frequência e acumulam menos bens. O entendimento desse conceito é fundamental para a análise das mudanças ocorridas no espaço físico da habitação e para os futuros projetos”, comenta.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra do sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, Marcelo Luís Gonçalves, no seminário “Mercado Imobiliário em foco”, promovido pela ADEMI-PR
Contato: ademipr@ademipr.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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