Novo desafio à engenharia: as hidrelétricas reversíveis
Construção desse modelo de usina cresce em regiões onde há parques eólicos e fazendas de energia solar
Em países como Estados Unidos, Japão, China, Itália, Portugal e França cresce a demanda por hidrelétricas reversíveis, as PSHPs (do inglês, Pumped-storage hydropower plants). São usinas que operam com dois lagos, um inferior e um superior, o que permite que a água usada para gerar energia seja bombeada de baixo para cima e reutilizada para gerar mais eletricidade, quando houver necessidade. Isso poupa rios e a necessidade de grandes reservatórios, tornando a energia limpa das hidrelétricas ainda mais sustentável.
A construção dessas usinas cresce em regiões onde há parques eólicos e fazendas de energia solar. Elas compensam os períodos em que há pouco vento ou baixa insolação, abastecendo a rede com energia extra. Para a engenharia, o desafio está em construí-las, pois a instalação desse modelo de hidrelétrica exige perfurações em rochas, geralmente em áreas montanhosas, além da construção de grandes paredões de concreto. Em Portugal, a 40 quilômetros da cidade de Braga, foi executada a obra de uma das PSHPs mais ousadas do mundo: a Frades II.
A construção teve início em 2010 e foi concluída em 2015. Ela aproveita dois reservatórios naturais localizados no rio Rabagão. O projeto exigiu a escavação de 9 quilômetros de túneis em rocha, por onde fluem 200 m3 de água por segundo. A casa de força da usina está dentro de uma caverna com 95 metros de altura e revestido em concreto. Sua capacidade geradora varia entre 50 megawatts e 1.000 megawatts – a média é de 383 megawatts. As turbinas são reversíveis e funcionam também como bombas, impulsionando a água do reservatório inferior para o superior.
EUA e China disputam título da maior hidrelétrica reversível do mundo
Apesar de ser uma obra desafiadora, a Frades II não é a maior PSHP do mundo e nem Portugal é o país com mais quantidades de usinas com esse modelo de construção. A maior hidrelétrica reversível está nos Estados Unidos e tem capacidade instalada de 3 GW, mas em breve será superada. Em Fengning, na China, está em execução uma PSHP com 12 unidades de turbina-bomba, capaz de produzir 3,6 GW. A previsão é de que entre em operação em 2021. Na China, outras duas usinas também estão em construção, ambas com capacidade de 3 GW. Em 2020, o Japão vai concluir uma usina de 2,8 GW e a Ucrânia uma de 2,3 GW.
Pela contribuição ambiental e pelo modelo de negócio que proporcionam ao mercado de energia, as PSHPs são vistas atualmente como a alternativa mais lucrativa para o setor de hidrelétricas. “Elas operam em um ciclo fechado, empregando principalmente a mesma quantidade de água, poupando os rios. Este ciclo fechado representa uma grande oportunidade de lucro para os proprietários de PSHPs”, diz relatório de 2018 da National Hydropower Association (Associação Nacional de hidrelétricas dos Estados Unidos). O Brasil tem apenas duas hidrelétricas do gênero, ambas no rio Pinheiros, no estado de São Paulo, mas com tecnologia obsoleta: a usina Pedreira, com 108 MW, construída em 1939, e a usina Traição, com capacidade de 22 MW, de 1940.
Veja como funciona uma hidrelétrica reversível
Entrevistado
Reportagem com base no relatório anual do mercado de hidrelétricas, produzido pela National Hydropower Association (Associação Nacional de hidrelétricas dos Estados Unidos)
Contato: info@hydro.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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