Dia do trabalhador da construção: vagas reabrem
Setor tem quase 78 mil postos formais criados em 2018, mas ainda aguarda retorno dos investimentos em infraestrutura
A criação de empregos com carteira assinada atingiu, em setembro de 2018, o maior nível para o mês em cinco anos. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do ministério do Trabalho, 137.336 postos formais foram gerados. Somando os números mais recentes, a criação de vagas totaliza 719.089 de janeiro a setembro. A construção civil responde por 77,8 mil dos empregos gerados em 2018. São números que começam a tirar o setor do vermelho e dão motivos para que o trabalhador da construção civil comemore seu dia em 26 de outubro.
A data abrange todas as profissões que atuam em obras – do engenheiro civil ao servente. Atualmente, esses profissionais, de acordo com dados do Caged, somam 2,07 milhões e formam o estoque de trabalhadores formais da construção civil. Entre as funções englobadas pelo setor, quatro destacam-se como as mais afetadas pela redução de vagas durante o período da crise: supervisor da construção civil, montador de fôrmas, especialistas em montar estruturas de concreto e engenheiros civis. São cargos em que o volume de demissões ainda supera os de admissões, desde 2013.
O levantamento que aponta essas quatro profissões como as que mais sentem os reflexos da crise é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “A construção civil continua sofrendo com a baixa taxa de investimento e a falta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Um dos destaques foi a queda nas vagas para engenheiros civis. Ou seja, mesmo os trabalhadores mais qualificados não estão encontrando oportunidade de trabalho”, ressalta Fábio Bentes, chefe da divisão econômica da CNC e responsável pelo estudo divulgado em julho pela confederação.
PIB da construção civil fica com viés de alta para 2019
O ponto positivo destes números é que as vagas pararam de ser fechadas e começam a ser reabertas lentamente. No entanto, o vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, entende que boa parte dos profissionais que atuam em canteiros de obras só terá uma retomada efetiva do emprego quando os investimentos voltarem a movimentar a construção civil, principalmente em obras de infraestrutura. “A construção civil reage a investimentos e, sem isso, não há possibilidade de melhora no curto prazo”, diz. “O fundo do poço ficou para trás, mas está melhorando bem devagarzinho”, completa Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos na Superintendência de Estatística Públicas do Ibre/FGV.
Setores da construção civil estimavam crescimento do PIB de 0,5% em 2018. No entanto, após a greve dos caminhoneiros, os números foram revistos para baixo, com perspectiva de que o ano possa fechar com recuo de 0,6% a 1%. Trata-se de uma queda menos acentuada do que em anos anteriores, e que aponta viés de alta para 2019. Sinal de que a esperança é o principal alicerce do trabalhador da construção, cuja data de 26 de outubro é alusiva ao padroeiro da construção civil, São Judas Tadeu.
Entrevistado
Reportagem com base em estudos do ministério do Trabalho, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do SindusCon-SP e da FGV
Contatos
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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