Novo ciclo imobiliário já começou, mas poucos perceberam

Na era do mundo digital, dos veículos compartilhados e do coworking, construir e vender imóveis vive outra realidade

Marcos Kahtalian, na Feira de Imóveis 2018: abordagem sobre os novos mercados, os anseios e os desejos dos consumidores. Crédito: ADEMI-PR
Marcos Kahtalian, na Feira de Imóveis 2018: abordagem sobre os novos mercados, os anseios e os desejos dos consumidores. Crédito: ADEMI-PR

O mundo muda a uma velocidade muito rápida, e com ele o mercado imobiliário. Há um novo ciclo já em andamento, que, embora passe despercebido, já influencia o modo como se constroem e se vendem empreendimentos habitacionais e corporativos. Isso ocorre não apenas em outros países, mas no Brasil – principalmente, nas capitais mais relevantes do país.

“Questões comportamentais estão mudando o mercado. A maioria talvez ainda não tenha percebido, pois são mudanças muito repentinas. Trata-se de um conjunto de tendências que já influenciam na compra de imóveis”, revela Marcos Kahtalian, sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, em palestra na 27ª edição da Feira de Imóveis do Paraná, realizada de 15 a 19 de agosto, em Curitiba-PR.

Kahtalian elencou as tendências comportamentais que vêm influenciando na forma como o consumidor se relaciona com os imóveis. Segundo o palestrante, o surgimento de aplicativos que disponibilizam o compartilhamento de veículos já causa impacto, inclusive, no modo de construir.

“Existem compradores que não fazem mais questão de vaga de garagem. As salas comerciais estão cedendo lugar ao modelo de coworking. O coliving já é realidade em cidades como São Paulo-SP e Porto Alegre-RS. A casa na praia virou uma lembrança dos tempos da vovó. Hoje, o consumidor tem a possibilidade de ter sua casa na praia em qualquer lugar do mundo, através do mercado de multipropriedades”, elenca.

Novo conceito de família também influencia no ciclo imobiliário em curso

Para Marcos Kahtalian, está havendo uma redefinição do que é morar bem. “Sai o vizinho, entra o conhecer pessoas. O luxo ostentação dá lugar ao luxo consciente, que implica em morar em um imóvel que permita o reúso de água, que ofereça conforto acústico e térmico, que dê acesso à tecnologia, como a IoT (Internet das Coisas). O novo consumidor está mais atento à experiência de viver e conviver”, diz o palestrante, para quem essas mudanças comportamentais também influenciarão no ciclo de vida do mercado imobiliário, ou seja, a tendência é que as pessoas mudem mais de residência e de local de trabalho. “Elas irão em busca de suas comunidades”, completa. 

O novo conceito de família também influencia no ciclo imobiliário em curso. “A família nuclear foi desfeita, mas não significa que as famílias deixaram de existir. A prova é que, só em Curitiba, ocorrem 11 mil casamentos por ano. O que mudou foi a composição das famílias. Um exemplo: existem muitos casais que não têm filhos, mas têm o pet (animais de estimação). Algumas construtoras atentas a essa tendência já começam a pensar no espaço do pet na planta do imóvel. O mercado passa a atender essas famílias. Há dez anos, quem diria que o segmento de dois quartos iria se tornar predominante no mercado imobiliário brasileiro?”, questiona Marcos Kahtalian, que deixa o alerta: “Se tudo mudou, se mudam as formas de viver e conviver, o mercado imobiliário tem de se ocupar em atender esse novo consumidor.”

Ouça a palestra:

Entrevistado
Reportagem com base na palestra de Marcos Kahtalian, sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, na 27ª edição da Feira de Imóveis do Paraná, promovida pela ADEMI-PR

Contato: ademipr@ademipr.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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