Sem mercado no Brasil, construtoras buscam obras no exterior
Quem está ganhando o mercado internacional são novos players da construção pesada nacional, em parceria com gigantes estrangeiras
Hidrelétrica na República Dominicana, metrô no Panamá, corredor rodoviário em Gana, barragem na Tanzânia e refinaria na Argentina. Sem obras de infraestrutura no Brasil, as empreiteiras brasileiras buscam viabilizar projetos no exterior. Agora, com uma diferença: precisam se mostrar competitivas, e sem contar com recursos do BNDES para construir fora do país. Até porque, o banco está formalmente impedido de financiar esse tipo de empreendimento, pois há uma ampla auditoria em curso no Tribunal de Contas da União.
Quem está ganhando o mercado externo são novos players da construção pesada, já que as tradicionais Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão precisaram se retirar, depois das investigações deflagradas pela operação Lava-Jato. Atualmente, essas empreiteiras têm apenas obras por finalizar – principalmente em países africanos. Antes consideradas multinacionais da construção civil, elas vivem um momento de reestruturação, sem data definida para que voltem a ter fôlego para competir no exterior, ainda que tenham desenvolvido know-how para grandes obras.
O vácuo deixado pelas gigantes hoje é ocupado por construtoras que foram buscar parceiros estrangeiros capazes de torná-las competitivas além das fronteiras do Brasil. Um exemplo é a Concremat Engenharia e Tecnologia, que faz parte do grupo China Communications Construction Company (CCCC). A empresa já coleciona obras no exterior. Entre elas, a barragem de Monte Grande, na República Dominicana; uma rodovia na Bolívia, uma linha de metrô no Panamá e obras de saneamento na Colômbia. Com perspectiva de crescimento de 5% em 2018, a empresa também busca negócios na Argentina, no Paraguai e no Peru.
Empresas nacionais já movimentaram US$ 64 bilhões em obras no exterior
Independentemente do sucesso das médias construtoras que crescem ocupando o espaço das envolvidas na Lava-Jato, o Brasil perdeu um terreno significativo no mercado internacional de construção, onde apenas 250 empresas costumam atuar. Segundo dados da consultoria Fitch Ratings, em 2014 a participação das empreiteiras brasileiras no mercado global da construção civil, estimado em US$ 500 bilhões por ano, chegou a US$ 64 bilhões, contabilizando apenas o estoque de projetos da Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. Além disso, atreladas às gigantes, 4.044 empresas nacionais – a maioria pequenas e médias – também passaram a operar no exterior, na condição de fornecedoras.
Em 2017, as obras das construtoras brasileiras em outros países geraram US$ 24 bilhões, o que mostra o quanto o mercado encolheu. A expectativa do setor é de que será preciso primeiro recuperar fôlego no mercado interno para depois buscar voltar a crescer internacionalmente. “Há uma demanda reprimida no Brasil. Passado o período eleitoral haverá muitas oportunidades. No primeiro semestre de 2019, o novo presidente deve implantar o plano de governo e focar nas reformas, mas no segundo semestre veremos projetos e, em 2020, esperamos bastante aumento em infraestrutura”, explica Eduardo Viegas, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Concremat, em entrevista ao jornal Diário Comércio e Indústria (DCI).
Entrevistado
Reportagem com base em relatórios das consultorias Strategy&Brasil, do grupo PwC, e Fitch Ratings e depoimento da direção da Concremat à imprensa de São Paulo
Contatos
infobr@fitchratings.com
info@pwc.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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