Selos sustentáveis chegam à infraestrutura no Brasil
Certificações atingem portos, aeroportos, setor de energia e gás, mas estão obtendo melhores resultados no segmento de rodovias
Certificações atingem portos, aeroportos, setor de energia e gás, mas estão obtendo melhores resultados no segmento de rodovias
Por: Altair Santos
Consolidados na área de edifícios corporativos e obras residenciais, os selos de construção sustentável não param de manter o foco no mercado brasileiro. Agora, a meta é atingir os projetos de infraestrutura. Certificações voltadas para portos, aeroportos, setor de energia e gás, além de rodovias, começam a desembarcar no país. O que avança com mais velocidade é o Greenroads, voltado para estradas sustentáveis. O interesse por esse selo, principalmente das concessionárias de rodovias que operam no Brasil, levou a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a desenvolver a certificação Rodovias Verdes, que segue os requisitos da certificação norte-americana.
Entre as exigências para obter a certificação, as estradas precisam ter pavimento permeável, ciclovias ao longo de sua extensão, sistema de coleta de água da chuva, sinais de trânsito inteligentes, calçadas e geradores de energia que possam ser utilizados na iluminação artificial, entre outros equipamentos. As principais vantagens de ter o selo sustentável, explica a arquiteta Myriam Tschiptschin Francisco, são a redução do impacto ambiental, o que facilita na obtenção e aprovações legais, a diminuição de custos operacionais e de manutenção (em torno de 35%) e a vantagem competitiva para conseguir concessões e contratos de PPPs (Parcerias Público-Privada). “Outro componente é que estradas com esses requisitos tendem a ter apoio da opinião pública”, destaca a líder do núcleo de urbanismo e infraestrutura sustentável da CTE (Centro de Tecnologia e Edificações).
Nos Estados Unidos, o Greenroads nasceu em 2010. “Lá, as obras públicas são as que mais buscam essa certificação, ao contrário do Brasil, onde as concessionárias é que mais se interessam por esse diferencial”, diz Myriam Tschiptschin. As primeiras estradas com a certificação estão na Califórnia, como a Monterey Road. Atualmente, 38 rodovias já possuem o selo. A maioria está nos Estados Unidos e no Canadá. Em 2015, a Austrália foi o terceiro país a aderir à certificação. Entre os requisitos que o selo exige, os principais são:
– Calçadas com rampas e ilhas para pedestres entre uma via e outra
– Ciclovias
– Substituição do sistema de esgoto sanitário, caso não atenda as normas técnicas
– Uso de pavimento permeável
– Sistema que receba as águas pluviais independente da tubulação que recebe o esgoto
– Sinais de trânsito conectados a controlados, para melhorar o fluxo de tráfego
– Iluminação com lâmpadas de LED, certificadas pela Illuminating Engineering Society
No Brasil, nenhuma rodovia tem selo
A certificação Rodovias Verdes segue os mesmos requisitos do Greenroads, mas busca agregar mais apêndices tecnológicos, como misturas asfálticas especiais, aplicação de resíduos na construção rodoviária, uso de nanotecnologia aplicada na construção rodoviária, redução de ruído em rodovias, desempenho de pavimentos e reciclagem de pavimentos. O modelo de certificação foi elaborado por professores, alunos de graduação e de pós-graduação do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a coordenação do professor-doutor Glicério Trichês. Apesar dos esforços, até hoje nenhuma rodovia brasileira possui selo de sustentabilidade.
Entrevistada
Arquiteta Myriam Tschiptschin Francisco, líder do núcleo de urbanismo e infraestrutura sustentável da CTE (Centro de Tecnologia e Edificações) (com base em palestra concedida no Sobratema Summit)
Contato
media@greenroads.org
www.greenroads.org
ecv1gtri@ecv.ufsc.br
http://rodoviasverdes.ufsc.br
Crédito Fotos: Greenroads e Cia. de Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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