Construção civil antevê ambiente para voltar a crescer

Projeções recentes estimam PIB positivo de 0,5% para o setor, ao final de 2017. Mercado imobiliário deve ser o primeiro a sair da crise

Projeções recentes estimam PIB positivo de 0,5% para o setor, ao final de 2017. Mercado imobiliário deve ser o primeiro a sair da crise

Por: Altair Santos

Queda dos juros, resoluções de impasses – como o da terceirização – e a retomada das privatizações sinalizam que a construção civil brasileira, após três anos de crise, pode começar a conviver com um ambiente de crescimento a partir do segundo semestre. Estudo da coordenação de projetos da construção da Fundação Getúlio Vargas mostra que o PIB do setor deve fechar 2017 com 0,5% de crescimento. Segundo a pesquisadora Ana Maria Castelo, “a expansão ainda é pequena, mas, se for alcançada, já representará uma evolução significativa frente à baixa dos anos anteriores”. O PIB do setor encolheu 5,2% em 2016, 6,5% em 2015 e 2,1% em 2014.

Números indicam que PIB da construção vai sair do vermelho em 2017
Números indicam que PIB da construção vai sair do vermelho em 2017

A economista da Fundação Getúlio Vargas alerta que “será um processo lento de retomada, marcado ainda por muitas incertezas”. Ela se refere à tramitação das reformas estruturais no Congresso e às instabilidades políticas. No entanto, vê a retomada de fôlego do mercado imobiliário, principalmente em função de ações concretas para reativar o programa Minha Casa Minha Vida, como o anúncio do governo de contratar 600 mil novas unidades em 2017. A elevação do limite do FGTS destinado à compra de moradias também é apontada como um estímulo importante. Quanto ao setor de infraestrutura, o mais recente contingenciamento do orçamento desestimula pensar que o governo irá lançar novos projetos.

O que pode caminhar, e aquecer o segmento de infraestrutura, é a consolidação do programa de concessões. O governo federal lista 55 projetos, que podem gerar R$ 45 bilhões. “Precisamos fazer logo isso, porque o que mais almejamos é o combate ao desemprego”, destacou o presidente Michel Temer, em recente discurso, ao indicar que o programa de concessões possa gerar 200 mil novos empregos diretos e indiretos na construção civil. Porém, com exceção dos aeroportos recentemente leiloados, existem apenas outros sete editais de concessão encaminhados.

Queda de juros
Ana Maria Castelo afirma que é importante que o crescimento dê sinais concretos, já que os números positivos vistos recentemente estão assentados principalmente em expectativas. Um exemplo está nos índices de confiança do setor da construção que vêm subindo desde janeiro de 2017. “A melhora das expectativas, combinada a uma percepção menos negativa sobre a situação atual, contribuiu para que a confiança volte. Ainda assim, não é possível dar como certo o fim do ciclo recessivo no setor, pois o aumento da confiança continua amparado muito mais nas expectativas do que na melhora de fato dos negócios”, ressalta.

Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, um bom sinal – e que poderá compensar a lentidão do governo em retomar projetos de infraestrutura – pode vir da queda da taxa básica de juros a um dígito a partir do segundo semestre. “Isso vai permitir ao mercado ter mais disponibilidade de recursos para financiamentos, com juros menores. Mas 2017 será apenas o começo da virada. Em 2018, sim, virá um crescimento robusto”, acredita, fazendo coro com todas as projeções que mostram que o pior da crise parece já ter passado.

Entrevistados
– Economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas)
– Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) (via assessoria de imprensa)

Contatos
ana.castelo@fgv.br
imprensa@abecip.org.br

Crédito Foto: Radiobras

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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