Prédio com fachada de vidro terá que proteger pássaros
Estados Unidos trabalham em certificação que busca minimizar acidentes, os quais matam, por ano, cerca de 750 milhões de aves
Estados Unidos trabalham em certificação que busca minimizar acidentes, os quais matam, por ano, cerca de 750 milhões de aves
Por: Altair Santos
O US Green Building Council (USGBC), principal certificadora de prédios verdes do mundo, vai criar um selo específico para edifícios com fachadas envidraçadas. O objetivo é minimizar a mortandade de pássaros que se chocam contra os vidros – principalmente os espelhados, que refletem imagens e desorientam as aves, causando colisões fatais. Dados apresentados pela US Fish and Wildlife Service (agência governamental dos Estados Unidos de proteção aos animais) revelam que no mundo morrem cerca de 750 milhões de aves por ano, por causa de acidentes contra fachadas envidraçadas.
Nos EUA, onde as estatísticas são mais acentuadas – 40% dos números globais, segundo a US Fish and Wildlife Service -, alguns edifícios têm equipes próprias para resgatar aves acidentadas ou recolher as que morrem e caem nas áreas do entorno dos prédios. No país, ONGs de proteção aos animais também se associaram à USGBC para ajudar a elaborar a certificação para prédios envidraçados. Além disso, dentro do Bronx Zoo, em Nova York, foi construído um centro de pesquisa, a fim de estudar o que causa a desorientação das aves quando elas se aproximam de fachadas envidraçadas.
Os primeiros requisitos para a certificação, que deve entrar em vigor ainda em 2017, já estão definidos. A classificação segue um padrão estabelecido de acordo com a capacidade de reflexão. Fachadas com fator de ameaça igual ou inferior a 15 não precisarão se submeter à certificação. Neste caso, significa que o vidro permite aos pássaros distinguirem o ambiente interno da edificação do ambiente externo. De acordo com a certificação, quanto maior o fator de reflexão, mais risco ele oferece às aves. A USGBC definiu o fator 75 como o topo da escala e, portanto, o mais perigoso.
O estudo desenvolvido no centro de pesquisa do Bronx Zoo também detectou que a maioria das colisões de aves com paredes envidraçadas se dá na faixa de 10 metros a 20 metros de altura, em relação ao solo. Significa que os primeiros 10 pavimentos de um edifício oferecem mais risco aos pássaros que os andares mais elevados. A certificação vai propor que vidros menos reflexivos sejam utilizados pelo menos até o oitavo andar de cada edificação.
Película anticolisão
A pesquisa concluiu que as aves costumam colidir quando realizam voos rasantes em busca de alimento. Ao ver a imagem refletida, elas a confundem com um rival pela caça e vão de encontro à fachada. Como não têm noção de que o vidro é um material sólido, se chocam e acabam morrendo ou se ferindo. As colisões também acontecem quando as aves iniciam o procedimento de voo, seja partindo de árvores ou do chão. Ao verem o céu refletido na fachada do edifício, elas não identificam a imagem como um obstáculo e acabam batendo contra a parede envidraçada.
Paralelamente aos estudos desenvolvidos para a certificação do USGBC, o Instituto de Engenharia da Universidade de Smith produziu uma película para aplicar sobre as fachadas de vidro, cujos resultados conseguiram reduzir em 90% os choques de aves contra os prédios do campus localizado em Massachusetts, nos Estados Unidos. O material é mais opaco e possui listras verticais a cada 10 centímetros, o que permite que os pássaros interpretem como um obstáculo e evitem o choque contra as paredes envidraçadas. “Foi uma solução que minimizou muito os acidentes no campus”, diz Gary Hartwell, gerente de projetos da Universidade de Smith. A película foi patenteada e já está em produção para ser comercializada nos EUA.
Veja vídeo que mostra ave colidindo contra fachada de vidro
Entrevistados
US Green Building Council (USGBC) (via assessoria de imprensa)
Gary Hartwell, gerente de projetos da Universidade de Smith-EUA (via departamento de comunicação)
Contatos
info@usgbc.org
facmgmnt@smith.edu
Crédito Fotos: USGBC e Smith.edu
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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