Túnel ferroviário no Tibete é eleito o melhor do mundo

Obra com quase 33 quilômetros de comprimento foi construída a 3,6 mil metros de altura, por dentro de cordilheira na China

Obra com quase 33 quilômetros de comprimento foi construída a 3,6 mil metros de altura, por dentro de cordilheira na China

Por: Altair Santos

O novo túnel Guanjiao, cuja construção começou em 2007 e terminou dia 28 de dezembro de 2014, foi eleito o melhor do mundo de 2015, pela International Tunnelling and Underground Space Association (Associação Internacional de Túneis). A premiação está em sua segunda edição e elege sempre as obras finalizadas no ano anterior. Como o Guanjiao foi inaugurado faltando três dias para 2015, entrou no rol de projetos da temporada passada.

Portal de entrada do novo túnel Guanjiao, na China: encravado na cordilheira do Tibete
Portal de entrada do novo túnel Guanjiao, na China: encravado na cordilheira do Tibete

O empreendimento com 32,690 quilômetros de comprimento faz parte do complexo ferroviário que liga as províncias de Xining a Qinghai. O túnel corta a cordilheira do Tibete e os desafios para construí-lo é que garantiram sua eleição entre as obras com custo acima de 500 milhões de euros – o valor em reais foi de 2,480 bilhões. O canteiro para a construção do túnel Guanjiao foi instalado a 3,6 mil metros de altitude.

A geologia das rochas também exigiu que boa parte das escavações fosse por detonação, em vez do uso de TBM (Tunnel Boring Machine) – conhecido no Brasil como “tatuzão”. Houve pouca aplicação de concreto para revestir o túnel, pois ele tem uma hidrogeologia complexa. As escavações mostraram que seria preciso um sistema de drenagem para retirar diariamente 320 mil m³ de água, que vêm do gelo acumulado na cordilheira do Tibete e que acaba derretendo e penetrando na rocha. Por isso, a solução foi revestir o túnel com material polimérico (plástico).

Linha 4 do metrô do Rio
Além do novo túnel Guanjiao, a China ganhou também o prêmio de projeto do ano, concedido à construção da estação Chongqing, que liga duas linhas de metrô na cidade. O desafio da obra é que ela precisou atingir a profundidade de 760 metros para não comprometer as estruturas dos edifícios que estão em seu entorno. A estação está envolvida por grandes elementos de concreto, que alcançam 8,6 metros de largura para poder suportar a sobrecarga do terreno.

Outra obra de metrô eleita pela Associação Internacional de Túneis foi a linha 4 do metrô do Rio – principal complexo de mobilidade urbana para os jogos olímpicos de 2016. A obra ganhou o prêmio de inovação tecnológica, pois durante as escavações foi encontrado um “banco de areia” entre as rochas, o que exigiu o emprego de uma nova geração de tuneladoras, conhecida como EPB. O equipamento é apropriado para escavar terrenos arenosos.

A remodelação da estação Vauxhall do metrô de Londres também foi contemplada, por causa do novo túnel de concreto armado construído para dar acesso aos usuários da linha. Outra obra premiada foi a que envolve o programa de despoluição do rio Emscher, na Alemanha. Um túnel de 47 quilômetros vai captar os resíduos da mineração de carvão – uma das atividades econômicas da região – e conduzir o material a uma estação de tratamento, impedindo que materiais poluentes sejam lançados no rio.

A premiação também escolheu o melhor engenheiro especialista em túneis. Venceu o profissional da Malásia, Derek Eng. Ele concorreu com outros cinco especialistas, entre eles o brasileiro Marlísio Oliveira Cecílio Júnior. Também estavam na disputa Mehdi Bakhshi, dos Estados Unidos; Oh Jinnie e Senthilnath G.T, de Cingapura, e Jiang Chao, da China.

Entrevistado
International Tunnelling and Underground Space Association (Associação Internacional de Túneis) (via departamento de comunicação)

Contatos
awards@ita-aites.org
www.ita-aites.org

Crédito Foto: Divulgação/Governo da China

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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