Sistemas industrializados, enfim, chegam à maturidade

Interação tecnológica permite reduzir tempo de execução das obras, dá maior previsibilidade aos custos e minimiza geração de resíduos

Interação tecnológica permite reduzir tempo de execução das obras, dá maior previsibilidade aos custos e minimiza geração de resíduos

Por: Altair Santos

Os diversos sistemas industrializados usados pela construção civil brasileira alcançaram a maturidade e já conseguem conviver harmonicamente nas questões técnicas. As principais vantagens desta comunicação entre tecnologias são, basicamente, redução de tempo na execução das obras, manutenção da qualidade final do empreendimento, redução e previsibilidade dos custos, além de menor geração de resíduos e redução de consumo de energia. Essas observações fizeram parte da palestra que o presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Walter Cover, fez no Construction Summit, realizado de 15 a 16 de junho, em São Paulo-SP.

Walter Cover: sistemas industrializados entenderam que saída está nas soluções mistas
Walter Cover: sistemas industrializados entenderam que saída está nas soluções mistas

Walter Cover disse que o nível de maturidade alcançado se deve ao fato de que houve o entendimento dos operadores dos sistemas industrializados de que eles não conseguem sobreviver sozinhos. “Ao contrário do passado, quando se vivia um clima semelhante a uma guerra, hoje todos os sistemas industrializados entendem que a tendência é de soluções mistas”, afirma o presidente da ABRAMAT. Segundo o dirigente, isso já é realidade em projetos de galpões industriais, de supermercados, shopping centers e hotéis. Alicerçados em estruturas pré-moldadas de concreto, a maioria desses empreendimentos passou a agregar tecnologias como paredes de vedação em drywall e estruturas prontas de aço para as coberturas.

Para a ABRAMAT, a construção industrializada tornou-se um tema prioritário. Segundo Walter Cover, dois motivos levam a esse movimento: o aumento da produtividade e o incentivo à formalidade na construção civil. “Os sistemas industrializados exigem conformidades técnicas e mão de obra especializada, além do cumprimento de normas fiscais, técnicas e trabalhistas, que minimizam o risco de informalidade nos canteiros de obras”, diz o dirigente, que afirma que a crise econômica tem alavancado esses sistemas. “A necessidade de enxugar custos e de acelerar os processos leva ao aumento da demanda pela construção industrializada”, completa.

Vantagens podem superar empecilhos

Há muito espaço para que a construção industrializada cresça no Brasil, mas é necessário romper obstáculos. O principal são as barreiras tributárias. Em seguida, é importante melhorar a produtividade da construção civil no país. “Temos um gap em relação a outros setores da indústria nacional e, comparativamente a países desenvolvidos, esse gap é três vezes maior no que se refere à produtividade na construção civil”, cita Walter Cover, usando dados de 2003 a 2013. “Neste período, a produtividade da construção civil nacional cresceu 20%, enquanto na China e na Índia, apenas para comparar com os BRICS, os números dispararam. No caso dos chineses, o aumento foi superior a 100% no mesmo período”, ressalta Walter Cover.

O presidente da ABRAMAT destaca ainda que, entre os empecilhos, está também a logística, já que as rodovias e as ferrovias do país dificultam o deslocamento das peças industrializadas, principalmente as pré-fabricadas de concreto. Além disso, a legislação entre estados é outra dificuldade para a industrialização na construção civil. Mas Walter Cover assegura que as vantagens, aos poucos, se sobrepõem às dificuldades. “Estamos falando de rapidez na obra, baixa geração de resíduos e qualificação de todos os segmentos envolvidos”, finalizou.

Veja conteúdo da palestra.

Entrevistado
Walter Cover, engenheiro agrônomo, Ph.D em economia agrícola e presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)

Contato
abramat@abramat.org.br

Crédito Foto: Divulgação/Construction Summit

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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