Construção civil tem QG tecnológico em Ponta Grossa
Com a conclusão do IST na cidade paranaense, setor ganha impulso para aprimorar materiais, investir em inovação e testar sistemas construtivos
Com a conclusão do IST na cidade paranaense, setor ganha impulso para aprimorar materiais, investir em inovação e testar sistemas construtivos
Por: Altair Santos
Em operação plena, o Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil (IST), localizado na cidade de Ponta Grossa-PR, dispensa a modéstia. Segundo um de seus coordenadores, José Rossa Júnior, o objetivo é torná-lo referência nacional e internacional. Com especialistas e equipamentos de novíssima geração, o IST já atende 200 empresas do setor, mas tem potencial para, a curto prazo, atender uma demanda três vezes maior. Confira por que na entrevista a seguir:
Após os laboratórios de cerâmica vermelha, concreto e argamassa e minerais, que estão em operação desde 2014, o IST de Ponta Grossa passa a contar com laboratórios de química, tecnologias construtivas e desenvolvimento de novos produtos na área da construção civil. O que isso representa para o mercado da construção civil?
Representa um suporte para auxiliar no desenvolvimento das indústrias do setor. No IST (Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil do Paraná) as indústrias encontrarão infraestrutura laboratorial completa, com equipe técnica qualificada, que trarão a solução completa para atender a todas as demandas do setor. Desde serviços mais simples, como ensaios de resistência à compressão, a desenvolvimentos e otimizações de produtos.
O IST dará suporte à indústria da construção civil, através de consultorias especializadas, ensaios laboratoriais e pesquisas?
Em consultorias, o IST atua nas seguintes áreas:
– PSQs (Programas Setoriais da Qualidade)
– Melhoria no processo produtivo
– Implantação, adequação e manutenção do PBQP-H
– Lean Construction
– BIM (Building Information Modeling)
– Avaliação e adequação de projetos em relação à Norma de Desempenho
– Elaboração de catálogos técnicos, manual de uso, operação e manutenção das edificações
Em metrologia, atendemos toda a cadeia da construção civil, analisando desde insumos, como areia, brita, cal e cimento, passando por produtos acabados como concreto, argamassas, artefatos de cimento, cerâmicas, solos e pavimentação, completando o ciclo com a avaliação de sistemas e edificações para atendimento ao escopo da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575). Outra linha de atuação muito forte do IST é a de inovação, onde atuamos em pesquisa aplicada às indústrias do setor para o desenvolvimento de uma nova solução seja de produto ou processo, para torná-las mais competitivas elevando assim o nível do setor.
Em termos de equipamentos para os laboratórios, o IST possui máquinas de última geração?
O IST possui infraestrutura laboratorial completa, com o que existe de mais moderno para serviços metrológicos nas áreas de agregados, química, cerâmica vermelha, concreto, argamassas e tecnologias construtivas. Exemplificando: acabamos de realizar a instalação de dois novos equipamentos de fluorescência e difração de raios-X, da marca Panalytical, que serão utilizados transversalmente em todas as áreas acima citadas. E os investimentos não param. Para atendimento à Norma de Desempenho estamos trabalhando nos projetos dos
equipamentos que serão desenvolvidos exclusivamente para o IST. Hoje já contamos com os equipamentos para avaliação de estanqueidade e choque térmico de alvenarias, além das medições de acústica com equipamentos da Bruel, que é referência mundial.
O IST tem a ousadia de se colocar como o mais avançado na área de construção civil do sul do país?
Sem dúvida alguma o IST de Construção Civil do Paraná está entre os principais centros de serviços metrológicos, consultorias e inovação para o setor de construção civil do país, e para
reforçar nossa capacidade de atendimento contamos com o apoio da rede Senai e parceiros em âmbito regional, nacional e internacional.
Em termos de pesquisas inovadoras, já existe alguma sendo processada no IST?
Existem vários projetos que já foram executados e outros que estão em execução. Em linhas gerais, trabalhamos principalmente com a incorporação de resíduos ou subprodutos, agregando novas funcionalidades a produtos já existentes ou, como é o caso do projeto atual, onde estamos utilizando dois subprodutos industriais, que isoladamente gerariam um grande impacto ambiental. Além disso, estamos desenvolvendo um novo tipo de revestimento que será utilizado no setor da construção civil.
Quantas empresas já são atendidas no IST, e quantas ele tem potencial de atender?
Em dois anos de atuação já atendemos mais de 200 indústrias, e a expectativa é de que esse número seja triplicado.
O IST tem capacidade de atender toda a região sul ou ele se concentrará no Paraná?
Hoje a estrutura laboratorial para a área de construção civil está bem defasada. Temos poucas opções bem equipadas e que atendam os requisitos normativos de climatização, que requerem controle de temperatura, umidade e velocidade do vento. Aqueles laboratórios que
atendem a esses requisitos possuem uma grande demanda de serviços, fazendo com que o tempo de entrega seja elevado. Assim, a ideia é que o IST possa suprir essa demanda do setor não só na região sul, mas nacionalmente.
Parece que existe a possibilidade de o IST ganhar extensões em Maringá, Cascavel, Curitiba e Pato Branco? O que isso significará para as pesquisas?
Essas extensões que chamamos de polos avançados já existem em Maringá, Cascavel e Pato Branco. Eles foram criados para a realização de serviços de menor complexidade e de menor valor agregado, que por questões logísticas poderiam ficar inviáveis. A governança desses serviços, bem como os serviços de maior complexidade de todo o estado, é realizada no IST em Ponta Grossa.
Em termos de profissionais que atuam no IST, quantos são e qual a especialização?
Atualmente, contamos com 14 profissionais, todos graduados nas áreas de engenharia civil, de materiais e química. Entre eles, contamos com quatro mestres e um doutor. A expectativa é de que esse número chegue a 25 profissionais até 2021.
O IST também será um formador de novos pesquisadores?
Em nosso quadro contamos com Bolsistas CNPQ, da Fundação Araucária e estagiários que estão sendo preparados para se tornarem pesquisadores.
Entrevistado
Químico industrial e mestre em ciência dos materiais, José Rossa Júnior, coordenador STI (Serviços Tecnológicos e Inovação) do Senai de Ponta Grossa-PR
Contato: jose.rossa@pr.senai.br
Crédito Foto: Divulgação/Senai
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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