A 400 dias das Olimpíadas, obras não subiram no pódio
Construções avançam, mas em ritmo lento. Incógnita, agora, é saber qual o impacto que a Lava Jato causará nos empreendimentos para os jogos
Construções avançam, mas em ritmo lento. Incógnita, agora, é saber qual o impacto que a Lava Jato causará nos empreendimentos para os jogos
Por: Altair Santos
Em 1º de julho, dentro da contagem regressiva para as Olimpíadas de 2016, a cidade do Rio de Janeiro-RJ completou a marca de 400 dias para o início dos jogos. As obras no complexo olímpico avançam, mas ainda em ritmo lento. Se fossem atletas, daria para dizer que o desempenho não é suficiente para levá-las ao pódio. Porém, a Prefeitura do Rio e a Empresa Olímpica Rio 2016, que administram a construção dos empreendimentos, asseguram que o cronograma está adequado. Mas uma incógnita paira no ar: qual o impacto que a Operação Lava Jato causará no canteiro de obras dos jogos, já que boa parte das construtoras contratadas está envolvida no escândalo?
Recentemente, em visita ao local dos jogos, a presidente Dilma Rousseff refutou o risco de paralisação das obras. “Eu não vejo qual o impacto que a Lava Jato terá nas obras olímpicas. Eu não tenho nenhuma avaliação que mostra que exista algum impacto”, disse. No entanto, as empresas investigadas na operação detêm 73% do investimento em obras para o evento. Dos R$ 37,6 bilhões previstos no orçamento oficial das Olimpíadas de 2016, R$ 27,4 bilhões estão concentrados em obras tocadas por Odebrecht, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão e uma subsidiária da Camargo Correa, a CCR. O receio é que o Ministério Público Federal possa pedir a paralisação das obras para revisar contratos.
Estão a cargo das empreiteiras denunciadas na Lava Jato as seguintes obras:
Camargo Correa, através da CCR
– VLT do Porto (R$ 1,188 bilhão) e Transolímpica (R$ 1,806 bilhão).
Mendes Júnior
– Desvio do Rio Joana, para a contenção de enchentes na área do Maracanã (R$ 185,94 milhões).
OAS
– Parque de Deodoro (R$ 647,1 milhões), revitalização da região portuária (R$ 8,2 bilhões), construção de reservatórios contra enchentes (R$ 421 milhões) e limpeza das lagoas da Barra (R$ 673 milhões).
Odebrecht
– Parque Olímpico (R$ 1,678 bilhão), Vila dos Atletas (R$ 2,909 bilhão), construção do VLT do Porto (R$1,188 bilhão), Transolímpica (R$ 1,806 bilhão), duplicação do Elevado do Joá (R$ 459,88), saneamento da zona oeste do Rio (R$ 431 milhões), revitalização do porto (R$ 8,2 bilhões) e Linha 4 do metrô (R$ 8,890 bilhões).
Queiroz Galvão
– Parque de Deodoro (R$ 647,1 milhões), Linha 4 do Metrô (R$ 8,890 bilhões) e limpeza das Lagoas da Barra (R$ 673 milhões).
Segundo o balanço de maio, apresentado pela Empresa Olímpica Rio 2016, 100% dos projetos de execução contratados para o Parque Olímpico da Barra da Tijuca já estão com os serviços iniciados. Neste complexo, que irá concentrar a maior parte das atividades esportivas, além da Vila dos Atletas, nenhuma obra está com atrasos significativos. A construção do velódromo e do Centro Olímpico de tênis são as mais lentas e demonstram que não ficarão prontas até o final do quarto trimestre de 2015, como prevê o cronograma. No entanto, tendem a ser entregues no começo de 2016. Já as mais adiantadas são a Arena do Futuro e a Arena Carioca – conjunto de três ginásios que irá concentrar desde jogos de basquete até duelos de esgrima.
Um milhão de m³ de concreto
O ponto crítico das obras para os jogos olímpicos está no complexo esportivo de Deodoro. O local abrigará 11 modalidades e nenhuma obra ficará pronta antes do primeiro trimestre de 2016. Outro empreendimento que só estará 100% concluído no ano que vem será a Vila dos Atletas. São 31 prédios residenciais divididos em sete condomínios, com 3.604 apartamentos de dois, três e quatro dormitórios. Há atrasos também na readequação do Riocentro para os jogos e nas melhorias do Estádio Olímpico, que será o mesmo usado no Pan de 2007.
Também há um impasse quanto ao Maracanã. O COI (Comitê Olímpico Internacional) pede adequações e a prefeitura do Rio de Janeiro afirma que não fará mais obras no local. O certo é que a pira olímpica irá acender no estádio no dia 5 de agosto de 2016. Até lá, somando todas as obras – incluindo as de infraestrutura e as de mobilidade urbana -, prefeitura e governo do Rio de Janeiro estimam que o volume de concreto a ser produzido para viabilizar os jogos deverá passar de 1 milhão de m³.
Para dar conta de tanto concreto, há centrais montadas nos locais das obras que trabalham ininterruptamente para processar, cada uma, 65 m³/h. Além dos complexos esportivos, elas fornecem material para as obras de mobilidade espalhadas pela cidade. A saber: linha 4 do metrô (120 mil m³), quatro linhas de BRT (Bus Rapid Transit) (70 mil m³), 28 quilômetros de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) (23 mil m³) e recuperação e construção de 60 obras de arte (viadutos e pontes), além da abertura de três túneis.
Entrevistados
Empresa Olímpica Rio 2016, Secretaria de Obras do Governo do Rio de Janeiro (SEOBRAS) e Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos (via assessoria de imprensa)
Contatos
imprensa@empresaolimpica.rio.rj.gov.br
imprensa@obras.rj.gov.br
pressroom@rio2016.com
Créditos Fotos: André Motta/Ministério dos Esportes, Fernando Frazão/Agência Brasil e Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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