ABRAMAT completa 10 anos e fortalece construção civil
A partir do surgimento da entidade, indústria brasileira do setor passou a investir continuamente em tecnologia, mas ainda sofre com “Custo Brasil”
A partir do surgimento da entidade, indústria brasileira do setor passou a investir continuamente em tecnologia, mas ainda sofre com “Custo Brasil”
Por: Altair Santos
Fundada em 2004, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) tornou-se, neste período, referência institucional na defesa dos interesses do setor. Em 10 anos, ela vem atuando como interlocutora junto ao poder público e à sociedade, e influenciando na adoção de medidas e políticas que ampliem a atividade da construção. A ABRAMAT tem como associadas as principais empresas do segmento, líderes em vendas, produtividade, qualidade e inovação tecnológica.
Para Walter Cover, presidente da associação, a ABRAMAT trabalha em conjunto com seus associados e parceiros para o desenvolvimento da construção civil no Brasil. Os números divulgados pela entidade geram estatísticas do setor que auxiliam ações, fomentando a demanda para o crescimento social, equilibrado e sustentável no país. Ainda que 2014 apresente desempenho abaixo do esperado, Cover acredita na retomada do crescimento em 2015, desde que o Custo Brasil seja minimizado. Confira a entrevista:
A ABRAMAT completou recentemente 10 anos de atuação. Quais avanços obtidos pelo setor o senhor destaca neste período?
Nesses 10 anos destacamos que o setor da construção apresentou um avanço muito significativo. A escala de produção aumentou fortemente. Houve grandes avanços na oferta de crédito ao consumidor, tanto para aquisição de imóveis, como para reformas e aquisição de materiais, além da retomada de política habitacional voltada à habitação de interesse social, com a criação do Programa Minha Casa Minha Vida, investimentos nas obras de infraestrutura, através do PAC, e estímulos para o setor, principalmente com a desoneração tributária (IPI dos materiais e desoneração de folha de pagamentos).
Atualmente, dentro da cadeia produtiva da construção civil, quais setores estão ligados à ABRAMAT?
A ABRAMAT é uma associação que reúne indústrias de materiais de praticamente todos os segmentos, tanto materiais básicos como de acabamento. Entre os segmentos, podemos destacar aço, cimento, argamassas, impermeabilizantes, tubos e conexões, esquadrias, vidros, coberturas, louças, acessórios e metais sanitários, revestimentos cerâmicos, pisos vinílicos, drywall, materiais elétricos, fios e cabos elétricos.
Quais produtos são lideres de venda atualmente, dentro da cadeia produtiva que envolve a ABRAMAT?
A ABRAMAT não tem estatísticas de vendas de segmentos específicos. Só trabalha com acompanhamento das vendas totais da indústria de materiais e dos grupos de materiais básicos e materiais de acabamento. Em 2014, os produtos de acabamento tiveram desempenho melhor que os produtos de base.
A ABRAMAT sempre procurou incentivar seus associados a investirem em qualidade e inovação tecnológica. Hoje, os produtos brasileiros se equivalem aos padrões internacionais?
Sim. As indústrias brasileiras líderes em seus segmentos investem continuamente em tecnologia de produção, em inovação e estão atualizadas em relação ao que há de mais avançado no mundo para seus produtos. Boa parte das empresas tem unidades fora do país também e parte delas exporta para diversos países, atendendo aos padrões exigidos.
Ao longo destes dez anos, qual o período mais próspero e qual o período de menor crescimento a cadeia produtiva ligada à ABRAMAT enfrentou?
A ABRAMAT tem o seu próprio índice, que o Índice ABRAMAT do Mercado Interno. Por ele, o melhor ano foi 2010, com expansão de 14,4%. O pior foi 2009, com redução de 8,8%, no auge da crise internacional. Em 2014, até setembro, a queda foi de 6,5%.
Dentro do que é considerado “Custo Brasil”, o que mais atrapalha o crescimento do setor ligado à ABRAMAT?
Difícil isolar um só fator. Os mais importantes são excessiva carga tributária, juros altos, câmbio muito valorizado e infraestrutura insuficiente e cara.
O senhor acredita que é possível recuperar as perdas de 2014 no 4º trimestre?
Infelizmente, não conseguiremos recuperar as perdas de venda como um todo. Projetamos que fecharemos o ano com uma queda de 3% a 4%, comparado a 2013.
Por que as vendas caíram?
Pelos dias perdidos de venda na Copa do Mundo e os feriados gerados pelo evento, pelo pessimismo generalizado de consumidores e empresas em relação à economia, pelos atrasos nas obras de infraestrutura e pela queda do consumo em função dos juros altos e falta de confiança.
Quais as perspectivas para 2015?
São melhores que 2014. O Minha Casa Minha Vida deverá ser mais vigoroso, as obras das concessões leiloadas em 2014 devem ser executadas, o consumo deverá aumentar com a redução das incertezas, o câmbio mais desvalorizado deve favorecer as exportações e teremos as obras relacionadas com as Olimpíadas no Rio.
Nos próximos 10 anos, quais as metas traçadas pela ABRAMAT?
São dez: redução do Custo Brasil e aumento da produtividade setorial; integração dos agentes da cadeia produtiva e ambiente de negócios cooperativo; políticas públicas permanentes; valorização da inovação; construção ambiental e socialmente sustentável; atendimento às necessidades dos clientes; força de trabalho capacitada e comprometida; tecnologias da informação e comunicação; produção fora do canteiro de obras e eficiência dos processos de produção.
Entrevistado
Walter Cover, Engenheiro agrônomo, Ph.D em economia agrícola e presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).
Contato: abramat@abramat.org.br
Crédito Foto: Divulgação/ABRAMAT
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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