Obras de infraestrutura estimulam setor de seguro

Know-how das seguradoras ajuda a mapear riscos das construções de grande porte, principalmente as envolvidas em licitações e realizadas em consórcio

Know-how das seguradoras ajuda a mapear riscos das construções de grande porte, principalmente as envolvidas em licitações e realizadas em consórcio

Por: Altair Santos

Os altos investimentos em obras de infraestrutura no país têm feito o setor de seguros não apenas crescer, mas adotar novos modelos de relacionamento com a engenharia. As seguradoras estão indo além do que oferecer prêmios que estimulem as construtoras a proteger suas obras. Elas hoje se tornaram parceiras das etapas de construção, ofertando parceria na gestão de risco do empreendimento.

Carlos Almeida: gestão de risco dá maior segurança para tomar decisões durante a obra

Ao serem contratadas para segurar uma construção, as seguradoras passaram a utilizar uma ferramenta chamada de matriz de risco. A função é mapear as ameaças a que a obra está sujeita e propor tratamentos. “Sem conhecer e identificar os principais riscos, as soluções aplicadas podem conter falhas ou estar inadequadas para a exposição”, explica Carlos Almeida, diretor da Universal RE Seguros, e que recentemente palestrou no Sobratema Workshop 2014.

Segundo Almeida, a matriz de risco está diretamente relacionada com cumprimento de orçamento e cronograma de uma obra. “Ela traz informações que dão maior segurança para tomar decisões, pois minimiza o risco acidental, súbito e imprevisto. Na maioria das vezes, o que é mapeado é o elemento humano, mais do que o elemento físico. Já existe a convicção de que investir em elemento humano reduz a gestão de risco“, afirma o especialista, citando o monotrilho em construção em São Paulo-SP como exemplo de uma obra que implantou a matriz de risco.

De acordo com Carlos Almeida, há uma tendência ainda maior de que a gestão de risco seja cada vez mais abrangente por parte das seguradoras. O motivo é a probabilidade de a lei 8.666, que define o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) passar a nortear todas as licitações públicas. Na essência, a lei, que foi criada para acelerar as obras dos estádios e de mobilidade urbana para a Copa do Mundo, tira do contratante – no caso o governo – o peso de assumir o risco da obra e transfere integralmente para a construtora.

Monotrilho em construção em São Paulo: obra em que o seguro ajudou a melhorar o desempenho do canteiro de obras

Mais produtividade
Outro fator que acelera a busca por esse modelo de seguro é o posicionamento das construtoras brasileiras em alcançarem o máximo da produtividade e competitividade em suas obras. “Sem conhecer e identificar os principais riscos, as soluções aplicadas podem conter falhas ou estar inadequadas para a exposição”, explica Almeida, completando que a correta elaboração da matriz de riscos vai assegurar que a obra tenha andamento previsível, seguro e sem sobressaltos. “Surpresas desagradáveis podem ser evitadas.”

No entender do especialista, essa preocupação das empresas ligadas à construção civil em apresentar melhor performance está ligada à expectativa do mercado, que projeta o investimento de R$ 1,19 trilhão em obras de infraestrutura até 2018, sobretudo em segmentos como óleo e gás, transporte, energia e saneamento. Isso faz o mercado de seguros de risco de engenharia viver um momento de aquecimento. Entre 2010 e 2011, a carteira mais que dobrou, indo de R$ 460 milhões a R$ 912 milhões. Estabilizou em 2012 e 2013, mas o setor avalia que avançará fortemente nos próximos quatro anos.

Entrevistado
Engenheiro mecânico Carlos Eduardo Almeida, graduado pela Brigham Young University-EUA e atualmente diretor da Universal RE Corretores de Resseguro
Contato: carlos.almeida@universalre.com.br

Crédito Foto: Divulgação/SPTrans/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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