Obras da Copa têm menos de 200 dias para ficar prontas
Seis estádios estão em fase de conclusão e dos 108 projetos de mobilidade urbana prometidos somente 40% devem ser entregues até junho de 2014
Seis estádios estão em fase de conclusão e dos 108 projetos de mobilidade urbana prometidos somente 40% devem ser entregues até junho de 2014
Por: Altair Santos
No dia 24 de novembro de 2013, a Copa do Mundo no Brasil entrou em contagem regressiva de 200 dias para o início do evento. Já era para o país estar na fase de acabamento para receber o torneio da Fifa, mas em alguns casos há obras que sequer saíram do papel. Entre estádios e projetos de mobilidade urbana, apenas os palcos dos jogos estão com as construções asseguradas – mesmo assim, com o cronograma apertado, como no caso de Curitiba e Cuiabá.
Para o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) isso se resume a falta de planejamento. “A contratação de bons projetos exige planejar bem, incluindo o prazo necessário para o seu desenvolvimento. Em países como Alemanha e Japão, esse prazo exige entre 40% e 50% do tempo a ser despendido com a execução da obra. No Brasil, essa relação chega a ser inferior a 10%”, analisa José Roberto Bernasconi, presidente da regional de São Paulo do organismo.
Nas 12 cidades escolhidas para sediar partidas da Copa do Mundo foram lançados 108 projetos voltados a obras de mobilidade urbana. Eles incluem empreendimentos que vão desde a extensão de avenidas até novas linhas de metrô, e tiveram seis anos para serem concluídos. Porém, apenas 20% das construções estão operando. Há ainda 81 projetos em execução, mas, na avaliação do Sinaenco, mais da metade deve ser finalizada depois do mundial, podendo se estender até 2018.
Entre os empreendimentos paralisados, destacam-se portos, aeroportos e obras viárias. “O Brasil foi escolhido para sediar a Copa 2014 em 30 de outubro de 2007. Esses sete anos de antecedência seriam mais do que suficientes para os governos, em todos os níveis, planejar o que precisaria ser feito, desenvolver estudos, contratar bons projetos e executar as obras necessárias, especialmente em mobilidade urbana. Porém, a ineficiência na gestão governamental é registrada pelo atraso nas obras”, critica Bernasconi.
A perspectiva é de que o Brasil receba a Copa do Mundo deixando apenas os 12 estádios como legado, além de muitas obras por fazer. “Em junho de 2009, o Sinaenco lançou um relatório intitulado ‘Vitrine ou Vidraça – Desafios do Brasil para a Copa 2014’. Pelo jeito, vamos virar vidraça para o resto do mundo”, completa José Roberto Bernasconi, lembrando que não faltaram alertas para evitar o cenário atual. “O setor de projetos de arquitetura e de engenharia está aí para alertar os administradores públicos. Foi o que tentamos fazer”, conclui.
Entre as capitais que sediarão a Copa do Mundo, Manaus é a que tem a menor avaliação em um ranking elaborado pelo Sinaenco. A cidade tende a não concluir nenhuma obra de mobilidade. A principal delas, um monotrilho ligando a região norte ao centro da capital amazonense, não será mais executada. Já Belo Horizonte é a que mais concluiu obras, com destaque para o BRT (Bus Rapid Transit) que ligará o aeroporto de Confins ao Mineirão. A expectativa é de que tudo esteja concluído no primeiro trimestre de 2014.
Com relação aos seis estádios ainda em obras, dois preocupam a Fifa: as arenas de Curitiba e de Cuiabá. No caso da Arena da Baixada, na capital paranaense, o modelo de gestão da obra emperrou o repasse do financiamento cedido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e a projeção mais otimista é que a obra só esteja 100% concluída em abril de 2014. No entanto, em 31 de dezembro de 2013, quatro estádios estarão totalmente prontos para o mundial: Beira-Rio, Arena Corinthians, Arena das Dunas e Arena Amazônia.
Entrevistado
Engenheiro civil e advogado José Roberto Bernasconi, presidente da regional de São Paulo do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinanenco) (via assessoria de imprensa)
Contato: sinaenco@sinaenco.com.br
Crédito: Divulgação/Sinaenco/Internacional/Secopa-RN/Edson Rodrigues/Secopa-MT/Sejel/CAP S/A/Odebrecht
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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