Venda de cimento vai romper 70 milhões de toneladas

SNIC projeta que marca será ultrapassada em 2013 e, se conjuntura econômica ajudar, país tem condições de atingir 100 milhões de toneladas no médio prazo.

SNIC projeta que marca será ultrapassada em 2013, por conta de obras contratadas em anos anteriores. Porém, atual conjuntura econômica deixa setor em alerta

Por: Altair Santos

No acumulado de 12 meses (agosto de 2012 a julho de 2013) a venda de cimento para o mercado nacional atingiu a marca de 69,184 milhões de toneladas. Os dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) são recordes históricos para o setor, o que alimenta a expectativa de que até dezembro a marca de 70 milhões de toneladas seja rompida. “As projeções nos fazem estimar que fecharemos 2013 com algo em torno de 71 milhões de toneladas vendidas”, calcula o presidente do SNIC, José Otávio Carneiro de Carvalho.

José Otávio Carneiro de Carvalho, do SNIC: gargalos da infraestrutura impedem crescimento maior.

Há uma ressalva, no entanto, nestes números otimistas. O próprio SNIC considera que o atual volume de produção de cimento está muito vinculado às obras contratadas em anos anteriores e que, durante 2013, começaram a sair do papel. Por isso, o sindicato não se atreve a fazer análises sobre como estará o setor em 2014. No máximo, estima que a indústria cimenteira fechará o ciclo de 2013 com crescimento de 4%, mas em viés de baixa. “No momento estamos revendo as projeções, mas a expectativa é de crescer 4%”, afirma José Otávio Carneiro de Carvalho.

Para o presidente do SNIC, alguns entraves insistem em impedir a expansão do setor. Entre eles, os gargalos que atrapalham o avanço de programas de infraestrutura e habitacionais. “Se a conjuntura fosse favorável, nossa capacidade instalada já permitiria ultrapassar cem milhões de toneladas por ano”, cita.

Por causa do cenário econômico, José Otávio Carneiro de Carvalho revela que algumas novas plantas, que haviam sido anunciadas, tiveram seus projetos revistos. No entanto, elas podem sair do papel caso o governo federal consiga viabilizar as concessões de rodovias e ferrovias. “Esses planos diminuiriam os gargalos de infraestrutura, ao mesmo tempo em que passariam a demandar mais cimento“, explica o presidente do SNIC, para quem a entrada de investimentos privados em estradas e linhas de trem é mais significativa do que o evento Copa do Mundo. “Para a indústria de cimento, as construções de estádios e as alegadas obras de mobilidade tiveram um impacto relativamente pequeno na venda total de nosso produto”, garante.

Independentemente de projetos não viabilizados, a indústria de cimento do Brasil se mantém na quarta colocação dentro do ranking mundial, levando em conta a produção e o consumo. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o SNIC, cerca de 25% do cimento fabricado no país vai para obras de infraestrutura e 75% para edificações. Para José Otávio Carneiro de Carvalho, o importante é que a indústria tem conseguido atender a demanda nacional produzindo um produto cada vez mais ecoeficiente. “Hoje, 10% da energia consumida para produzir cimento no Brasil é oriunda do coprocessamento de resíduos industriais. Porém, ainda há mais espaço para crescimento”, diz.

O presidente do SNIC finaliza que os desafios a médio e longo prazo para a indústria cimenteira nacional, além de perseguir os 100 milhões de tonelada/ano, são manter a competitividade, a eficiência e a baixa emissão de CO₂ na produção de cimento. “Além, é claro, de ajudar a construir a infraestrutura que o país precisa”, finaliza.

Veja o desempenho da indústria de cimento

Entrevistado
José Otávio Carneiro de Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Currículo
– José Otávio Carneiro de Carvalho é graduado em engenharia de produção pela PUC-RJ (1965)
– Em 1969, concluiu pós-graduação em engenharia econômica, na UFRJ
– Nos três primeiros anos de sua carreira, participou da montagem de uma fábrica de cimento no estado do Rio de Janeiro. No início da década de 70, trabalhou, como assessor da diretoria no BNDES
– Entre 1975 e 1978, integrou a equipe de assessoria econômica do então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen
– Passou a trabalhar como consultor de empresas e, desde 1982, atua no setor de cimento, onde prestou consultoria em diversos projetos
– Em 2001, foi convidado para o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) onde assumiu a função de secretário-executivo e depois tornou-se vice-presidente executivo da entidade
– No início de 2011, assumiu o cargo de presidente do SNIC
Contatos: www.snic.org.br / snic@snic.org.br / secretaria@snic.org.br
Créditos foto: Divulgação / SNIC

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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