Demora transforma obras de infraestrutura em lendas
Em boa parte dos casos, falta de planejamento e má gestão de projetos resultam em construções que não saem do papel ou param no meio do caminho.
Em boa parte dos casos, falta de planejamento e má gestão de projetos resultam em construções que não saem do papel ou param no meio do caminho
Por: Altair Santos
Em sua edição 2012-2013, o tradicional anuário Exame-Infraestrutura lista 1.200 projetos de obras lançados pelos governos federal e estaduais no período de cinco décadas. São empreendimentos nas áreas de energia, saneamento, telecomunicações e transportes, dos quais 731 começaram a ser executados. Destes, porém, apenas 11% foram totalmente concluídos. Algumas das construções estão inacabadas há 50 anos. Um caso emblemático é o do Perímetro de Irrigação Jaíba, em Minas Gerais – agora prometido para entrar em funcionamento em 2017.
Mas não para por aí a relação de obras inconclusas. Tem o metrô de Salvador, a Ferrovia Norte-Sul, a transposição do rio São Francisco, a ponte ligando Brasil e Guiana, a hidrelétrica Belo Monte e a duplicação integral da rodovia BR-101, entre centenas delas. A cada ano de atraso na lista de obras de infraestrutura, o custo para os cofres públicos – o principal financiador dos empreendimentos – encarece R$ 40 bilhões, estima o grupo permanente sobre Infraestruturae Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas.
Mas se custa tanto para o país a demora em concluir obras de infraestrutura, a ponto de algumas delas se tornarem lendas, por que os governos (federal e estaduais) não as viabilizam? Segundo João Carlos Boyadijan, coordenador dos cursos de pós-graduação em gestão de projetos do IETEC (Instituto de Educação Tecnológica, localizado em Belo Horizonte-MG) a ineficiência da administração pública está no centro do problema. “Ela não contrata a obra como um todo e não acompanha o cronograma das execuções. Falta gestão pública. Mais pessoas que atuem tecnicamente e não politicamente”, avalia.
Boyadijan explica como funciona hoje o processo de viabilização de uma obra de infraestrutura no Brasil. “Lançam-se os projetos, porém não possuem capacidade de gestão. Não licitam, e quando licitam, licitam atrasado, de forma descoordenada e sem estratégias definidas. Por exemplo, não atacam projetos vitais e necessários e sim projetos políticos. Quando contratam, há o problema dos orçamentos superestimados, sem contar os problemas técnicos na definição de projetos. Falta governança”, enumera o especialista.
O coordenador de gestão de projetos do IETEC entende que a lista de obras inconclusas só andaria se o poder público intensificasse as privatizações e as parcerias público-privadas (PPPs) assim como desburocratizasse as análises ambientais. “Se fossem menos burocráticas e mais eficientes, elas não impactariam nada nos projetos. Mas o processo é lento, burocrático e arcaico. Tudo isso passa por uma organização pública moderna e eficaz”, alerta João Carlos Boyadijan, reafirmando que tudo passa pela gestão de projetos das obraspúblicas.
O especialista, junto com outros profissionais da área, participa dias 16 e 17 de julho de 2013 do 16º Seminário Nacional de Gestão de Projetos. “Tendências em Gestão de Projetos: Pessoas, Tecnologias e Métodos” será o tema central do encontro realizado pelo IETEC, e que ocorre em Belo Horizonte.
Entrevistado
João Carlos Boyadijan, coordenador dos cursos de pós-graduação em gestão de projetos do IETEC (Instituto de Educação Tecnológica)
Currículo
– João Carlos Boyadijan é graduado em administração de empresas pela Universidade São Judas Tadeu (1977)
– É mestre em engenharia naval e oceânica pela Universidade de São Paulo (2006). – Especializado em planejamento e finanças pela NYU-EUA e planejamento de produção pela FGV
– Profissional em gerenciamento de projetos, PMP pelo PMI-Project Management Institute, EUA
– Membro da APICS – American Production Inventory Control Science – EUA
– Palestrante, coaching e consultor desde 1972 em gerenciamento de projetos e planejamento e controle de produção
– Professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do IETEC (Instituto de Educação Tecnológica) do INPG (Instituto Nacional de Pós-graduação) da UFSCar em EAD de Gerenciamento de Projetos e da FATEC (Faculdade de Tecnologia de São Paulo)
– Presidente da CPLAN Consultoria e Planejamento Ltda
Contato: jcb@cplan.com.br
Créditos fotos: Divulgação/EBC
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
19/11/2024
Restauração da SC-305 começa a receber whitetopping ainda este ano e deve impulsionar indústrias, agricultura e pecuária
Rodovia terá sub-base de macadame e base de Concreto Compactado com Rolo (CCR). Crédito: Divulgação/SIE Uma importante transformação está em andamento na rodovia SC-305, que…
19/11/2024
Como usar a engenharia para contenção de tsunamis e erosão costeira?
No caso do muro de contenções, planejamento precisa considerar cenários extremos para garantir sua eficácia. Crédito: Envato A engenharia pode desempenhar um papel essencial…
19/11/2024
Tendência em alta: avanço de IA, IoT e robótica na construção permite crescimento das cidades inteligentes
O conceito de cidades inteligentes, com foco em conectividade e sustentabilidade, está ganhando destaque mundialmente. Segundo pesquisa realizada pela Mordor Intelligence, o…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.