Geologia vive fase de simbiose com a engenharia

Investimentos em óleo e gás, mineração, energia e infraestrutura inseriram definitivamente o geólogo no canteiro de obras.

Investimentos em óleo e gás, mineração, energia e infraestrutura inseriram definitivamente o geólogo no canteiro de obras

Por: Altair Santos

Investimentos em óleo e gás, mineração, energia e construção civil têm aproximado os geólogos, que dia 30 de maio comemoram seu dia, da engenharia. Criou-se uma simbiose entre os profissionais das duas áreas, seja para investigar o impacto ambiental que uma obra possa causar ou para estudar a constituição do solo, fornecendo dados para a execução de projetos. “O que nós estamos vendo hoje é o ressurgimento das obras de infraestrutura e, com isso, reativou-se o casamento entre geologia e engenharia, como foi na década de 1970″, recorda João Jerônimo Monticeli, presidente da ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental).

João Jerônimo Monticeli, presidente da ABGE: momento atual lembra o vivido nos anos 1970.

O dirigente avalia que a definição de uma política para a exploração de petróleo, aliada à retomada dos leilões por parte da ANP (Agência Nacional de Petróleo) vai requerer muito mais mão de obra. “Não digo apenas para os profissionais de geologia, mas para os profissionais da engenharia“, diz João Jerônimo Monticeli, observando que a demanda tem feito engenheiros migrarem para a geologia. “Há, principalmente, engenheiros ambientais complementando a formação com a geologia, recorrendo ao conhecimento sobre hidrogeologia, que é o estudo do fluxo de águas subterrâneas”, completa.

Além do setor de óleo e gás, a mineração também tem sido um mercado com forte absorção de geólogos. “Neste segmento, contribuem para o crescimento desde as importações da China e até a retomada do interesse da indústria de cimento por novas jazidas de calcário”, ressalta o presidente da ABGE, lembrando que os estudos para a extração de petróleo a partir do xisto – o que nos Estados Unidos já é uma realidade – também impulsionam a geologia. “Este modelo de exploração vai impactar o nosso mercado, principalmente para quem atua na área de pesquisa”, avalia.

Para João Jerônimo Monticeli, a geologia operando paralelamente com a engenharia encontra campo para atuar, inclusive, em áreas urbanas. “A geologia sempre esteve ligada a grandes obras de infraestrutura, como pontes, barragens e túneis, mas o planejamento urbano tem aberto outras oportunidades. Estudos sobre riscos geológicos, escorregamentos e enchentes têm sido muito requisitados pelos planos diretores municipais. É o que chamamos de geologia urbana, hoje amplamente usada para desenvolver, recuperar e conservar cidades”, afirma, relatando que na Grã-Bretanha geólogos ajudaram a recuperar cidades como Grangemoth, Bradfort, Glasgow, Warrington, Manchester, Liverpool e Salford.

No Brasil, Monticeli lembra que a geologia tem sido acionada também para prospectar terrenos nos grandes centros urbanos, onde falta espaço para novos empreendimentos imobiliários. Quando não são contratados por construtoras, os profissionais trabalham para companhias públicas de habitação. “A construção habitacional não pode errar. Ela não tem como correr o risco de empreender em terrenos que possa vir a sofrer erosão. Por isso, os geólogos são fundamentais para, através dos conhecimentos dos meios físicos, evitar a ocupação de terrenos inadequados”, afirma, comemorando as oportunidades que se abrem aos geólogos.

Entrevistado
João Jerônimo Monticeli, presidente da ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental)
Currículo
– João Jerônimo Monticeli é graduado em geologia pela Universidade de São Paulo (USP) em 1971. Também é mestre em engenharia civil e geotecnia, pela Escola de Engenharia Civil da UFSCar (1984)
– Trabalhou no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) na CESP (Companhia Energética de São Paulo) e no Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
– Atualmente é consultor em geologia de engenharia ambiental e de políticas e gestão de recursos hídricos
Contato: joaojeronimo@terra.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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