Logística favorece concreto nos parques eólicos

Possibilidade de construir peças pré-fabricadas in loco permite que material seja competitivo diante das estruturas de aço.

Possibilidade de construir peças pré-fabricadas in loco permite que material seja competitivo diante das estruturas de aço

Por: Altair Santos

O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC) publicou em fevereiro de 2013 as estatísticas referentes ao mercado eólico mundial durante 2012. A indústria do setor cresceu quase 10% e aumentou a capacidade instalada em aproximadamente 19%. Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido bateram recorde de instalações, enquanto na América do Sul o Brasil manteve a liderança do mercado, elevando sua capacidade instalada para 2.500 MW (megawatts). Segundo a ABE Eólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) o país chegou a 108 parques eólicos, mas para expandi-los precisará romper a fronteira litorânea e explorar novas áreas no interior, encarando o desafio da logística. É diante desse cenário que as torres em concreto, para sustentar os aerogeradores, devem começar a ganhar mercado dos equipamentos feitos em aço.

Torres de concreto permitem que alcancem alturas superiores a 100 metros.

Como explica Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e especialista em energia eólica, desde que o Brasil passou a ter uma política para captar a energia dos ventos, o que começou em 2009, a maioria absoluta das torres foi construída com estruturas de aço. Só que a necessidade de expandir os parques têm restringido esse tipo de tecnologia. “Dois fatores são limitantes para as torres tubulares de aço: as condições de acesso pelas rodovias e estradas, visto que quanto mais alta for a torre maiores e mais pesados serão os diâmetros dos segmentos, exigindo dezenas de carretas da fábrica até o local do parque, e as grandes flutuações no preço do aço no mercado. Por isso, as torres de concreto surgem como alternativas viáveis para a expansão dos parques eólicos”, afirma.

A vantagem das torres de concreto, ressalta o especialista, é que elas podem ser construídas no próprio local de implantação do parque eólico, a partir da instalação de pequenas concreteiras nos canteiros de obras. “Neste caso, o processo global de construção e montagem dos parques pode se mostrar mais barato e elimina grande parte da logística de transporte de componentes pelas rodovias, a despeito de demandar um período maior de construção e liberação das estruturas de concreto, haja vista a necessidade de se cumprir os tempos de cura ou de montagem dos módulos pré-fabricados para posterior posicionamento da carga sobre as mesmas”, alerta. Mesmo assim, as torres de concreto se mostram competitivas para alturas superiores a 100 metros – as estruturas de aço variam de 65 a 80 metros – ou para áreas que apresentem obstáculos de logística.

Transporte das peças de concreto é mais fácil, se comparado às de aço

Caso a caso

Independentemente da estrutura da torre que irá sustentar o aerogerador, seja aço ou concreto, os requisitos técnicos precisam ser previamente atendidos para suportar os esforços produzidos pelos equipamentos. “Ter o projeto certificado é condição obrigatória. No caso das torres em concreto, fatores como traço, taxa de armadura, resistência a torção e tração, além de tempo de cura, deverão ser pré-estabelecidos em estrita concordância com os fabricantes dos aerogeradores”, destaca Flávio Fernandes Novaes, seguro de que o cenário brasileiro do setor de energia eólica irá se tornar cada vez mais favorável à tecnologia de torres de concreto. “De toda forma, é sempre necessário estudar minuciosamente, caso a caso, qual será a solução mais vantajosa para um determinado projeto, avaliando as condições regionais do relevo, o acesso rodoviário, o custo do aço e a disponibilidade de mão de obra especializada para supervisão e construção das torres”, complementa.

 

Peças pré-fabricadas podem ser feitas in loco e armazenadas na área do parque eólico

Entrevistado
Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)
Currículo
– Flávio Fernandes Novaes atua há 30 anos no setor de energia elétrica, pela Cemig GT, e há 6 anos é gerente de engenharia eletromecânica de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas
– É responsável por liderar equipe de engenheiros e técnicos especializados para prospecção, estruturação e implantação de projetos de geração de energia elétrica, seja de fonte primária hidráulica, eólica, térmica ou biomassa
Contatos: www.cemig.com.br / flavio.novaes@hotmail.comffnovaes@cemig.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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