Concreto viabiliza acessibilidade nas metrópoles

Peças pré-fabricadas, que utilizam microconcreto de alto desempenho, têm ajudado nas obras de requalificação urbana de grandes cidades brasileiras.

Peças pré-fabricadas, que utilizam microconcreto de alto desempenho, têm ajudado nas obras de requalificação urbana de grandes cidades brasileiras

Por: Altair Santos

Desde a publicação da ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos -, em 2004, as principais cidades brasileiras passaram a se valer do concreto para facilitar a mobilidade de pessoas com algum tipo de limitação motora. Rampas, calçadas tácteis e ciclofaixas para cadeirantes entraram em cena na paisagem urbana e despertaram nos fabricantes de artefatos de cimento a necessidade de produzir peças que permitissem uma rápida adaptação de ruas e avenidas. Neste ponto, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) teve um papel destacado. “A ABCP fez a costura entre o meio técnico e o poder público, para que se chegasse a um produto padronizado”, destaca o professor-doutor da FAUUSP, Paulo Eduardo Fonseca de Campos.

Paulo Eduardo da Fonseca Campos: projetos precisam estar adequados à NBR 9050.

A ABCP também foi importante no desenvolvimento de pré-fabricados à base de microconcreto de alto desempenho, para que pudessem ser produzidas peças com espessura média de 25 a 30 milímetros, facilitando a requalificação urbana. “O microconcreto de alto desempenho é um concreto para peças delgadas. Na composição da matriz deste concreto não há agregado graúdo (brita). Só areia ou pó de pedra. Esta tecnologia permite atingir espessuras que de outra forma não seria possível”, explica Paulo Eduardo Fonseca de Campos, lembrando que o estado da arte das peças de acessibilidade foram alcançadas na reurbanização das calçadas da Avenida Paulista, em São Paulo, hoje reconhecidamente uma das melhores do mundo. “Foi um exemplo positivo de como fazer o projeto”, completa.

Para o engenheiro e arquiteto, a Avenida Paulista não é referência para o mobiliário urbano apenas por causa da tecnologia empregada em sua reestruturação, mas também pelo conceito que foi empregado na obra. “A questão da acessibilidade é um conjunto de providências que têm de ser tomadas a nível urbano, não só referentes a espaço público, mas também da transição do espaço público para o espaço privado. A urbanização da Avenida Paulista, se por um lado foi uma ação do poder público, também foi uma ação dos proprietários de imóveis que estão localizados na avenida. Eles também entenderam que precisavam se adequar à nova calçada. Isso gerou mais produtos para a acessibilidade e, com certeza, há mais a serem desenvolvidos”, avalia.

Avenida Paulista: modelo de reurbanização, dentro dos padrões de acessibilidade.

Paulo Eduardo Fonseca de Campos, que também é sócio-diretor da Precast Desenvolvimento de Produtos – empresa especializada em sistemas e componentes construtivos industrializados -, destaca que o concreto tem sido fundamental para modernizar o mobiliário urbano e permitir mais acessibilidade às pessoas. “Há diversas alternativas em termos de materiais para revitalizar o mobiliário urbano. Mas só o concreto permite produzir peças que preencham os requisitos de conservação, durabilidade e resistência ao vandalismo a um custo compatível com o orçamento das prefeituras. Por que é preciso pensar que, na medida em que eu implanto milhares de peças numa cidade, tenho que prever também a manutenção. Nesse item, o concreto é o mais barato dos materiais”, explica.

 

Confira o conteúdo da ABNT NBR 9050: clique aqui.

Entrevistado
Paulo Eduardo Fonseca de Campos, professor-doutor da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo)
Currículo
– Paulo Eduardo Fonseca de Campos é arquiteto urbanista graduado pela PUC de Campinas (1981), além de mestre em engenharia civil pela EPUSP (1989) e doutor em arquitetura e urbanismo pela FAUUSP (2002)

– É professor-doutor da FAUUSP e do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da mesma instituição, onde coordena o grupo de pesquisa DIGI-FAB – Tecnologias digitais de fabricação aplicadas à produção do Design e Arquitetura Contemporâneos, o qual se dedica à pesquisa sobre projeto de produto, com destaque para temas vinculados à arquitetura e indústria e ao design
– Coordena atualmente o curso de design da FAUUSP
– É coordenador internacional do projeto de pesquisa “MicroCAD” do Programa Ibero-americano de Cooperação CYTED e membro correspondente do Grupo de Trabalho sobre Pré-fabricação da FIB (Fédération Internationale du Béton)
– Tem experiência na área de arquitetura e urbanismo, com ênfase em sistemas construtivos pré-fabricados, atuando principalmente nos seguintes temas: pré-fabricados, habitação, concreto de alto desempenho, urbanização e saneamento
– Atua como sócio-diretor da PRECAST Desenvolvimento de Produto, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas e componentes construtivos industrializados
– Desde março de 2012 assumiu a superintendência do CB-02
Contato: pfonseca@usp.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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