Mercado exige qualidade dos postes de concreto
Brasil tem 21 fábricas certificadas - a maioria nos estados do Paraná e Santa Catarina -, que passaram a aperfeiçoar seus produtos a partir da ABNT NBR 8451:2011.
Brasil tem 21 fábricas certificadas – a maioria nos estados de Paraná e Santa Catarina -, que passaram a aperfeiçoar seus produtos a partir da ABNT NBR 8451:2011
Por: Altair Santos
Programas governamentais, como Luz para Todos, Aceleração do Crescimento e Minha Casa, Minha Vida têm impulsionado o mercado de postes de concreto e, consequentemente, o aprimoramento de sua fabricação. Há dez anos, o Brasil possuía apenas seis empresas certificadas – hoje são 21. A maioria absoluta concentra-se nos estados do Paraná e de Santa Catarina. É em território paranaense onde está também o único certificador do país para esse tipo de artefato de cimento: o OCP LACTEC (Organismo Certificador de Produtos, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento).
Segundo Eustáquio Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, o controle de qualidade dos postes segue as seguintes normas: ABNT NBR 12654 (Controle tecnológico de materiais componentes do concreto), ABNT NBR 12655 (Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento) e ABNT NBR 8451:2011 (Postes de concreto armado e protendido para redes de distribuição e transmissão de energia elétrica). Esta, mais recente, e que passou a vigorar a partir de 7 de janeiro de 2012, é considerada um marco para o setor. “Ela trouxe um avanço técnico considerável para a fabricação de postes”, diz o especialista.
A grande virtude da nova norma é que ela permite um controle sistemático de toda a matéria-prima utilizada no processo de fabricação de postes, ou seja, agregados, água, aditivos, aço e cimento, além de ensaios de verificação da conformidade do concreto fresco e endurecido. Neste caso, todos os resultados de ensaios preconizados pela ABNT NBR 8451:2011 devem ser atendidos. Tais como: inspeção geral (dimensional, acabamento e identificação), absorção de água, elasticidade (flecha nominal e residual), ruptura, carga vertical, cobrimento de armadura e retilineidade.
Outro aspecto importante trazido pela ABNT NBR 8451:2011 é que ela reativou a fabricação de postes com concreto protendido, o que é uma tendência mundial e no Brasil estava parado há mais de 40 anos por não existir um controle eficaz do processo de produção. “Essa era uma falha enorme no setor”, resume o tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, lembrando que, a partir da nova norma, os concretos para postes devem atender três classes de agressividade ambiental:
– Classe ambiental II – CA (Concreto armado) 25,0 MPa e CP (concreto protendido) 30,0 MPa.
– Classe ambiental III CA (Concreto armado) 30,0 MPa e CP (concreto protendido) 35,0 MPa.
– Classe ambiental IV CA (Concreto armado) 40,0 MPa e CP (concreto protendido) 40,0 MPa.
Tratam-se de medidas novas para combater as patologias mais comuns aos postes de concreto, que são ataques químicos (cloretos, sulfatos), abrasão e RAA (Reação álcali agregado). “A RAA pode ser mitigada por meio do uso de aditivos minerais, como a pozolana e microsílicas ou sílica. Mesmo assim, a RAA em postes de concreto ainda é um assunto que merece maior investigação através de pesquisas científicas. Já os ataques no concreto por íons cloretos e sulfatos podem ser evitados com a espessura de cobrimento adequado, conforme especificado pela norma ABNT NBR 8451:2011. O objetivo é proteger as armaduras da deterioração e, consequentemente, o rompimento do concreto por fissuração”, define Eustáquio Ferreira.
Confira os parceiros da Cia. de Cimento Itambé que fabricam postes: clique aqui
Entrevistado
Eustáquio da Conceição Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec
Currículo
– Eustáquio Ferreira cursa engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
– É técnico em Química (Escola Técnica Vital Brasil, de Belo Horizonte) e bacharel em Ciências Contábeis (UNICENTRO de Guarapuava-PR) (1989 – 1992)
– Possui experiência de 35 anos em construção de hidrelétricas e PCHs, qualidade de materiais, normatização e certificação de artefatos de concreto.
– Atua como coordenador do comitê de postes, cruzetas de concreto e mourões de concreto.
– É palestrante e coordena o Workshop Qualicerti de artefatos de concreto, realizados na sede do LACTEC, em Curitiba
– Ganhou o Prêmio Liberato Bernardo 2009, do Ibracon, como tecnologista em laboratório de concreto
Contato: eustaquio@lactec.org.br
Créditos foto: Divulgação / CEEE
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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