Nova regra da poupança alavanca crédito imobiliário

Relação PIB/financiamento habitacional subiu de 1,72% em 2008 para 5,62% em 2012, segundo estudos revelados pela Abecip.

Relação PIB/financiamento habitacional subiu de 1,72% em 2008 para 5,62% em 2012, segundo estudos revelados pela Abecip

Por: Altair Santos

Quando houve alteração no cálculo da poupança, o mercado ficou receoso de que o volume de depósitos despencasse e comprometesse o financiamento habitacional. Passados alguns meses, ocorre exatamente o contrário. A captação da poupança tem aumentado mês a mês. Em setembro de 2012, os depósitos superaram os saques em R$ 5,951 bilhões, segundo dados do Banco Central (BC). Os recursos levaram a um recorde histórico. No acumulado dos 12 meses, a captação foi de R$ 33,186 bilhões. Isso permitiu que outra marca fosse superada: a liberação de 8,25 bilhões para a aquisição e construção de imóveis em um só mês.

José Pereira Gonçalves, da Nova Sec: setor imobiliário no Brasil está muito longe de correr o risco de formar uma bolha.

Por causa dessa injeção de dinheiro nos meses recentes, atualmente há a disponibilidade de R$ 80,2 bilhões para financiamentos imobiliários através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A generosidade de recursos possibilitou que, desde que houve mudança nas regras da caderneta de poupança, os financiamentos de imóveis no país crescessem 31%, de acordo com acompanhamento da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). “Só este ano foram contratados R$ 51,7 bilhões, superando ligeiramente o nível de contratações do mesmo período de 2011, que foi de R$ 51,5 bilhões”, destaca o economista José Pereira Gonçalves, ex-superintendente da Abecip.

O especialista aponta que, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) o crédito imobiliário no Brasil vem apresentando crescimento sustentável desde 2008. “Há quatro anos, essa relação era de apenas 1,72% do PIB. No começo do segundo semestre de 2012, chegou a 5,62%, ou seja, em menos de cinco anos a participação do crédito imobiliário no PIB foi multiplicada por 3,26. Nesse período, 1,8 milhão de famílias tiveram condições de adquirir moradia própria. Apesar desse extraordinário desempenho, as expectativas continuam muito positivas, indicando que será possível atingir 10% do PIB por volta de 2015″, estima José Pereira Gonçalves.

O bom momento do setor se revela também nas baixas taxas de inadimplência. Dados verificados pela Abecip mostram que o número de mutuários com mais de três prestações em atraso situa-se abaixo de 2%. Se considerados apenas os financiamentos concedidos após 1997, quando passou a ser utilizada a alienação fiduciária como mecanismo de garantia, esse percentual é inferior a 1,5%. “A inadimplência não é um aspecto preocupante. Isso, no entanto, não quer dizer que as instituições financeiras poderão afrouxar as regras de concessão de crédito. O crédito continuará sendo concedido observando-se o máximo de rigor possível. Esse aspecto, inclusive, aliado à estabilidade econômica, é um dos responsáveis pelos baixos níveis de inadimplência. Vale ainda destacar que baixa inadimplência representa maior volume de recursos que pode ser reemprestado”, destaca o economista, convicto de que o sistema de financiamento imobiliário no Brasil só ganhou com as novas regras da caderneta de poupança.

Para conferir o recente boletim imobiliário da Abecip, clique aqui.

Entrevistado
José Pereira Gonçalves, economista e ex-superintendente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança)
Currículo
– Economista graduado pela Universidade Federal Fluminense, com especialização na Fundação Getúlio Vargas
– Já atuou como superintendente na Abecip e chefe de departamento na Larcky – Sociedade de Crédito Imobiliário
– Atualmente é diretor-presidente na Nova Sec (Nova Securitização S/A)
Contato: pereira@novasec.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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