Novo World Trade Center prioriza o concreto
Projeto daquele que voltou a ser o maior arranha-céu dos Estados Unidos usa material como seguro contra um novo "11 de setembro".
Projeto daquele que voltou a ser o maior arranha-céu dos Estados Unidos usa material como seguro contra um novo “11 de setembro”
Por: Altair Santos
O atentado de 11 de setembro de 2001 mexeu com paradigmas em todos os setores dos Estados Unidos. Na engenharia, promoveu mudanças em conceitos construtivos. O país, que antes priorizava as estruturas metálicas para erguer arranha-céus, hoje dá preferência ao concreto para construir seus grandes edifícios. É o que ocorre com o novo World Trade Center – um complexo de quatro prédios que ocupará a área em que estavam as torres gêmeas, em Nova York. Todas as edificações, com a maior delas medindo 541 metros de altura, ganharam estruturas anticolapso.
Segundo o professor Roberto Chust Carvalho, especialista em estruturas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) desde o 11 de setembro de 2001 os projetos de arranha-céus, mesmo aqueles contemplados com estruturas metálicas, passaram a ganhar armaduras de concreto para proteger as vigas, a fim de que, em caso de incêndio, não ocorra desmoronamento. “O que causou a queda do WTC foram as altas temperaturas a que ficaram expostas as soldas das estruturas de aço. Nesta nova construção, com certeza há proteção com concreto, pois agora eles levam em consideração o risco de colapso”, cita.
Ainda de acordo com Roberto Chust Carvalho, a prioridade dada ao concreto se deve à resistência térmica do material. Por isso, nos projetos dos arranha-céus que foram construídos depois de 2001, estruturas à base de cimento foram privilegiadas, até para baratear os seguros dos empreendimentos. “As seguradoras passaram a se negar a segurar edificações com estruturas metálicas. O concreto, em caso de incêndio, não derrete. Por isso, o material tornou-se o preferido para grandes edificações. No Brasil, por exemplo, as construções industriais, que davam preferência às estruturas metálicas, hoje são dominadas pelos pré-moldados”, lembra.
No caso do complexo do novo WTC, que está em construção desde 2006 e deve ser inaugurado em 2013, todos os edifícios contam com um núcleo de concreto armado. O mesmo material foi usado nas fundações dos prédios. As estruturas metálicas, nestes empreendimentos, foram usadas apenas nos perímetros das edificações. Sob a responsabilidade da construtora Skidmore, Owings & Merrill, todo o complexo irá consumir 31 mil m³ de concreto até a conclusão das obras. Há ainda o emprego de aço fornecido pela empresa brasileira Gerdau, que assinou contrato no valor de US$ 7,35 milhões.
No final de maio de 2012, a torre One World Trade Center, ainda em construção, atingiu 381 metros de altura. Com isso, ultrapassou o Empire State Building e assumiu o posto de edifício mais alto dos Estados Unidos. Quando pronto, o mais imponente prédio do complexo WTC terá 104 andares voltados para escritórios de alto padrão. Acima da área comercial, haverá um terraço em que o ponto mais alto ficará a 417 metros de altura – a mesma das torres gêmeas. Uma antena com mais de 100 metros será instalada sobre a edificação, completando 1.776 pés (541,3 m) de altura. O número é simbólico e representa o ano da independência dos Estados Unidos.
Roberto Chust Carvalho destaca que construções como o WTC, apesar de terem seus projetos mantidos em sigilo, sempre ajudam a agregar inovações à construção civil. “São obras que geram conhecimentos de ponta e que, mais cedo ou mais tarde, acabam incorporados por todo o universo construtivo”, finaliza o professor da UFSCar.
Veja time-lapse da construção do novo World Trade Center: Clique aqui
Entrevistado
Roberto Chust Carvalho, professor especializado em estruturas pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1973). Tem mestrado em engenharia de estruturas pela Universidade de São Paulo (1985) e doutorado em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo (1994)
– Atualmente é professor associado da Universidade Federal de São Carlos
– Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em estruturas de concreto, atuando principalmente nos seguintes temas: concreto armado e protendido, estruturas pré-moldadas, projeto e análise de estruturas e pontes lajes alveolares protendidas
– É autor de dois livros cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado (volumes 1 e 2)
– Trabalha fortemente no ensino do concreto armado e protendido desenvolvendo junto com seu grupo de pesquisas ferramentas para o uso nas disciplinas de concreto armado, como pode ser visto em www.deciv.ufscar.br/calco.
Contato: chust@ufscar.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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