Cimento é material didático da Universidade ABCP
Projeto destina-se a levar aos estudantes de engenharia soluções e tecnologias à base do material que compõe o DNA da associação.
Projeto destina-se a levar aos estudantes de engenharia soluções e tecnologias à base do material que compõe o DNA da associação
Por: Altair Santos
Braço tecnológico da indústria de cimento, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) tem dado cada vez mais ênfase ao Projeto Universidades, que consiste em levar o ensino dos sistemas construtivos à base de cimento e concreto aos alunos de engenharia civil e arquitetura de várias instituições de ensino. O projeto interage com entidades de ensino técnico e superior e oferece atualização e material didático aos professores. É o que explica o coordenador do projeto, o engenheiro Hugo da Costa Rodrigues Filho, que é gerente de comunicação da ABCP, na entrevista a seguir. Confira:
O Projeto Universidades, da ABCP, foi implantado quando e qual o objetivo?
Oficialmente, ele começou há três anos, em 2008, embora ações similares junto às escolas de engenharia do estado de São Paulo tenham sido conduzidas entre 1997 e 2001, dando à ABCP a base para organizá-lo como hoje ele tem sido conduzido. Entretanto, vale ressaltar que transferir tecnologia através de palestras e cursos faz parte do DNA da associação desde a sua fundação, em 1936. Portanto, há 75 anos ela atua junto às universidades, uma vez que é na academia que está grande parte do conhecimento.
O projeto é direcionado aos professores das universidades de engenharia e arquitetura ou atinge diretamente os alunos?
O projeto destina-se a atingir diretamente os alunos. Isto é, levar a eles o que existe de mais atual sobre sistemas, soluções e tecnologias à base de cimento e que estão sendo aplicados no mercado. Porém, os professores são o canal principal para levar tais informações aos alunos. Daí, sem a participação direta e entusiasmada do corpo docente, é impossível atingir de modo abrangente os alunos. Também deve-se destacar que tão importante quanto o entusiasmo dos professores, é o compromisso da direção da entidade de ensino com a implementação da proposta. Assim, a apresentação do Projeto Universidades da ABCP sempre é feita na presença dos coordenadores e diretores dos cursos ou das reitorias universitárias.
Quantas universidades já são parceiras do projeto?
Somamos hoje dez universidades, sendo sete conveniadas e três em processo, cuja formalização do convênio acontecerá no princípio de 2012. Entretanto, há 26 escolas que já manifestaram interesse e com as quais nos reuniremos para iniciar o processo, que passa pela apresentação à direção da escola e sua sensibilização, adequação de documentos, formalização da parceria e materialização da 1ª edição da proposta acordada.
E sobre as disciplinas, o material didático e a duração do curso?
Por sermos um país tradicionalmente construído em concreto, temos o privilégio de assistir a constante presença do cimento Portland na construção civil. Isso faz com que muitas das disciplinas da grade curricular deem ênfase às soluções que empregam cimento. Por outro lado, isso não é suficiente, porque há sistemas construtivos que são, a cada dia, mais estudados e aplicados no país, e que não são tratados nas escolas. É o caso, por exemplo, dos pavimentos de concreto, que ainda participam de modo tímido do modal de transportes do Brasil, mas cujo emprego está crescendo de modo expressivo, demandando futuros profissionais que conheçam ou já tenham ouvido falar da tecnologia. Desse modo, iniciamos todo o Projeto Universidades com o tema pavimento de concreto, porque ficou claro e comprovado que se trata de assunto não explorado no ensino superior, principalmente porque há uma cultura voltada a pavimentação flexível, ou seja, feita com asfalto. Assim, uma de nossas prioridades é tratar do tema pavimento em concreto, a ser contemplado nas disciplinas de estradas ou transportes dos cursos de engenharia civil.
E quanto ao material didático?
O material didático é totalmente fornecido pela ABCP, composto de cerca de 600 telas de apresentação em power point, mais vídeos e livros, que compõem 16 horas-aula, distribuídas em 5 módulos sequenciais e evolutivos sobre o tema. As aulas devem ser conduzidas diretamente pelos professores da escola, porém se houver alguma dificuldade inicial, em função do ainda pouco conhecimento do tema, instrutores especialistas da ABCP ministram a 1ª edição da atividade. Para 2012, material similar está sendo finalizado sobre alvenaria estrutural com blocos de concreto – outro tema bastante aplicado no mercado e que busca profissionais que o conheçam, mas que também não é tratado nos bancos universitários.
Qualquer universidade pode requisitar a participação no projeto ou a ABCP exige alguns requisitos, como a necessidade de laboratórios equipados, por exemplo?
Qualquer escola pode tomar parte do Projeto Universidades da ABCP. Basta ter interesse e solicitar conhecê-lo, visitando-nos ou pedindo uma visita para apresentação do projeto. Com respeito aos laboratórios, deve-se destacar que boas escolas de engenharia e arquitetura dispõem naturalmente de laboratórios equipados. Entretanto, para os temas mencionados – pavimento de concreto e alvenaria estrutural com blocos de concreto – caso não exista um laboratório, não prejudica o ensinamento dessas tecnologias.
São apenas as universidades que participam ou as escolas técnicas também são contempladas pelo projeto?
Apesar do nome do projeto, as escolas técnicas ou de tecnologia (as FATECs de São Paulo, por exemplo) podem também manifestar seu interesse pelo projeto e solicitar a adesão. Quanto antes acontecer uma ampla e sistematizada abordagem de sistemas ou soluções construtivas à base de cimento comumente aplicadas no mercado, mais cedo aqueles que virão a atuar na cadeia produtiva da construção civil conhecerão o tema e poderão gerenciar mais adequadamente a correta aplicação dessas soluções.
Quantos profissionais da ABCP estão envolvidos no projeto?
Todos os profissionais técnicos da ABCP se envolvem com os projetos da associação, uma vez que todos – projetos e profissionais – são vocacionados e preparados para transferir tecnologias por cursos e palestras. Este é o alicerce do Projeto Universidades: fortalecer uma tecnologia na graduação, por meio da transferência estruturada por cursos e palestras. Neste caso específico, os profissionais que se dedicam aos escritórios regionais da associação assumem um papel fundamental e executam uma tarefa diferenciada, uma vez que são os primeiros a serem acionados no atendimento às escolas interessadas em desenvolver atividades de ensino com a ABCP. Não bastasse o elenco de profissionais próprios, o projeto conta ainda com um grupo de colaboradores terceirizados – consultores especializados – que fortalecem ainda mais a qualidade da abordagem do tema. A coordenação está sob a minha responsabilidade e eu a divido com a equipe da área de comunicação da ABCP que gerencio. São, portanto, mais três profissionais que dedicam parte de suas atividades em me auxiliar na infraestrutura organizacional do projeto.
A duração dos cursos sobre sistemas construtivos à base de cimento e concreto é de quanto tempo?
Cada disciplina que compõe a grade curricular dispõe – em geral – se for semestral, de cerca de 60 horas ou de 120 horas, no caso de uma cadeira anual, o que é uma limitante importante a ser considerada. Em outras palavras, com um número de horas limitado para se cuidar de todos os tópicos da ementa da disciplina, não se pode dispor do tempo que se deseja ou que se considera ideal para tratar de uma determinada tecnologia dentro da ementa. Assim desenhou-se o curso de pavimento de concreto para ser tratado em 16 horas-aula como sendo o tempo “ideal”. Claro que ele pode ser adequado para 8 (mínimo) ou 12 horas e até para mais tempo, o que seria ainda melhor. Entretanto, cada caso é cuidadosamente estudado, uma vez que o mais importante é ter a oportunidade de apresentar uma tecnologia não abordada, ainda que o tempo não seja o mais adequado.
Hoje a ABCP está presente em todos os estados da União? Caso sim, no que isso ajuda no projeto?
Estamos presentes em 12 capitais brasileiras, o que confere à ABCP uma presença marcante. Isso só é possível pelos escritórios e representações regionais, cuja importância para o projeto é fundamental. É através das nossas regionais que damos início, prosseguimento e solidez aos projetos da associação.
Quanto à industrialização na construção civil, o Projeto Universidades tem que tipo de posicionamento?
Pelo que conheço do ensino de graduação de engenharia e arquitetura, não se privilegia, como deveria, a industrialização da construção, pois ela leva à competitividade da obra e da empresa que executa, além de racionalização, ganho de qualidade, redução de desperdício, sem contar que exige maior qualificação da mão de obra. Dentro desses aspectos, os pré-fabricados são a grande vedete da industrialização e o Brasil não fará frente aos desafios da cadeia produtiva da construção civil se continuar empilhando tijolinhos como ainda segue fazendo. Somente a adoção de uma construção industrializada, tendendo à pré-fabricação, é que permitirá atingir melhores resultados. Essa consciência tem de nascer nos bancos universitários e, nesse aspecto, a ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), nossa irmã mais jovem – completou 10 anos de vida em 2011, frente aos 75 da ABCP – também desenvolve importante ação junto ao meio universitário, levando formação sobre o tema para os professores, de modo que eles os transmitam para os alunos. Essa soma de esforços, em breve permitirá ampliar o interesse pela industrialização na construção civil.
Entrevistado
Hugo da Costa Rodrigues Filho, é gerente de comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Currículo
– Engenheiro civil pela FEB (1977), mestre em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, EPUSP (1993) e especialista em Comunicação e Marketing pelo MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing, ESPM (2002)
– Profissional da ABCP há 35 anos, iniciou sua carreira como pesquisador em cimento e concreto nos laboratórios da Associação, onde trabalhou por 10 anos.
Contato: hugo.rodrigues@abcp.org.br
Créditos foto: Divulgação / ABCP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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