Cristo Redentor, 80 anos: mais que um monumento, uma obra da engenharia

Estátua, que é uma das sete maravilhas do mundo moderno, foi inaugurada em 1931. Construção usou recursos inovadores para a tecnologia disponível na época.

Estátua, que é uma das sete maravilhas do mundo moderno, foi inaugurada em 1931. Construção usou recursos inovadores para a tecnologia disponível na época

Por: Altair Santos

Se fosse construída em 2011, a estátua do Cristo Redentor, erguida no topo do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, encontraria mais dificuldades para superar os trâmites burocráticos do que os desafios da engenharia. “Provavelmente, para obter uma licença ambiental demoraria mais”, estima o engenheiro Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Cristo Redentor em construção: obra foi concebida como um edifício e depois revestida com a escultura.

Com os recursos tecnológicos disponíveis hoje, Bogossian estima que em um ano o monumento de 38 metros de altura estaria pronto. Mas imagine o que foi construir aquela obra há mais de 80 anos? Concebida pelo engenheiro e arquiteto Heitor da Silva Costa, ela tornou-se quase um milagre diante dos recursos disponíveis na época. Porém, para vencer os obstáculos, a construção do Cristo Redentor apostou em uma série de inovações para aquele início de século 20.

Para construir a estátua, usou-se o concreto armado, que nos anos 1920 era uma novidade no Brasil. O Cristo Redentor também foi uma das primeiras obras a usar cimento produzido no país. A ideia do projeto nasceu em 1921, para que no ano seguinte o monumento pudesse marcar o centenário da independência do Brasil. As comemorações passaram e o plano só começou a ser colocado em prática em 1923.

O então cardeal do Rio de Janeiro, dom Sebastião Leme, comandou uma campanha de arrecadação de recursos em 1923. Convertendo para a moeda atual, o Cristo Redentor custou R$ 6 milhões. O dinheiro bancou o projeto do vencedor do concurso público promovido para escolher o modelo da estátua: o engenheiro e arquiteto Heitor da Silva Costa.

De 1923 a 1926, quando efetivamente começou a obra, Silva Costa se revezou entre o Rio de Janeiro e Paris. Na capital francesa, no ateliê do escultor Paul Landowski, após concluir os cálculos de resistência e a planta do monumento, ele deu forma definitiva à obra. Foi construída uma maquete de 4 metros de altura.

Mesmo sem recursos do túnel de vento, algo que não existia na época, a escultura feita por Landowski permitiu a Silva Costa perceber que a estátua precisava ser construída com uma pequena inclinação de 5 graus para frente, próximo da cabeça, para resistir melhor à velocidade do vento no topo do Corcovado, que não raramente pode atingir 100km/h. Com o mesmo propósito, os braços foram projetados com leves inclinações e sendo um mais comprido que o outro em 60 centímetros – imperceptível a olho nu.  “Intuitivamente ou não, as técnicas empregadas foram perfeitas”, avalia Francis Bogossian.

Como um edifício

O Cristo Redentor, ao contrário do que se possa imaginar, não é um maciço de concreto armado. Por dentro da estátua, que em 2011 deve ultrapassar a marca de um milhão de visitantes ao ano, há uma construção semelhante à de um edifício de 10 andares. Só que em vez de uma fachada com paredes e janelas, ele recebeu a moldura do monumento idealizado por Heitor da Silva Costa.

As fundações deste prédio estão encravadas a 4 metros de profundidade na rocha do platô localizado no topo do morro do Corcovado, a 710 metros de altura. O gnaisse (tipo de rocha) precisou de dinamite para ser perfurado e os vergalhões foram chumbados a mão para dar sustentação à obra. A partir deles saem quatro pilares centrais que sustentam a edificação, que conta ainda com 12 lajes sobrepostas, como se fossem andares.

Heitor Levy, o engenheiro que comandou a construção, liderou uma equipe de quase mil pessoas entre engenheiros, arquitetos e operários. O canteiro de obras foi instalado no topo do Corcovado e os materiais chegavam no local através de um trem que percorre o morro até hoje. A água era bombeada de um riacho localizado a 300 metros abaixo da obra. O trabalho de construção teve duração de cinco anos, de 1926 a 1931, com a inauguração ocorrendo em 12 de outubro. Neste período, nenhum acidente de trabalho foi registrado enquanto o Cristo Redentor foi erguido.

Construído há 80 anos, o monumento nunca precisou de reparos estruturais e recebeu até hoje apenas obras de preservação. Um dos segredos de tamanha resistência está em seu revestimento, que é todo em pedra-sabão. O material é impermeável e altamente resistente aos desgastes causados pelos efeitos climáticos. “É uma obra perfeita, pois uniu engenharia, arquitetura, design e escultura num só empreendimento. Não é à toa que é considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno”, conclui o presidente do Clube de Engenharia.

Homens trabalhando no alto do Corcovado: apesar de expostos a riscos, não houve nenhum acidente de trabalho durante a construção do monumento.

Entrevistado
Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, através de consulta ao acervo da instituição e entrevista com o presidente Francis Bogossian
Currículo

– Francis Bogossian é engenheiro civil formado pela Escola Nacional de Engenharia da ex-Universidade do Brasil, atual UFRJ. Há mais de 40 anos atua como empresário, professor e líder de classe
– Lecionou como professor titular de Mecânica dos Solos e Fundações, por mais de 15 anos na Escola de Engenharia da UFRJ e na UVA. Participou das diretorias e dos conselhos da ABENGE, ABMS, SECONCI-Rio e CBIC, Crea-RJ, A3P e ABENC/RJ
– Atualmente é presidente do Clube de Engenharia e da Aeerj (Associação dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro)
– Participa dos conselhos da Geomecânica S.A., FIRJAN, ACRJ, ABMS
– É membro da Academia Nacional de Engenharia, da Academia Brasileira de Educação e da Academia Panamericana de Ingenieria

Contato: presidencia@clubedeengenharia.org.br

Créditos Foto: Divulgação/Clube de Engenharia

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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