Prédios corporativos deixam de ser exclusividade de Rio e São Paulo
Cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Distrito Federal perdem a timidez e também passam a atrair investimentos imobiliários comerciais.
Cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Distrito Federal perdem a timidez e também passam a atrair investimentos imobiliários comerciais
Por: Altair Santos
Grandes torres comerciais tendem a deixar de ser exclusividade das duas principais cidades do Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro. Outros centros urbanos do país decidiram perder a timidez e revelar seu potencial para os negócios, atraindo investimentos imobiliários comerciais. Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Distrito Federal são capitais que querem mostrar que também têm vocação para receber prédios corporativos.
Um aspecto crucial que faz essas cidades passarem a disputar o mercado com São Paulo e Rio é que elas têm ofertas de terrenos para grandes empreendimentos comerciais. “São Paulo e Rio de Janeiro já enfrentam dificuldades para encontrar espaços que permitam construir edifícios corporativos, principalmente de alto padrão”, explica Viviane Guirao, diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC – Informações da Construção.
Na capital paulista, por exemplo, a região da avenida Berrini, que é a que mais atrai empreendimentos AAA (alto padrão) no setor de construções comerciais, a taxa de vacância de terrenos caminha para ser zero – atualmente é de 5%. “São Paulo já tem uma demanda enorme de escritórios sendo feitos e eu acho que vai dar uma segurada nos próximos anos”, avalia Viviane Guirao.
No entanto, as construtoras especializadas em prédios corporativos já pressionam a prefeitura paulistana para criar um novo pólo para edifícios comerciais na cidade, que seria a extensão da avenida Chucri Zaidan, na zona sul de São Paulo, com potencial para atender 872 mil m² até 2016, segundo a consultoria imobiliária Jones Lang La-Salle. Essa seria a quarta mudança do centro financeiro da capital paulista, que já saiu do centro histórico para a avenida Paulista, depois Faria Lima e agora superlota a avenida Berrini.
No Rio de Janeiro, acontece algo semelhante. Bairros como Campo Grande, Jacarepaguá e Barra da Tijuca são as opções recentes para atrair empreendimentos comerciais. Aliás, a construção de edifícios corporativos não para de crescer na capital fluminense. Segundo balanço da Secretaria Municipal de Urbanismo, o aumento de concessões de licenças para projetos de imóveis comerciais cresceu 6.000% este ano.
Por ser um negócio em aquecimento é que outras regiões do Brasil buscam também mostrar seu potencial para receber prédios corporativos. “Na região de Curitiba já tem alguns empreendimentos comerciais sendo lançados. Existe uma tendência de que a região da Linha Verde torne-se um pólo de empreendimentos comerciais. No nordeste, Pernambuco e Bahia também têm investimentos no setor de edifícios corporativos, em função de que estão surgindo muitas indústrias na região e com elas vêm os escritórios”, diz Viviane Guirao.
Segundo a diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC – Informações da Construção, “as outras cidades do país estão perdendo a timidez para conseguir disputar empreendimentos comerciais com São Paulo e Rio de Janeiro”. “A ITC fez um levantamento do primeiro semestre e as obras de edifícios coorporativos, além de São Paulo e Rio de Janeiro, cresceram muito em Minas Gerais, na região sul, no Espírito Santo e no Distrito Federal”, completou Viviane Guirao.
O Brasil não é o único que vem correndo atrás de crescimento no setor comercial. As transações imobiliárias no mundo quase dobraram no primeiro semestre de 2011, voltando aos níveis pré-crise. Os investimentos imobiliários comerciais globais totalizaram US$ 132 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, ante US$ 76 bilhões em igual período do ano passado, ainda segundo a Jones Lang La-Salle. A consultoria estima que o volume global no fim deste ano deva ficar entre US$ 275 bilhões e US$ 300 bilhões, bem acima do resultado registrado no ano passado, de US$ 209 bilhões.
Investidor prefere o pré-moldado
Diferentemente dos imóveis residenciais, os empreendimentos imobiliários comerciais têm nos investidores e nos bancos privados suas principais fontes de financiamento. Por isso, as construções são expostas a um cronograma rígido para que não frustrem a expectativa de retorno financeiro. Assim, o pré-moldado é o sistema construtivo que avança na preferência das construtoras especializadas em prédios corporativos. “Ainda não tem uma cultura completa de uso do pré-moldado, mas ele está crescendo bastante, pois é um sistema construtivo que tem ajudado a diminuir o prazo das obras destes empreendimentos”, comenta Viviane Guirao.
Além disso, os edifícios novos deste segmento costumam agregar muita tecnologia. A automação predial tem objetivos claros com a economia de energia e reuso da água. Conceitos como sustentabilidade também estão presentes nos projetos, valorizando a luminosidade, o aproveitamento do calor e as áreas verdes. “Os prédios são muito diferentes hoje, em relação aos edifícios de escritório do passado. Até porque, naquela época não havia tanta tecnologia disponível. Por isso, atualmente o metro quadrado de um edifício corporativo é no mínimo 30% mais caro que um imóvel residencial. É o que tem atraído os investidores”, conclui a diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC – Informações da Construção.
Entrevistada
Viviane Guirao, diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC – Informações da Construção.
Currículo
– Graduada em Engenharia Civil pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo.
– Pós-Graduada em Negócios Imobiliários pela FAAP
– Ocupa o cargo de diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC – Informações da Construção
Contato: viviane@itc.etc.br / marketing@itc.etc.br
Créditod Fotos: Divulgação/ITC
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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