Até 2014, Brasil quer 75 mil bolsas de estudo no exterior

Governo estabelece parcerias com países de tecnologia avançada e estudantes de engenharia terão prioridade no programa federal recentemente criado.

Governo estabelece parcerias com países de tecnologia avançada e estudantes de engenharia terão prioridade no programa federal recentemente criado

Por: Altair Santos

A excelência em pesquisa e tecnologia que o Brasil detém nos setores da agricultura, da aviação civil e da produção de petróleo servirá de modelo para que outros segmentos da economia atinjam o mesmo nível. Entre eles, está o da construção civil, para quem o governo federal elabora um Programa Nacional para as Engenharias. O objetivo, além de estimular a formação de novos engenheiros, é permitir que parte destes futuros profissionais possam se especializar fora do país.

Ministro Aloizio Mercadante: “A economia do futuro é voltada para informação e conhecimento. É a economia da inteligência.”

A meta, recentemente exposta no 6.º Encontro de Lideranças, promovido pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), é que nos próximos três anos pelo menos 75 mil estudantes possam ser estimulados a cursar mestrado ou doutorado no exterior, através de bolsas de estudo. O número foi exposto pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que sustentou a necessidade de intensificar o processo de formação de engenheiros para inserir o Brasil no atual contexto de competitividade internacional.

O governo federal trabalha na criação de um portal na internet para detalhar como será feita a oferta de bolsas de estudo no exterior. A perspectiva é que o recrutamento comece ainda em 2011. “Há interesse, há disposição. Nós vamos eleger quais são as áreas estratégicas que queremos motivar e vamos oferecer bolsas para que esses pesquisadores agreguem conhecimento ao Brasil”, disse Mercadante. O ministério da Ciência e Tecnologia pretende estimular a chamada “bolsa sanduíche”, em que o formando vai para o exterior, passa dois anos e retorna ao país.

O modelo é semelhante ao adotado na China, que, apenas nos Estados Unidos, possui atualmente 80 mil estudantes cursando doutorado. Para seguir o mesmo caminho, na recente visita do presidente dos EUA Barack Obama, ao Brasil, um dos acordos diplomáticos firmados tratou deste tema: cooperação prevendo o intercâmbio de alunos e professores entre os dois países. Também foi firmado convênio semelhante com a Alemanha, em maio de 2011, quando o presidente alemão Christian Wulff esteve em Brasília.

Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, serão 10 mil bolsas só para a Alemanha, com prioridade para as áreas de Ciências Exatas e Engenharia. “Isso significa que eles têm que dar suporte para o aprendizado do alemão, além de abrir espaços nas universidades alemãs. O governo brasileiro vai se responsabilizar pela passagem, estada e seguro desses jovens que vão estudar”, explicou Mercadante.

Os acordos diplomáticos que o Brasil vem alinhavando também pretendem incentivar a volta de cientistas brasileiros que estão no exterior, além de estimular a formação de redes fora do Brasil, articuladas com as instituições de pesquisa nacionais. Atualmente, somente nas universidades norte-americanas, existem aproximadamente três mil professores brasileiros lecionando e interessados em participar de forma ativa do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação.

Fundo para a construção civil
Outra medida de estímulo ao conhecimento pode nascer da sugestão apresentada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que propõe a criação de um fundo específico para o setor, como ocorre com os fundos setoriais em áreas estratégicas, administrados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “Isso merece muita atenção. A economia do futuro é voltada para informação e conhecimento. É a economia da inteligência, que precisa ganhar espaço no debate político do país”, disse o ministro.

O fundo a ser criado pode gerar centros de pesquisa voltados para a engenharia, como os que existem hoje na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na Embraer e na Petrobras. No caso da estatal do petróleo, por exemplo, nos próximos quatro anos serão investidos R$ 1,4 bilhão em pesquisas, cujos recursos serão destinados a 19 laboratórios espalhados pelo litoral do país e 60 institutos de pesquisa direcionados para a cadeia de gás e petróleo. No centro deste maciço investimento está o Pré-Sal, que, segundo o ministério de Ciência e Tecnologia, deve absorver 200 mil engenheiros nos próximos 15 anos.

Entrevistado
Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia
Currículo

– Graduado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Ciência Econômica (1989) e doutorado em Teoria Econômica (2010), pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
– É professor licenciado de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Unicamp.
– Foi deputado federal, senador e atualmente exerce o cargo de ministro de Estado da Ciência e Tecnologia.
– Dentre as obras publicadas destacam-se: “Brasil: A Construção Retomada, 2010”; “Observatório: Coletânea de artigos sobre a evolução do Brasil nos últimos anos, 2009”; “Brasil: Primeiro Tempo – Análise comparativa do governo Lula, 2006”; “O Brasil pós-real: a política econômica em debate, 1998”.

Contato: pautamct@mct.gov.br (assessoria de imprensa)

Crédito Foto: Divulgação/MCT

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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