Brasil "ajeita" estradas, mas poderia recuperá-las

Programa do DNIT restaura 59 mil quilômetros de rodovias, mas ABCP defende que, sem pavimento em concreto, CREMA é “operação tapa-buracos”.

Programa do DNIT restaura 59 mil quilômetros de rodovias, mas ABCP defende que, sem pavimento em concreto, CREMA é “operação tapa-buracos”.

Por: Altair Santos

Dos cerca de 170 mil quilômetros de estradas que há no Brasil, mais de 90 mil estão sob a responsabilidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). São as chamadas rodovias federais, para as quais, desde 2006, o governo desenvolve o programa batizado de CREMA (Contrato de Restauração e Manutenção). Na 1.ª etapa, foram investidos R$ 6 bilhões em 27 mil quilômetros. Na 2.ª fase, em licitação, mais 32 mil serão recuperados, com investimento estimado em R$ 16 bilhões.

Luiz Antônio Pagot: até 2014, 85% das rodovias federais estarão em perfeitas condições.

Segundo o recente relatório gerencial da pesquisa rodoviária CNT/2010, da Confederação Nacional dos Transportes, o CREMA tem trazido resultados. Na avaliação da malha rodoviária federal, o estudo apontou que 43,9% estão em perfeito estado. Já 32,9% aparentavam desgaste, mas sem buracos. Outros 19,8% tinham trincas ou remendos, mas sem buracos. Por fim, 3,2% apresentavam afundamentos ondulações e buracos e 0,9% estavam totalmente destruídos.

Segundo o diretor-geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot, na 2.ª fase do CREMA será dada prioridade para combater um dos principais vilões das rodovias: a chuva. “As chuvas afetam pontos e não trechos inteiros de rodovias, mas as obras previstas no CREMA 2 devem amenizar esse impacto, pois elas preveem reforço do pavimento desde a sub-base, aumentando seu tempo de vida útil” explica.

Ainda de acordo com Pagot, com os investimentos previstos, 85% das rodovias federais brasileiras estarão em perfeitas condições de trafegabilidade até 2014.

Ronaldo Vizzoni: sem pavimento rígido, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos.

Para a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o problema do CREMA é que ele mantém o “status quo” das rodovias federais, ou seja, privilegia o pavimento em asfalto em trechos que, pelo volume de veículos que recebem e pelo grau de deterioração, deveriam optar pelo pavimento rígido. “Com isso, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos, pois daqui a alguns anos, senão meses, o trecho que está sendo recuperado vai precisar ser restaurado de novo. O correto seria recuperá-lo com o pavimento em concreto”, avalia Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP.

Para Vizzoni, boa parte das rodovias federais deveria receber uma “intervenção pesada” de pavimento em concreto. “Infelizmente, esse não é o espírito do CREMA”, avalia. No entanto, a partir de 14 de fevereiro de 2011, a ABCP ganhou condições de romper com esse paradigma das estradas brasileiras. Portaria publicada no Diário Oficial da União incluiu a Associação na comissão de trabalho do DNIT. O objetivo é criar procedimentos técnicos e econômicos para definir alternativas de pavimentação. A portaria também prevê a revisão do SICRO (Sistema de Custo Rodoviário) em pavimentação de concreto, considerando os novos procedimentos e equipamentos disponíveis no mercado.

A formação do grupo surgiu da necessidade de se estabelecerem diretrizes para o estudo comparativo entre as alternativas de pavimentação, levando em conta o tráfego, a capacidade de suporte, vida útil do pavimento e custo-benefício. A ABCP é a única entidade convidada a participar das duas comissões e está representada pelos engenheiros Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura; Marcos Dutra de Carvalho, líder especialista em pavimentação, e Fernando Cesar Crosara, gerente regional da ABCP Centro-Oeste. “A entrada da ABCP nesta comissão é um progresso incrível. Dela pode estar nascendo a solução definitiva para as rodovias brasileiras”, destaca Ronaldo Vizzoni.

Primeira etapa do CREMA restaurou 27 mil quilômetros de rodovias federais, segundo DNIT.
Trecho do Rodoanel Sul, em São Paulo; ABCP entra em comissão do DNIT para difundir pavimento em concreto.

Entrevistados
– Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)
– Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP

Currículos
Luiz Antônio Pagot
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná
Pós-graduado em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas
Oficial de operação da Marinha do Brasil
Ex-secretário de Estado de Infraestrutura do Mato Grosso
Contato: imprensa@dnit.gov.br

Ronaldo Vizzoni
Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie (SP)
Pós-graduado em Marketing Industrial pela FGV
Atualmente, é gerente da área de infraestrutura e líder do projeto de pavimentação da ABCP
Contato: ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Créditos fotos: Divulgação/DNIT/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo