Brasil projeta investimento forte em energia elétrica
Segundo prevê o Plano Decenal de Expansão de Energia, país precisa injetar R$ 214 bilhões no setor, até 2019, para suprir a demanda.
Segundo prevê o Plano Decenal de Expansão de Energia, país precisa injetar R$ 214 bilhões no setor, até 2019, para suprir a demanda
Por: Altair Santos
Em novembro de 2010, o Ministério de Minas e Energia aprovou o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), que traça um cenário do setor até 2019. Segundo o relatório elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo crescerá a uma taxa média anual de 5,4% até o final desta década. Isso significa que, entre 2011 e 2019, haverá elevação da oferta interna per capita de 2.782 kWh/hab para 4.016 kWh/hab, o que vai exigir investimento da ordem de R$ 214 bilhões em produção de energia elétrica para suprir a demanda.
Parte deste investimento refere-se a usinas já concedidas e autorizadas, enquanto os empreendimentos de geração ainda não concedidos ou não autorizados serão responsáveis por R$ 108 bilhões. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (ABRAGE), Flávio Neiva, a projeção feita no relatório aprovado pelo Ministério de Minas e Energia está de acordo com a expectativa do setor.
Ainda segundo o presidente da ABRAGE, o Plano Decenal é importante, pois esse tipo de infraestrutura, que envolve a construção de hidrelétricas, tem um período de maturação muito longo. “Ele aponta para a necessidade de consumo daqui a cinco, seis, dez anos, e define uma cesta de obras que fique pronta quando este consumo se realizar. Se a projeção for abaixo, o consumo chega e a obra não entrou. Então, a oferta tem sempre que estar equilibrada com a demanda”, diz Flávio Neiva.
Atualmente no Brasil três usinas hidrelétricas são consideradas estratégicas para suprir a demanda de energia nesta década: as em construção no Rio Madeira – Santo Antônio e Jirau -, cada uma com capacidade de gerar 3.300 megawatts, e a de Belo Monte, que já foi licitada e será erguida no Rio Xingu. Todas elas serão construídas em parceria entre o governo federal e consórcios de empresas.
Hoje, as hidrelétricas são responsáveis por 80% da geração de energia elétrica consumida no Brasil. Para o presidente da ABRAGE, dificilmente essa matriz energética deixará de ser prioritária no país. “A hidrelétrica tem custo baixo de operação e é perene para mais de 100 anos. Ela pode ter um custo alto no investimento, em relação às termoelétricas, mas é disparada muito mais econômica quando precisa cumprir sua finalidade, que é gerar energia”, afirma Flávio Neiva.
Estratégica para a construção civil
De acordo com Neiva, a energia renovável da hidrelétrica é um bem econômico importantíssimo e que dá ao Brasil um fator diferencial grande em relação às outras nações. “Muitos questionam o impacto ambiental, mas se comparado às termoelétricas ele é menor. Uma hidrelétrica não emite gases nocivos à atmosfera quando está em operação. De qualquer forma, é importante para o país investir em todas as fontes possíveis de geração de energia, sejam elas termoelétricas, nucleares, eólicas ou de biomassa. Tudo isso, aliás, o Brasil está fazendo”, cita.
No entanto, para a construção civil, nada é mais interessante do que o projeto de uma usina hidrelétrica. “Ela engloba toda a cadeia do setor, exigindo alta demanda de mão de obra, de concreto, de ferro, de aço e de engenharia hidromecânica. Enfim, é o tipo de obra que mais emprega no país quando está em construção. Curiosamente, na operação, as usinas empregam pouco, devido à automação de seus componentes”, comenta Flávio Neiva.
Hoje, com as tecnologias de construção, uma hidrelétrica de porte médio pode ser construída num prazo de três anos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), atualmente operam no país 158 usinas, que produzem um total de 74.438.695 kW. Estão em construção outras 9 usinas e 26 outorgadas ainda não saíram do papel.
Entrevistado
Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (ABRAGE)
Currículo
Graduado em engenharia elétrica na Escola de Engenharia da UFMG
Pós- graduado em Operação de Sistemas Hidrotérmicos e em Planejamento Energético de Sistemas
Desde 1999 é presidente da ABRAGE
Contato: faneiva@abrage.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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