Sobram engenheiros, faltam especialistas
Brasil tem número suficiente de graduados, mas carece de profissionais que atendam as demandas exigidas pelas empresas.
Brasil tem número suficiente de graduados, mas carece de profissionais que atendam as demandas exigidas pelas empresas
Por: Altair Santos
Na 6.ª edição de seu boletim Radar, intitulado “Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, lançada no ano passado, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) detectou que de cada 3,5 engenheiros formados no Brasil um está formalmente empregado. O ideal, segundo o estudo, é de que, com o PIB (Produto Interno Bruto) do país crescendo a taxas médias de 5%, o mercado de trabalho absorvesse um engenheiro entre dois que saem dos bancos escolares.
O relatório do IPEA conclui que o Brasil tem um número suficiente de engenheiros para dar conta dos novos postos que devem surgir com o crescimento econômico, mas é necessário que aumente a proporção de profissionais dedicados às áreas específicas da engenharia.
A avaliação vai ao encontro do que diz o diretor da Escola Politécnica de Engenharia da USP (Universidade de São Paulo), José Roberto Cardoso. Segundo ele, o que falta no mercado são profissionais especializados. “A educação continuada agora é a palavra chave. Não se pode mais parar de estudar”, alerta.
A tese do professor também coincide com a análise da diretora-executiva da empresa 4Search Consultoria, Simone Turra, que recentemente firmou parceria com o IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) para ajudar a recolocar no mercado profissionais do setor. “A falta de mão de obra na engenharia não diz respeito ao profissional que apresente simplesmente a graduação específica, mas ocorre quando falamos de cargos mais especialistas, ou mesmo de gestão, que exigem do profissional a vivência real na atividade”, diz.
Segundo a consultora, o Brasil vive um gap (vácuo) no mercado de trabalho de engenharia, por causa das décadas de 1980 e de 1990, que foram de baixa demanda para o setor. Assim, grande parte dos engenheiros formados pelo país naquela época se encaixou em outras áreas da economia, o que gerou o seguinte dilema: há, hoje, engenheiros muito jovens, recém-formados, e engenheiros mais antigos, mas que perderam o foco na especialização. “Então, a escassez de mão de obra se dá pelo fato de que o mercado procura aquele engenheiro com diferencial técnico e experiência superior a 8, 10 anos de campo, e não encontra”, cita Simone Turra.
A solução encontrada pelas empresas para suprir essa lacuna é investir na formação de jovens talentos, recém-egressos das universidades, através de programas de trainee e de estágio. Outra opção foi buscar o auxílio de consultorias especializadas em hunting, para identificar no mercado profissionais que tenham o perfil das vagas ofertadas. “O processo de hunting acaba por tornar-se a única forma de localizar o profissional adequado. Mas outro caminho para amenizar este impacto de mercado é a intensificação de planos e programas de carreira, que incluem os trabalhos de avaliação de desempenho, potencial e amplos programas de treinamento e desenvolvimento”, completa Simone Turra.
Entrevistada:
Simone Turra
Currículo:
– Diretora Executiva da 4Search Consultoria
– Psicóloga especializada em Psicologia Clínica e Recursos Humanos
– Professora Universitária, Comentarista em Rádio e TV sobre conteúdo de Recursos Humanos
Contato: simone@4search.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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