Sisau 2010 e as diretrizes pela sustentabilidade na arquitetura

As palestras do segundo dia do Sisau 2010 abordaram as questões como habitação sustentável e formas de desenvolver as cidades a partir do uso consciente do tecido urbano.

Palestras com foco nos modelos de habitação e no urbanismo das cidades

Por: Michel Mello
A busca por um mundo melhor e as 10 diretrizes para a sustentabilidade pautaram o evento

Durante o segundo dia do II Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo (Sisau 2010) a programação contou com palestras internacionais com o tema habitação na busca por um mundo melhor e 10 diretrizes pela sustentabilidade na arquitetura.

A tecnologia no combate a mudança climática

A necessidade de reduzir as emissões de CO2 norteou todo o Plano de Habitação de Copenhague, na Dinamarca. Para combater as mudanças climáticas, a ideia era ter diferentes diretrizes e parâmetros ao realizar novas obras. Renovar bairros e outras estruturas da cidade, que muitas vezes já se encontravam decadentes, era necessário envolver seus habitantes, já que a planta da cidade é da Idade Média.

Para a arquiteta dinamarquesa, Dorte Mandrup Poulsen, uma das responsáveis pela elaboração do plano de habitação de Copenhague, “foi preciso criar áreas com uma arquitetura que convidasse as pessoas a permanecer mais tempo nela. E criar parques que oferecessem atividades. Copenhague não é uma cidade densa, o que queríamos era adensar a cidade dentro dos limites urbanos, fazer com que ela se conectasse, através dessas áreas abertas”.

A arquiteta enfatizou que “a sustentabilidade é chave para os projetos e que todas as novas demandas devem ter uma base em sustentabilidade. Carbono neutro em 2025: nossa meta é reduzir as emissões de CO2 em 20%, entre os anos de 2005 e 2015. Nosso objetivo é transformar Copenhague na primeira capital neutra em emissões de CO2 até 2025”.

Construção sustentável

Com o tema: Fachadas ventiladas o arquiteto, Gastão Santos Sales, da Piratinga Arquitetos Associados destacou a gestão de resíduos, o uso e a aplicação de novos materiais e sistemas construtivos. O destaque foi a reciclagem de materiais realizada no próprio canteiro de obras. O arquiteto ainda ressaltou que durante a execução das obras o reaproveitamento é uma diretriz. “De uma das minhas últimas construções, em oito meses de obra, saiu apenas uma caçamba de material, isso por que tivemos que refazer parte da estrutura de acordo com uma sugestão do cliente. Toda a sobra de material foi reaproveitada no local”.

Habitação, densidade e mobilidade urbana

O arquiteto Bruno Moser, da Foster & Partners Architects, do Reino Unido, foi um dos palestrantes do segundo dia do evento. Com o tema habitações urbanas ele destacou a importância de planejar o desenvolvimento das cidades em vista da crescente taxa de urbanização. “Permitir acesso e mobilidade é um dos fatores que permitem a uma cidade se tornar sustentável”, afirma Moser.

Para o arquiteto inglês: “em termos de construção já está mais do que na hora de pensar em reaproveitar materiais e poupar matéria-prima. O modelo atual não é mais compatível com as necessidades humanas e isso se torna evidente dentro das cidades, com modelos já superados baseados em combustíveis fósseis, automóveis e superpopulação”.

Transitions Towns

A palestra “Cidades de Transição” (tradução livre) surge de um movimento que nasceu no Reino Unido e que procura mobilizar a sociedade a criar um design coletivo para as cidades em torno de um projeto mais sustentável.

Na palestra, o arquiteto Marcelo Todescan enfatizou a necessidade de “reunir os segmentos sociais para encontrar novas soluções às questões urgentes sobre os centros urbanos, reduzindo o uso de carros e consequentemente os combustíveis fósseis, buscando uma matriz energética limpa”.

Habitar no futuro

“É preciso construir uma nova história nas cidades. Pois do jeito que as coisas estão indo, o futuro da humanidade baseado nessas ocupações urbanas chamadas de cidades não se sustentam. Para isso, basta pensarmos em uma cidade como São Paulo. Uma megacidade que já não encontra saída para a habitação e está rodeado por uma ilha de pobreza”, defende Fabio Tokars que é jornalista e advogado.

Ele ressalta que: “para habitarmos em um futuro é preciso que sejam aplicados conceitos sustentáveis de fato e que possamos sair do discurso para a ação e isso precisa ser feito muito rapidamente”.

O urbanismo do futuro

O arquiteto Carlos Leite pensa o urbanismo de maneira responsável e inteligente. E desenvolver as cidades de modo sustentável a partir da reinvenção das cidades e o do reaproveitamento de espaços urbanos.

Ele defende que: “a cidade viva é aquela que é habitada e vivenciada por sua população. Precisamos transformar os espaços urbanos em espaços de convivência humana. E isso é o primeiro passo para o desenvolvimento sustentável”.

Sobre a cidade de São Paulo, ele argumenta: “uma ilha de riqueza cercada por um mar de pobreza, fruto de uma falta de modelo e de planejamento de ocupação urbana, que foi responsável por criar os atuais bolsões de pobreza”.

Debates

O evento terminou com um debate aberto ao público em que os palestrantes e a plateia puderam discorrer sobre temas e diretrizes que norteiam o processo de desenvolvimento sustentável na arquitetura. Para Cris Lacerda, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), “devemos ter em mente: a cidade para quem? E o que esperamos de uma cidade?”. Essas questões pretendem desenvolver um pensamento crítico no público e gerar novas ideias sobre o desenvolvimento sustentável na arquitetura.

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content


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