Financiamento habitacional garante a expansão da economia
Os fundos habitacionais ultrapassam os R$ 4 bilhões em investimentos e garantem a liderança brasileira no mercado imobiliário. Confira a matéria.
Fundos habitacionais ultrapassam os R$ 4 bilhões em investimentos e garantem a liderança brasileira no mercado imobiliário
Por: Michel Mello
O Brasil é líder em crescimento e volume de transações imobiliárias comerciais. Esse movimento de retomada, crescimento e expansão desses mercados aliado às políticas públicas de financiamento habitacional, como o Programa Minha Casa Minha Vida, e às linhas de crédito oriundas da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) colocam o país no topo do ranking.
Segundo levantamento publicado por consultores da Jones Lang LaSalle que trata de investimentos e serviços imobiliários, os volumes globais de investimento direto em imóveis comerciais foram da ordem de US$ 66 bilhões no segundo trimestre de 2010. Esse número é semelhante ao primeiro trimestre, o que demonstra um crescimento linear e consistente. Quando comparado ao volume de investimentos do mercado imobiliário registrado no ano de 2008, durante o período da crise financeira, o valor dos aportes financeiros praticamente dobra. Para os consultores, o crescimento mais forte foi registrado no Brasil, onde os volumes relativos ao segundo trimestre triplicaram em comparação com o primeiro trimestre, chegando a níveis recordes.
Isso demonstra um aumento da confiança por parte dos investidores. Enquanto os mercados se aquecem novamente, surge uma tendência diferenciada nas dinâmicas regionais. Considerando as Américas do Norte, Central e do Sul, o Brasil é líder no crescimento imobiliário. E essa retomada se deve em parte a recursos dos programas sociais como o Plano Nacional de Habitação (PlanHab) do governo federal, como o Programa Minha Casa Minha Vida, e as linhas de crédito com investimentos da ordem de R$ 50 bilhões da caderneta de poupança e R$ 19 bilhões do FGTS, até o final de 2010.
Déficit habitacional
O crescimento das metrópoles brasileiras criou cinturões de pobreza ao redor dos centros urbanos. A falta de infraestrutura em habitação é um grande paradigma a ser solucionado pelos governos de todo o mundo. A saída para a questão da habitação são investimentos públicos em financiamento habitacional. De acordo com o Órgão das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Habitação (Un-Habitat), o maior desafio para o desenvolvimento local e global no século XXI é o déficit habitacional. Por isso, a agência elabora um plano de ações bi-anual em cada região do globo.
Minha Casa Minha Vida
Para corrigir este déficit habitacional o governo federal vem ampliando as linhas de crédito e facilitando acesso de uma parcela maior da população a esse tipo de financiamento. O programa Minha Casa Minha Vida da Caixa Econômica Federal tem como objetivo garantir moradia com segurança e sustentabilidade para todos os brasileiros. Os financiamentos são definidos a partir da renda mensal familiar.
A Caixa Econômica Federal fechou o balanço do primeiro semestre de 2010 com um total de R$ 34,1 bilhões de crédito para a compra da casa própria, sendo assinalados mais de 575 mil contratos. Segundo balanço divulgado, no último dia 19 de julho, desse total R$ 16,4 bilhões foram destinados ao Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).
De acordo com o banco, o volume de recursos para o crédito habitacional, nos primeiros seis meses deste ano, representa um crescimento de 95,1% em relação ao mesmo período do ano passado e já é maior que todo o montante aplicado em moradia no ano 2008, quando foram emprestados R$ 23,3 bilhões. O número já chega a quase sete vezes ao que foi emprestado em 2003.
Fundo de Garantia
Para ter acesso aos recursos do Fundo de Garantia os trabalhadores podem utilizar o valor acumulado para compra de um imóvel residencial, desde que atendam as exigências da Caixa Econômica Federal, que é a gestora dos recursos.
O FGTS pode ser utilizado para a compra de habitações ou para a construção. O financiamento é de até 100% do valor do imóvel, com prazo de até 30 anos para pagar. A Carta de Crédito do FGTS é uma linha de financiamento que utiliza os subsídios oriundos do Fundo de Garantia. Para imóveis novos ou na planta, os empréstimos alcançaram o valor de mais de R$ 20,8 bilhões. O número de unidades financiadas chegou a 301.405 no ano de 2010. Já os recursos investidos no financiamento de imóveis usados aumentaram 39% nos primeiros seis meses do ano, com relação ao mesmo período em 2009, saltando de R$ 9,6 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
Programa de Arrendamento Residencial
O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do Ministério das Cidades, é financiado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e é executado pela Caixa Econômica Federal.
O PAR foi criado para ajudar estados e municípios a atenderem à necessidade de moradia da população de baixa renda, especificamente aquelas famílias que recebem até R$ 1.800,00 e vivem em centros urbanos. Funciona mediante construção e arrendamento de unidades residenciais, com opção de compra do imóvel ao final do período contratado.
Mercado aquecido
Linhas de créditos mais acessíveis e financiamentos com juros baixos resultam em um grande volume de crédito e um grande movimento no setor de habitação, o que coloca o Brasil à frente no segmento. Essas ações conjuntas visam dirimir o déficit habitacional em um curto período de tempo. Os mercados se aquecem. A cadeia produtiva da construção civil está a pleno funcionamento e envolve fornecedores de materiais, construtoras, incorporadoras até as vendas finais de imóveis na planta. Para dar uma ideia, o Índice de Vendas de Imóveis Novos Sobre a Oferta (VNSO) está acima da média considerada ideal na cidade de Curitiba de acordo com dados da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR).
Para o presidente da Ademi do Paraná, Gustavo Selig, “isso comprova que a procura por imóveis é superior a oferta. Este alto índice deve permanecer por mais quatro anos, dada a demanda reduzida no passado. Porém, com a estabilização do consumo o índice de vendas deve se manter entre 8% a 10%”. “Há cerca de cinco anos atrás eram raras as opções de financiamento para o comprador. Quando existiam, os critérios para se habilitar ao empréstimo eram muito rigorosos, o que dificultava a aprovação do contrato, afirma Selig.
Entrevistado
Gustavo Selig
– Presidente da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR).
– Diretor da Hestia Construções e Empreendimentos.
– Formado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC)
– Mestre em Administração de Empresas Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Email: gustavo@hestia.com.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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