Tecnologias aprimoram manutenção de pontes e viadutos

Na Road Expo 2015, presidente do IBRACON, Túlio Nogueira Bittencourt, destaca novas ferramentas que serão incorporadas na revisão da ABNT NBR 9452

Na Road Expo 2015, presidente do IBRACON, Túlio Nogueira Bittencourt, destaca novas ferramentas que serão incorporadas na revisão da ABNT NBR 9452

Por: Altair Santos

Na recente edição da Brazil Road Expo, especialistas debateram a manutenção de estruturas em concreto convencional e pré-fabricado. No encontro, o presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) Túlio Nogueira Bittencourt, destacou que atualmente há uma série de ferramentas modernas e eficientes para executar a manutenção de pontes e viadutos. Segundo o engenheiro civil, e professor da Poli-USP, há instrumentos que indicam, inclusive, quando agir na estrutura. “Com essas tecnologias, que fornecem não apenas uma visão global das estruturas, mas também elementos para uma análise local, envolvendo detalhes de juntas e ligações, é possível perceber níveis de deterioração provocada pela ação do tempo, intempéries e também das cargas às quais a ponte é submetida, além de detectar danos como trincas e fissuras”, afirma.

Modelos computacionais possibilitam análises dinâmicas entre veículos, vias e pontes

Para Túlio Nogueira Bittencourt, que palestrou no II Seminário Abcic/IBRACON de Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana, organizado pelo IBRACON em parceria com a Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), essas novas tecnologias colocam o setor diante de uma nova realidade. “Há soluções sofisticadas, baseadas em modelos computacionais e sistemas de monitoramento, que possibilitam identificar deformações e fazer análises não-lineares ou dinâmicas, inclusive calculando a interação entre veículo, via e ponte. São modelos que desenvolvem cargas móveis realistas, compatíveis com as condições reais de tráfego e, finalmente, incorporam esses resultados para melhor avaliar as condições de segurança e desempenho das estruturas, ao longo do tempo”, diz.

O presidente do IBRACON salientou, no entanto, que para se conseguir o resultado esperado pelos profissionais da área é imprescindível que se tenha parâmetros históricos sobre o uso das pontes. “Temos casos de estruturas e de pontes, das quais não se encontra sequer o projeto quanto mais um histórico com as ocorrências, as cargas e as manutenções realizadas ao longo do tempo. Ressalto, porém, que essa falta de histórico não é uma característica apenas do Brasil. Ele lembra que, em recente viagem à Alemanha, ouviu de colegas engenheiros alemães a mesma queixa sobre falta dos projetos originais”, comenta.

Julio Timermann, coordenador da revisão da ABNT NBR 9452: inspeções rotineiras em pontes e viadutos terão prazo de execução

Revisão da ABNT NBR 9452
Tanto a inclusão de novas tecnologias quanto a preservação de documentos e projetos estão contempladas na revisão da ABNT NBR 9452 – Inspeção de Pontes, Viadutos e Passarelas de Concreto. De acordo com o engenheiro civil Julio Timermann, vice-presidente do IBRACON e coordenador da Comissão de Estudos de Inspeção de Estruturas de Concreto da ABNT/CB-18, a atualização da norma técnica prioriza tipos de inspeção e critérios de classificação das obras. Aprovada consensualmente entre os envolvidos na cadeia produtiva, incluindo organismos governamentais, a NBR 9452 já está com o texto-base concluído e passa agora por formatação na ABNT para entrar em consulta pública ainda neste semestre.

Segundo Timermann, a norma revisada prevê quatro tipos de inspeção: cadastral, rotineira, especial e extraordinária. Além disso, sugere prazos para a execução das inspeções rotineiras (não superior a um ano) e especial (de cinco a oito anos, dependendo da classificação da obra). “Há ainda um anexo para a realização de inspeção subaquática, já que existem fissuras que aparecem por questões como a erosão”, aponta.

Outra mudança importante realizada no novo texto da NBR 9452 é a inclusão de critérios de classificação das obras, que considera parâmetros estruturais, funcionais e de durabilidade. A partir daí, são atribuídas notas de 1 a 5 para cada parâmetro, refletindo a maior ou menor gravidade dos problemas detectados, e classificando as obras por níveis. “Nosso objetivo é fornecer subsídios para entidades que administram rodovias, a fim de que elas realizem manutenção e inspeção de pontes de maneira eficiente e segura”, finaliza.

Entrevistados
Engenheiros civis Túlio Nogueira Bittencourt e Julio Timermann, presidente e vice-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto)
Contato: qualificacao@ibracon.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/Dnit e Brazil Road Expo

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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