Canteiro de obras sem padronização afeta produtividade

Emprego de materiais de qualidade, bons equipamentos e tecnologia da construção podem se perder se não houver organização da mão de obra

Emprego de materiais de qualidade, bons equipamentos e tecnologia da construção podem se perder se não houver organização da mão de obra

Por: Altair Santos

Engenheiro civil e doutor em produtividade na construção, com formação acadêmica na USP (Universidade de São Paulo) e na Pennsylvania State University, Ubiraci Espinelli é categórico: “Esse é o momento da produtividade no canteiro de obras”. A declaração foi dada em recente webseminário promovido pela Construmarket, onde o especialista lembrou que a situação econômica no Brasil exige procedimentos que façam a obra ganhar velocidade sem perder a qualidade. “Produtividade sempre foi importante, tanto com a economia em baixa quanto em alta. Mas agora, ela é relevante”, destaca.

Segundo Espinelli, a produtividade é influenciada por três partes da obra: o projeto, os processos construtivos e a organização. Neste item, inclui-se a mão de obra. Para o engenheiro, operários bem treinados, apoiados por uma logística que entregue o material com eficácia, contribuem com a padronização da produtividade dentro do canteiro. O procedimento ajuda a minimizar um dos índices mais preocupantes em uma obra: o homens/hora. “Um canteiro com baixa rotatividade de operários, com trabalhadores bem treinados e com o material chegando de forma correta, é um grande indutor de produtividade”, diz.

Para o especialista, a construtora precisa fazer uma avaliação criteriosa da mão de obra para obter ganhos de produtividade. Em alguns casos – ele sugere – é melhor contratar uma subempreiteira com operários treinados para um determinado serviço, do que acionar a mão de obra própria da empresa. “A interação com subempreiteiros é importante”, afirma. Ubiraci Espinelli orienta ainda que a troca de material a granel por material paletizado também gera vantagens significativas. “Ganha tempo e diminui esforços. O mesmo ocorre com o uso de gruas, mastro de concretagem, elevadores-cremalheira e braços para descer materiais. São demandas que dão grande velocidade”, completa.

Do concreto a pré-fabricados
A escolha dos processos construtivos é igualmente decisiva para se obter produtividade na obra. “É preciso definir se vai usar concreto bombeado ou se vai transportar o material em jericas. Se vai usar argamassa-farofa no contrapiso ou se vai utilizar argamassa industrializada autonivelante. É preciso se beneficiar da tecnologia para definir uma estratégia competitiva. Por exemplo, existem construtoras usando com muita eficácia as lajes pré-fabricadas. Mas não basta apenas ter como fornecedor uma boa fábrica. São importantes ações corretas no armazenamento, na logística e na instalação destas lajes”, ressalta.

Por fim, o engenheiro alerta que o projeto arquitetônico também tem grande influência na produtividade. “Se existem paredes muito pequenas, cheias de recortes, ou se há muitas estruturas em ‘U’, assim como fachadas recortadas, isso vai demandar homens/hora a mais na obra”, aponta. Com base no que palestrou no webseminário, Ubiraci Espinelli deu sua definição para produtividade. “Produtividade é fazer com que recursos (materiais, mão de obra, equipamentos e dinheiro) se transformem em produtos (casas, edifícios, aeroportos, rodovias, etc.) de forma eficiente”, ensina. “Parece simples, mas requer planejamento”, finaliza.

Entrevistado
Engenheiro civil Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor- doutor em produtividade na construção, com formação acadêmica na USP (Universidade de São Paulo) e na Pennsylvania State University

Contato
produtime@produtime.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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