Saneamento oferece oportunidades ao setor privado

Para Abdib, poder público precisa se abrir a parcerias para universalizar a distribuição de água e esgoto no Brasil.

Para Abdib, poder público precisa se abrir a parcerias para universalizar a distribuição de água e esgoto no Brasil 
Por: Altair Santos

Considerado um dos principais gargalos da infraestrutura nacional, o  setor de saneamento básico enfrenta um dilema. Ao mesmo tempo que o governo federal projeta universalizá-lo em 15 anos, há falta de recursos para tal. O alcance da meta exige que sejam investidos R$ 20 bilhões por ano, quando o máximo de recursos disponibilizados pelo poder público é de R$ 7,5 bilhões. Para complementar esse investimento, o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, sugere que empreendimentos voltados ao saneamento básico sejam compartilhados com a iniciativa privada. 

Paulo Godoy, presidente da Abdib: universalização requer investimento de R$ 20 bilhões por ano.

 

Segundo ele, só assim o país conseguirá atingir o objetivo da universalização. Godoy destaca ainda que trata-se de uma questão de vontade política, já que existe uma legislação para balizar investimentos privados no saneamento básico. “A lei 11.445/2007, que ficou conhecida como o marco regulatório do setor, tenta incentivar os municípios a buscarem a universalização a partir de diversos mecanismos já existentes de financiamento e investimento. Então, cabe às cidades decidirem o modelo de investimento”, destaca o presidente da Abdib. 

Paulo Godoy realça que as empresas privadas têm amplo interesse em investir em saneamento básico e prospectam, junto às prefeituras, negócios nesse sentido. Até por que, a lei 11.445/2007 estabeleceu um prazo para que os municípios elaborem um plano básico de saneamento, descrevendo a situação do atendimento local, as metas para oferecer o serviço para 100% da população, os investimentos necessários e as fontes de financiamento existentes. O limite vai até 31 de dezembro de 2013. “Vive-se um período de transição para o saneamento no país e o setor privado prospecta o mercado para conquistar novos contratos”, afirma Godoy. 

Para o presidente da Abdib, só o poder público não conseguirá universalizar o saneamento básico no Brasil. O problema, de acordo com ele, é que muitas cidades não contam com equipes técnicas para elaborar projetos e executar os investimentos. “O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ofereceu R$ 40 bilhões mediante a apresentação de projetos bem estruturados, mas, no geral, os recursos não conseguiram ser plenamente utilizados. Só cidades com parcerias público-privadas conseguiram se beneficiar dos recursos”, lembra Paulo Godoy.  

A Abdib entende ainda que a adoção de novos modelos de gestão na área do saneamento básico gera uma série de incentivos à cadeia produtiva da construção civil.  A associação se ampara nos números da pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, publicada há dois anos pela Fundação Getúlio Vargas, a qual mostra que a indústria de artefatos de cimento poderá ganhar um incremento mínimo de 35% na produção. Além disso, estima-se que possa ocorrer uma valorização de 18% no valor dos imóveis com a universalização da rede de esgoto. “Estamos falando de um setor com amplas oportunidades e com enorme potencial”, finaliza Paulo Godoy. 

Entrevistado
Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
Currículo
– Graduado em administração de empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie (1976), com diversos cursos de especialização no Brasil e no exterior
– Há muitos anos participa em entidades de classe. Entre elas, Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), Fórum Nacional da Construção Pesada, Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (APEOP) e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), da qual é presidente desde 2004
Contato: pgodoy@abdib.org.br / jcasadei@abdib.org.br (assessoria de imprensa) 

Créditos foto: Divulgação/Abdib 

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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