Projetos mais exigentes alavancam concreto dosado em central
Construtoras seguem tendências e querem materiais com maior durabilidade e mais resistência, seja em obras de infraestrutura ou edificações
Construtoras seguem tendências e querem materiais com maior durabilidade e mais resistência, seja em obras de infraestrutura ou edificações
Por: Altair Santos
Projetos mais exigentes, assim como normas técnicas mais detalhistas, além de novos sistemas construtivos, como o de paredes de concreto, por exemplo, têm estimulado o mercado de concreto dosado em central no Brasil. Entre 2005 e 2012, esse setor saiu de 13% para 20,7% do consumo total de cimento no país. Com a crise econômica, o volume reduziu para 19%, mas o viés é de alta, como constata recente pesquisa da E8 Inteligência – consultoria voltada para coletar informações da construção civil.
Durante a 10ª edição da Concrete Show, a engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora nacional da Comunidade da Construção, mostrou que o mercado de concreto dosado em central no Brasil ainda é dominado pelas chamadas “pequenas concreteiras”, que produzem até 100 mil m3 do material por ano. Estas empresas respondem por até 54% do que é consumido pelas obras que utilizam concreto dosado em central no país. As médias concreteiras (produção de até 500 mil m3 por ano) respondem por 31% e as grandes concreteiras (acima de 500 mil m3 por ano) ocupam 15% do mercado.
Segundo dados levantados pela E8 Inteligência, a produção de concreto dosado em central com 25 MPa a 30 MPa predomina tanto em pequenas quanto em médias e grandes concreteiras. Mas o mercado está mudando. “A tendência aponta que as construtoras têm buscado um concreto com maior durabilidade, menos sujeito a fissurações, principalmente nas obras de infraestrutura”, aponta Glécia Vieira. Já o mercado voltado para a construção de edificações tem solicitado um concreto mais fluido (autoadensável), com menor consumo de água e maior controle de qualidade.
Paredes de concreto e pavimento rígido
A pesquisa apontou que o controle tecnológico do concreto dosado em central não é uma virtude entre as pequenas concreteiras. Apenas 30% delas o fazem, e mesmo assim terceirizam o serviço, ou seja, contratam laboratoristas prestadores de serviço. Por outro lado, 67% das concreteiras médias fazem esse controle, enquanto as concreteiras grandes não só fazem 100% do controle tecnológico do material que produzem como têm laboratórios próprios.
Outra tendência verificada pelo estudo da E8 Inteligência é o crescimento do uso do concreto dosado em central nas chamadas autoconstruções, que são as obras particulares. Esse avanço se deve à urbanização das concreteiras e ao aprimoramento de equipamentos, como caminhões-betoneiras e bombas. A pesquisa aponta ainda que o mercado para o concreto dosado em central tende a crescer significativamente nos próximos 15 anos. Por dois motivos: os investimentos feitos pelas concreteiras entre 2005 e 2012 e as novas tecnologias construtivas. No caso dos empreendimentos imobiliários, as paredes de concreto moldadas in loco são uma aposta para o crescimento do concreto dosado em central.
Quanto às obras de infraestrutura, a expectativa é que o crescimento de projetos rodoviários que utilizem pavimento rígido alavanque o consumo de concreto dosado em central. “A infraestrutura, principalmente a rodoviária, apresenta perspectivas enormes para o crescimento do concreto no país. Atualmente, o Brasil possui apenas 7 mil de 203 mil quilômetros de rodovias pavimentadas com concreto, ou seja, 4%. Temos muito a evoluir, pois o material é durável, exige baixa manutenção e reduz o impacto ambiental”, avalia Ricardo Moschetti, gerente do escritório regional da ABCP, em São Paulo, durante o Concrete Show.
Entrevistados
Engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora nacional da Comunidade da Construção
Engenheiro civil Ricardo Moschetti, gerente do escritório regional da ABCP, em São Paulo
Contatos
glecia.vieira@abcp.org.br
www.comunidadedaconstrucao.com.br
ricardo.moschetti@abcp.org.br
Crédito Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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