Pavimento de concreto agrega pista de painéis solares
Coladas sobre as estradas, as faixas fabricadas com silicone policristalino podem gerar energia para cinco mil pessoas a cada quilômetro
Coladas sobre as estradas, as faixas fabricadas com silicone policristalino podem gerar energia para cinco mil pessoas a cada quilômetro
Por: Altair Santos
As rodovias com pavimento de concreto da Europa foram as escolhidas para receber uma nova tecnologia: faixas de painéis solares com 7 milímetros de espessura, fabricadas com silicone policristalino. Coladas sobre as estradas, elas podem gerar energia para cinco mil pessoas a cada quilômetro. O concreto é o material mais indicado, por refletir melhor a luz solar, ainda que o asfalto não tenha contraindicação.
A experiência começará na França, que pretende estender os painéis de silicone ao longo de mil quilômetros de rodovias. A invenção, batizada de Wattway, suporta veículos de grande porte, mas a iniciativa é o primeiro passo dado pelo governo francês para estimular a frota de carros movidos por energia elétrica.
“Há várias possibilidades, e essa de estimular uma frota de veículos limpos não pode ser descartada. Mas a prioridade é que, a cada quilômetro linear coberto pela película fotovoltaica, será possível atender cinco mil pessoas com energia elétrica”, ressalta Philippe Raffin, diretor-técnico da Colas – empresa francesa voltada à inovações na construção civil, e que desenvolveu o invento.
Raffin define a tecnologia como uma “estrada para o futuro”. Segundo o diretor da Colas, o formato de paralelepípedo das células fotovoltaicas é proposital. “Eles ajudam a integrar melhor o sistema e também interferem pouco na visibilidade dos motoristas, que estão acostumados com esse desenho na Europa”, justifica.
A invenção ganhou uma moção de apoio na COP21 – a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima -, sob a alegação de que a película de painéis solares ajudará o continente europeu a reduzir a emissão de carbono. Antes, a Colas precisa minimizar o custo das placas fotovoltaicas. Hoje, cada conjunto custa cerca de 5 mil euros.
Apoio da COP21
O peso é outro fator que coloca obstáculo na popularização do sistema. Cada conjunto de placas chega a 9 quilos, apesar da pouca espessura. “É uma tecnologia inovadora e, como tal, precisa superar processos até que se torne totalmente viável”, avalia Gaëtan Siew, presidente da comissão de cidades inteligentes da COP21.
A francesa Colas também quer intensificar os testes da película fotovoltaica em condições climáticas adversas, como chuva intensa e nevasca. “Estamos refinando a invenção, o que é natural”, reconhece o diretor de inovações da Colas, Christophe Lienard.
Outro aperfeiçoamento está relacionado à perda entre a energia captada e a efetivamente gerada. Nos primeiros testes, essa diferença variou de 6% a 10%. O objetivo é que a perda fique entre 3% e 4%, no máximo. “Não estamos falando de um sistema como o que estamos acostumados a ver nos telhados das casas. Estamos falando de algo inovador, uma membrana colada sobre a pista de concreto ou de asfalto. Não tenho dúvidas de que em uma década nossas estradas não serão mais as mesmas”, finaliza Christophe Lienard.
Entrevistados
Philippe Raffin, diretor-técnico da Colas, e Christophe Lienard, diretor de inovação da Colas (via departamento de comunicação)
Contato: communication@colas.fr
Crédito Foto: Divulgação/Colas
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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